quarta-feira, 22 de julho de 2009

Irmãozinho novo na casa! E agora?




Estava tudo tão tranqüilo em casa... Era o papai, a mamãe e o reizinho (ou rainhazinha) e, de repente, chega um “intruso” e tira todo mundo da situação normal e confortável que vigorava até então, em casa! E agora? O que ou como fazer?
Começando pelo começo: foram várias as mudanças nessa família, desde o início! Primeiro, papai e mamãe, vindos de outras famílias, se uniram e iniciaram um novo modo de vida, o que já causou um certo desconforto, por mais agradável que tenha sido. Sim, porque todos nós, mesmo que inconscientemente, rejeitamos tudo aquilo que é diferente do habitual. Resistimos a mudanças, até que se tornem parte de nós e deixem de ser “diferentes”. Pois bem, com a primeira etapa vencida, chega o reizinho, o primeiro filho – muito esperado, desejado, mas que novamente causou mudanças na família recém estruturada. Noites em claro, olho no relógio, já que o bebê tem horário para tudo, mudança de postura, responsabilidade que faz com que pareça que temos um mundo em nossos ombros...
Passada a 2ª. etapa, a de adaptação ao bebê, a de mudança de postura e hábitos dos pais, quando tudo parece estar em seu devido lugar, chega a novidade: a chegada de mais um bebê, um irmãozinho – também desejado, muito esperado, mas que causará, do mesmo modo, aquele certo desconforto, provocará readaptação de toda a família! Durante anos de convivência com pais de “primeira viagem”, tenho observado que cada vez mais a chegada desse irmãozinho tem provocado grandes preocupações aos papais e mamães! Tudo por causa do ciúme que esta criança “irá causar” no irmão mais velho! Mas... quem foi que disse que irá, necessariamente, causar ciúme?
É este o ponto: sofrimento dos pais por antecipação e, o que é pior, preocupam-se tanto, que realmente enxergam ou causam ciúme no mais velho! Parece incrível, mas é a pura verdade! Vejo pais que praticamente se sentem culpados por terem decidido ter mais um filho e causar tanto sofrimento ao mais velho!
Vejam, quando papai e mamãe se uniram e decidiram ter mais filhos, estavam decidindo a estrutura futura da família que ambos idealizaram. O que há de errado nisso? Nada! Foi planejado (ou mesmo que não tenha sido) e agora, o novo bebê é real! Ele faz parte da família! Tem tanto direito quanto o mais velho! Há atitudes que saem totalmente fora do mundo real, causando problemas ainda maiores:
· O mais velho vai à maternidade conhecer o novo irmãozinho e vê que este lhe trouxe um presente! Oras, não é porque ele também é pequeno que não sabe que um bebê não carregaria um presente de dentro da barriga da mamãe, para ele, o mais velho... Para quê fazer isso? Conhecer o novo membro da família e aceitá-lo, faz parte da vida! Não precisa de presente nenhum! É tempo de aprender que nos sentimos felizes também sem ganhar presentes, por simples prazer...
· Parentes e amigos, ao visitarem o bebezinho, levam presentes também ao mais velho. Por quê? Quando o mais velho nasceu, também ganhou os seus presentes... agora é a hora do mais novinho ganhar! Isso é normal! O mesmo ocorre em aniversários, acarretando um compromisso imenso a toda a família, tendo que presentear duas vezes, em ambos aniversários... Se a intenção for a de ensinar que sempre será assim, que sempre os dois irão receber presentes juntos, em todas as situações da vida e que caso não ganharem, podem e devem reclamar, então está tudo certo, mas se a idéia for a de criar crianças razoáveis, tolerantes, que saibam respeitar o seu momento e o do outro, então é melhor que não se comece errado!
· Há bebês que ficam literalmente em segundo plano, já que “não entendem” e então os pais dão atenção igual ou em dobro para o mais velho, praticamente ignorando o bebê na presença do mais velho. Erro muito sério, esse! Estamos ensinando ao mais velho que ele sempre terá a preferência, que o segundo não tem tanta importância assim e que quando ele, o mais velho, estiver presente, o mais novinho que se conforme com sua insignificância... É isso o que queremos? Não? Então, direitos, deveres, atenções iguais, divididas entre os dois!
· Outro dia eu vi duas irmãzinhas na rua, vestidas rigorosamente iguais, sendo de idades diferentes. Na verdade, tanto faz a idade. Gêmeas ou não, cada uma tem sua personalidade, sua beleza, seu gosto pessoal. Não se pode “unificar” as crianças! Elas são diferentes! Em idades diferentes, pior ainda! Cada uma em seu tempo, na beleza de sua própria idade, para que não se destrua a identidade e, principalmente, para que não assumam uma idade que de fato não têm!
· Mamãe foi comprar roupinha nova para a mais novinha, que cresce muito rápido e está sempre perdendo suas roupas? Então, é para ela que se compra! Se a criança mais velha não está precisando de nada novo, não se compra! Qual é o problema? Lembre-se: todo hábito que cultivarmos em nossos filhos desde pequenos, serão cobrados mais tarde!
Estou falando em justiça, em igualdade de direitos, não em unificação de comportamentos, não em culpa por ter tido mais um filho, fazendo com que os pais vivam em um verdadeiro inferno de cobranças próprias e das crianças! Não há drama nenhum nisso!
A realidade é que o novo bebê é parte integrante da família e que deve ser muito bem recebido, com todos os direitos e, posteriormente, deveres instituídos pela família! Fez algo para o mais velho, em determinada idade e agora não é possível fazer para o mais novo, ou vice-versa? Essa é a vida, as coisas mudam, não existe problema em haver diferenças desse tipo! O que precisa haver é o exercício da tolerância, aceitação, divisão de espaço, amor entre os membros da família e não um sentimento de competição, que na maioria das vezes é instigado pelos próprios pais, desde os primeiros dias do nascimento do bebê!
O ciúme, na maior parte das vezes, é potencializado pelas atitudes inadequadas dos próprios adultos. Além disso, dentro de seus limites, o ciúme, assim como a frustração, o lidar com situações novas, tudo isso é necessário para a formação dessas crianças, desde cedo! O quanto mais pudermos aproximá-los da realidade da vida, tanto melhor para eles, que estarão preparados para serem inseridos em qualquer grupo social a que venham pertencer! Além disso, criando os irmãos dentro de uma realidade possível para a família, facilitaremos que sejam amigos futuramente, quando adultos, compartilhando, vibrando um pelo outro, sendo realmente parceiros de sangue, de coração e de sentimentos! Vale a pena, garanto!

2 comentários:

  1. Esse eu posso atestar que ela sabe o que está falando! Eu e meu irmão crescemos os melhores amigos que podiam existira, somos parceiros e nunca tivemos ciúmes um do outro. Ela sempre preservou nossas diferenças - que são muitas! - e soube como nos educar. Muito obrigada, mãe! TE AMO! E adorei o artigo!

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  2. Filha querida! Você consegue me emocionar sempre! Você sabe que escrevi o artigo inteirinho pensando em vocês! Tenho mesmo o MAIOR orgulho do mundo em vê-los tão amigos, tão companheiros... Obrigada, meu amor, por isso tudo! Conseguimos formar uma família UNIDA E FELIZ, que não há o que abale!

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