quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Me desculpem os feios, mas beleza é fundamental!




Adaptando a famosa frase de Vinícius de Moraes, quero dar hoje um testemunho, fruto de pura observação da vida, utilizando o conceito de beleza interior, como sendo sim fundamental à existência humana.



Se prestarmos atenção perceberemos, cada dia mais, uma sociedade corrupta, dotada de falsa moral, egoísta, fútil, injusta e maldosa. É cada vez mais raro encontrar pessoas justas, corretas, honestas, generosas, dotadas de valores nobres, como principalmente o respeito pelo semelhante e, mais ainda, pelo “diferente”.



Como educadora, sinto-me abalada com tudo isso, pois percebo muito mais uma regressão do que evolução natural do ser humano. Pior do que isso: são esses adultos egoístas, fúteis, maldosos, superficiais, vazios e materialistas que estão por aí, criando e formando a cabecinha de nossas crianças e jovens! É a valorização do TER humano e não do SER humano!



Tenho bastante contato com a educação e a sociedade canadense, cuja formação das crianças é baseada no respeito pelo outro – praticamente disciplina obrigatória nas escolas - independente de raça, credo, idade ou classe social! Nas escolas – quase todas públicas, evidentemente, não se nota diferença de classe social, origem étnica ou religião! Aprende-se a ser tolerante e generoso desde cedo, convivendo com as diferenças, inclusive a diferença que diz respeito a crianças “especiais” (com síndrome de down, autistas ou portadoras de outros distúrbios). Crianças que crescem em meio às diferenças, aprendendo a respeitá-las, irão futuramente reproduzir o aprendido na escola e, por sua vez, criar seus filhos do mesmo modo e assim sucessivamente! Não é simples? Esse é o modo de se construir uma sociedade e não simplesmente reproduzir o que se apresenta, numa posição passiva, deixando acontecer e sofrendo mais tarde.



O mesmo ocorre no Brasil com relação a perpetuar-se, geração após geração a educação desnivelada, a falta de respeito, intolerância, a injustiça instaurada especialmente entre classes sociais, a desorganização e a lei de se levar vantagem em tudo, mesmo que signifique prejuízo ou infelicidade do outro, o hábito de julgar, apontar, acusar, a valorização do TER sobre o SER, etc. Vemos e vivenciamos pessoas infelizes que, incapazes de lutarem por seu próprio brilho, não medem esforços para tentar apagar o outro. É uma sociedade deteriorada e o pior é que vemos tudo isso, sabemos e não fazemos nada ou quase nada para alterar o rumo das coisas.



Educadores, temos a obrigação de dizer NÃO a tudo isso, a defender e a mostrar às nossas inocentes crianças que podemos ser muito mais felizes ao aplaudir a felicidade nossa e do outro! Podemos ser felizes sendo cooperativos, respeitosos, organizados, disciplinados e honestos! Honestos, no sentido amplo da palavra!



Chega de hipocrisia, chega de alimentar a discórdia, a traição, a maldade e a falta de respeito! Vamos pensar em nossa responsabilidade, enquanto formadores de opinião! Porque é que não podemos ter a mesma sociedade canadense, no que diz respeito à justiça, igualdade de oportunidades, harmonia, respeito e paz?



Se eu pudesse fazer um pedido ao Papai Noel este ano, seria esse o meu maior desejo: toneladas de beleza interior aos feios de alma e muito mais beleza e coragem àqueles realmente belos, que colaboram com a construção de uma sociedade justa e HUMANA! Bom Natal e boas reflexões a todos!

A criança, em casa, precisa de família!

São muitos os pais que frequentemente nos consultam para saber qual atitude tomar diante de seus filhos, em casa, a partir do momento que passam a freqüentar a escola. A dúvida geralmente acontece com pais de pré-escola e de séries iniciais do Ensino Fundamental. A resposta é bastante simples: “Sejam pais! Mais Nada!”

Explicando melhor: à escola e professores cabe a tarefa de ensinar, corrigir, avaliar. Aos pais cabe a tarefa de incentivar, acompanhar, gerenciar, criar ambiente favorável. Parece simples, mas não é!

No dia-a-dia da escola, enfrentamos diferentes tipos de situações: a dos pais totalmente ausentes e que consideram que a criança está na “escolinha”, que é muito pequeno para aprender,etc. Acabam, assim, minimizando a tarefa de profissionais que se dedicam àquilo que representa a base fundamental que garante os próximos anos de escolaridade da criança. Consequentemente, as crianças também não levam a sério, faltam muito, estão sempre atrasadas, não são organizadas, esquecem material em casa, não se dedicam, não fazem as tarefas com capricho, não participam da aula, brincam o tempo todo e, por fim, comprometem seu próprio aprendizado e desenvolvimento cognitivo, social e emocional.

Um outro tipo bastante comum de pais, refere-se àqueles que querem reforçar o aprendizado da criança, em casa. Escolhe atividades extra, faz perguntas que a criança não está preparada para responder fora de seu ambiente, fazendo com que se sinta insegura e colocada contra a parede. Exercícios a mais, só fazem com que a criança vá para a escola já cansada, entediada, sem vontade, sem concentração, muitas vezes pensando em tudo que gostaria de estar fazendo ao invés de estar na escola. Conclusão: a escola se torna o local da rebeldia, o local em que, longe dos olhos dos pais, pode extravasar sua energia, já que em casa ficou também estudando.

Além disso, há aqueles que fazem as tarefas pelos filhos, sob um disfarce de “estarem ajudando”. Isso é muito prejudicial, já que para o professor na escola, se a tarefa chega certinha, ele não tem como saber que a criança não estava em condições de realizá-la sozinha, evidenciando uma aprendizagem incompleta e insuficiente.

A criança precisa aprender na escola. É lá que está o especialista em educação, responsável por isso. Se não aprendeu, o bom professor precisa saber e investigar as causas da falha: se é com a classe toda, se é metodologia ou conteúdo inadequados, se há algum déficit com a criança etc. Se estiver sempre tudo certinho, é como o analgésico utilizado para baixar a febre e que, usado continuamente, pode estar mascarando uma infecção!

Bem, mas qual a saída? Como devem agir os pais? Refiro-me aos pais, mas me dirijo também aos avós ou babás; ou seja, a quem cuide da criança em casa:


• Para a realização das tarefas, garantir ambiente silencioso, bem iluminado e arejado. Confortável também, é claro!
• Demonstrar interesse e dar uma olhada na tarefa, fazer comentários e mais nada. Ajudar a ler ou interpretar um enunciado e pronto. O resto é com a criança.
• Após realizada a tarefa, checar se realmente foi feita por inteiro, se não ficou faltando nada.
• No caso de pesquisa, auxiliar na busca – dicionário, livros ou internet, mas não incentivar simplesmente cópias. Garantir que haja leitura e entendimento.
• Nas séries iniciais e principalmente na pré-escola, geralmente a lição de casa é solicitada unicamente para criar o hábito de estudo em casa ou, no máximo, para exercitar o que já foi aprendido. Normalmente essas tarefas não representam avaliação da criança. É um hábito que será repetido pelo resto da vida - tanto de estudante, quanto de profissional.

Para o dia-a-dia:

• Ler muitos e muitos livrinhos infantis, adequados à criança. O hábito de leitura começa desde cedo! Se a criança já souber e quiser ler, seja um ouvinte atento, valorize a leitura. Tenha paciência!
• Oferecer jogos e brinquedos adequados também à faixa etária e dar preferência absoluta àqueles que precisam da criança para brincar. Brinquedos que brincam sozinhos são até bonitinhos, mas não estimulam nenhuma habilidade da criança, a não ser a visual ou auditiva. Prefira os pedagógicos!
• Dançar, cantar, brincar, com músicas infantis! É divertido e extremamente educativo!
• Sugerir brincadeiras ou jogos que façam com que a criança se exercite. A vida sedentária é vista também entre as crianças, acostumadas a horas e horas em frente à TV ou vídeo game.
• Ser sempre um perguntador, um motivador que leve a criança a observar o mundo à sua volta, a tecer comentários, a resumir fatos ocorridos, etc.
• Lembrem-se: na hora dos jogos, sigam as regras. É extremamente importante que a criança aprenda a interpretar as regras e a segui-las, como se faz com o enunciado de uma questão de matemática, por exemplo!

Finalizando, papais e mamães que trabalham fora, não se culpem por não acompanharem a realização da lição de casa. Como se vê, há maneiras possíveis de se fazer presente, sem estar literalmente sentado ao lado da criança nesse momento! Aproveitem seu tempo livre! Brinquem, divirtam-se com seus filhos! É muito simples serem pais “educativos”, sem tomarem o lugar dos professores! A criança, em casa, precisa de FAMÍLIA!