quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O medo de educar um filho





Pode parecer loucura, mas é a pura verdade: medo de se educar um filho. Medo de errar, de perder o amor do filho, de ser acusado, de se sentir culpado; enfim, toda a variedade possível de “medos”.

Que tal relaxar e refletir? Uma criança, quando vem ao mundo, precisa ser adaptada a ele e à sociedade à qual pertence. Isto é fato. O mundo não se rende e nem se importa com um ser a mais. Quem chega é que se adapta – ou não.

Todos sabemos que é regra termos que nos adaptar a qualquer situação nova – por exemplo, quando chegamos a uma festa, o movimento para se integrar precisa ser nosso. Do contrário, corremos o risco de ficarmos de fora. Nós nos adaptamos para sermos bem recebidos, permanecermos na festa e, inclusive, sermos convidados novamente em outras oportunidades, passando a fazer parte do grupo.

Pois bem, voltando para a educação de nossos pequenos: o bebê é egoísta, sente-se o centro do universo e das atenções de todos, evidentemente. Ele tem necessidades fisiológicas e deseja atendê-las. Não aprendeu ainda a compartilhar, a pensar no outro, etc. É tarefa dos pais ensiná-lo. O bebê não nasce já educado! Não tem a menor idéia de organização, respeito, responsabilidade, disciplina, nada! Deseja satisfazer suas vontades e pronto. Os pais, enternecidos com aquela carinha linda de anjinho, não têm coragem de contar-lhes a verdade: o mundo NÃO gira em torno deles e as pessoas, NÃO estão todas a serviço da satisfação do bebê para quando ele quiser. Essa é a verdade. Porque não contar a eles? Porque enganá-los?

Tem hora de mamar, de tomar banho, de brincar e de dormir. Ele ainda não conta com o raciocínio lógico. Então, só nos resta dizer-lhes como é e, caso aprontem aquela choradeira (cada um defende o que é seu e ele usa a “arma” que tem: o choro!), só nos resta deixá-lo chorar, até que perceba que não vai adiantar. Caso contrário, aquele pequeno bebezinho conseguirá fazer com que a casa toda passe as noites acordadas, por exemplo, sem poder dormir de dia (como ele). Isto é real? É assim que o mundo funciona? Novamente: Porque enganá-lo?

Com a criança um pouco mais crescida, é só dar continuidade a essa forma de pensar. É hora da refeição, sentam-se todos à mesa e comem. Não se deve, por exemplo, inventar brincadeirinhas tolas para alimentá-lo. Se comer, se sentirá alimentado. Se não comer, sentirá fome, que é a conseqüência da falta de alimento. Na próxima refeição, deverá compensar a perdida. Simples.

Não há problema algum em seguir uma rotina com regras e disciplina em casa. Os pais são os únicos responsáveis por isso. Se não o fizerem, o filho será duramente cobrado no futuro. É muito mais difícil adequar o comportamento de uma criança “mal educada” depois que cresce, do que educá-la dentro dos princípios aceitos na sociedade a que pertence.

Resumindo, sugiro pensarmos da maneira mais objetiva e real possível, na hora de educar uma criança. Não se perde o amor dela por mostrar-lhe o mundo real. A criança sabe melhor do que nós discernir se está havendo ou não falta de respeito para consigo. A forma de educá-la já é um exemplo perfeito de retidão e respeito. Caso contrário, há os desvios de revolta e questionamento do filho para com os pais. Explicando melhor: é uma falta de respeito tremenda mimá-la e sujeitá-la à sociedade posteriormente. A criança sente quando os pais estão sendo firmes, mas com muito AMOR e gentileza, serenidade.

O mundo não é cor-de-rosa, não está a serviço do bebê, os outros também têm valor – não é só ele que é o melhor e mais importante do mundo para seus pais. A criança de hoje precisa, mais do que nunca, reaprender valores anteriormente engavetados, como honestidade, respeito, disciplina, fraternidade, responsabilidade, etc. Quem respeita a si próprio respeita também o outro e adquire o direito a exigir um ambiente de respeito e honestidade para si. A criança, quando ensinada, sente-se muito mais à vontade com regras, rotina, organização e respeito. Vejo isso todos os dias. O ambiente justo e sereno garante crianças saudáveis e responsáveis. A quebra das regras leva à injustiça e é a própria criança quem nos cobra!

Aliás, é muito mais provável que os pais sejam duramente julgados no futuro, se não mostrarem o mundo real ao filho desde cedo. O mimo é um atraso de vida para todos! É uma mentira estendida por anos e anos, desfeita a duras penas.

No Brasil particularmente, muito provavelmente por causa do ranço de uma educação ultrapassada e baseada na obediência pelo medo e não pelo respeito e autonomia moral, quando se fala em educação levada a sério, a maioria das pessoas se remete a essas lembranças desagradáveis e parte para o outro extremo: o da liberdade sem limites! Sou absolutamente a favor da liberdade de ação e expressão, desde que tenha sido garantida a educação e formação de valores, previamente, quando o jovem era ainda bebê/criança. Insisto em afirmar que criança educada não precisa apanhar! A que apanha, geralmente é produto de mimos da família. Sendo garantida a base sólida, o jovem estará pronto para atuar na sociedade sem nenhum problema – nem para ele e muito menos para os outros!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A criança, em casa, precisa de família!


São muitos os pais que frequentemente nos consultam para saber qual atitude tomar diante de seus filhos, em casa, a partir do momento que passam a freqüentar a escola. A dúvida geralmente acontece com pais de pré-escola e de séries iniciais do Ensino Fundamental. A resposta é bastante simples: “Sejam pais! Mais Nada!”


Explicando melhor: à escola e professores cabe a tarefa de ensinar, corrigir, avaliar. Aos pais cabe a tarefa de incentivar, acompanhar, gerenciar, criar ambiente favorável. Parece simples, mas não é!
No dia-a-dia da escola, enfrentamos diferentes tipos de situações: a dos pais totalmente ausentes e que consideram que a criança está na “escolinha”, que é muito pequeno para aprender,etc. Acabam, assim, minimizando a tarefa de profissionais que se dedicam àquilo que representa a base fundamental que garante os próximos anos de escolaridade da criança. Consequentemente, as crianças também não levam a sério, faltam muito, estão sempre atrasadas, não são organizadas, esquecem material em casa, não se dedicam, não fazem as tarefas com capricho, não participam da aula, brincam o tempo todo e, por fim, comprometem seu próprio aprendizado e desenvolvimento cognitivo, social e emocional.
Um outro tipo bastante comum de pais, refere-se àqueles que querem reforçar o aprendizado da criança, em casa. Escolhe atividades extra, faz perguntas que a criança não está preparada para responder fora de seu ambiente, fazendo com que se sinta insegura e colocada contra a parede. Exercícios a mais, só fazem com que a criança vá para a escola já cansada, entediada, sem vontade, sem concentração, muitas vezes pensando em tudo que gostaria de estar fazendo ao invés de estar na escola. Conclusão: a escola se torna o local da rebeldia, o local em que, longe dos olhos dos pais, pode extravasar sua energia, já que em casa ficou também estudando.
Além disso, há aqueles que fazem as tarefas pelos filhos, sob um disfarce de “estarem ajudando”. Isso é muito prejudicial, já que para o professor na escola, se a tarefa chega certinha, ele não tem como saber que a criança não estava em condições de realizá-la sozinha, evidenciando uma aprendizagem incompleta e insuficiente.
A criança precisa aprender na escola. É lá que está o especialista em educação, responsável por isso. Se não aprendeu, o bom professor precisa saber e investigar as causas da falha: se é com a classe toda, se é metodologia ou conteúdo inadequados, se há algum déficit com a criança etc. Se estiver sempre tudo certinho, é como o analgésico utilizado para baixar a febre e que, usado continuamente, pode estar mascarando uma infecção!
Bem, mas qual a saída? Como devem agir os pais? Refiro-me aos pais, mas me dirijo também aos avós ou babás; ou seja, a quem cuide da criança em casa:


• Para a realização das tarefas, garantir ambiente silencioso, bem iluminado e arejado. Confortável também, é claro!

• Demonstrar interesse e dar uma olhada na tarefa, fazer comentários e mais nada. Ajudar a ler ou interpretar um enunciado e pronto. O resto é com a criança.

• Após realizada a tarefa, checar se realmente foi feita por inteiro, se não ficou faltando nada.

• No caso de pesquisa, auxiliar na busca – dicionário, livros ou internet, mas não incentivar simplesmente cópias. Garantir que haja leitura e entendimento.

• Nas séries iniciais e principalmente na pré-escola, geralmente a lição de casa é solicitada unicamente para criar o hábito de estudo em casa ou, no máximo, para exercitar o que já foi aprendido. Normalmente essas tarefas não representam avaliação da criança. É um hábito que será repetido pelo resto da vida - tanto de estudante, quanto de profissional.
Para o dia-a-dia:
• Ler muitos e muitos livrinhos infantis, adequados à criança. O hábito de leitura começa desde cedo! Se a criança já souber e quiser ler, seja um ouvinte atento, valorize a leitura. Tenha paciência!

• Oferecer jogos e brinquedos adequados também à faixa etária e dar preferência absoluta àqueles que precisam da criança para brincar. Brinquedos que brincam sozinhos são até bonitinhos, mas não estimulam nenhuma habilidade da criança, a não ser a visual ou auditiva. Prefira os pedagógicos!

• Dançar, cantar, brincar, com músicas infantis! É divertido e extremamente educativo!

• Sugerir brincadeiras ou jogos que façam com que a criança se exercite. A vida sedentária é vista também entre as crianças, acostumadas a horas e horas em frente à TV ou vídeo game.

• Ser sempre um perguntador, um motivador que leve a criança a observar o mundo à sua volta, a tecer comentários, a resumir fatos ocorridos, etc.

• Lembrem-se: na hora dos jogos, sigam as regras. É extremamente importante que a criança aprenda a interpretar as regras e a segui-las, como se faz com o enunciado de uma questão de matemática, por exemplo!
Finalizando, papais e mamães que trabalham fora, não se culpem por não acompanharem a realização da lição de casa. Como se vê, há maneiras possíveis de se fazer presente, sem estar literalmente sentado ao lado da criança nesse momento! Aproveitem seu tempo livre! Brinquem, divirtam-se com seus filhos! É muito simples serem pais “educativos”, sem tomarem o lugar dos professores! A criança, em casa, precisa de FAMÍLIA!