sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O maestro



                A escola, assim como a orquestra, precisa do maestro.  Os músicos dependem dele, a platéia espera o resultado positivo e agradável do seu trabalho.  Sendo assim, como deveria o maestro da escola se preparar para a regência de sua orquestra?  E os músicos?  A platéia, de modo que possa apreciar a performance?   Há que se ter disciplina e determinação para estudar, graduar, estudar  mais e mais e praticar.  Não basta obter uma graduação para garantir uma performance de qualidade. 
                Na escola, o maestro é o Diretor e/ou Coordenador Pedagógico.  Os músicos são os professores, assistentes e todos que formam a equipe.  A música são os alunos.  A platéia são os pais.  Para que a música seja de qualidade, os músicos precisam estar em perfeita harmonia, regidos pelo maestro preparado para a função.  Desse modo, a platéia terá o maior prazer em apreciar o resultado.
                Analogias à parte detenho-me agora na questão da relação e responsabilidades do Diretor da escola.  A formação é a Pedagogia.  É o básico necessário – por lei e por fundamentação e preparo teórico básico.  Sim, básico, porque a formação não garante a eficácia.  Esta vem com a experiência, prática de sala de aula, estudos por meio de especializações que vêm com a pós-graduação, empenho, dedicação, firmeza no estabelecimento e cumprimento de objetivos – específicos e gerais.
                Cabe ao Diretor estar presente em todos os momentos da escola, seja na observação de aulas e de alunos tanto durante as aulas quanto nos horários de intervalo e passeios.  É o Diretor quem observa, avalia, orienta e checa o trabalho do professor, desde o planejamento de atividades até a execução em sala de aula e sistemas de avaliação – cognitiva, social, emocional.  É ele quem detecta possíveis problemas entre alunos e age.  É o Diretor experiente que trabalha na prevenção de problemas.  É o Diretor quem garante a sintonia do trabalho entre professor e assistente de classe.  É ele quem garante que todos os momentos da escola sejam assistidos. 
                O Diretor da escola é aquele que tem muito claro o objetivo geral final.  Ele tem a visão do todo e, por isso, trabalha no sentido de não se desviar de sua meta.  Ele sabe qual é o caminho a ser trilhado e não se desvia dele.  Evidentemente, durante o percurso, muitas vezes ele terá que tomar certas decisões momentâneas, mas sem jamais perder de vista o “ponto final”.   Se algo não vai bem, ele detecta e age!
                Não acredito no Diretor que dirige a escola de sua sala.  Também não acredito no Diretor que acumula outras funções.  Foco é o segredo!  Acredito e admiro o Diretor que vai à sala de aula, que se reúne constantemente com sua equipe, que planeja junto, que se faz presente junto a todos os envolvidos.  Admiro o Diretor que mantém a escola em uma constante, sem altos e baixos, firme e forte – sempre!   É o Diretor da escola que mantém os pais atualizados e muito bem informados sobre a vida escolar de seus filhos.  As habilidades fundamentais, portanto, são disciplina, organização, firmeza e liderança.  A simples graduação não significa nada se não colocarmos essas habilidades no pacote.
                Trabalho solitário, o do Diretor da escola.  Apesar da analogia com o maestro, o diretor trabalha praticamente no camarim, não sendo, na maioria das vezes, reconhecido.  Os créditos frequentemente são atribuídos ao resultado final e não ao trabalho de fundo, de sustentação, de base do Diretor.  Entretanto, se algo der errado, ele é prontamente lembrado...
                Reconhecimento?  É a satisfação própria da consciência de ter feito um bom trabalho.  É saber somente para si mesmo que trabalhou firme, incansavelmente, no cumprimento de seus objetivos.   Para o Diretor equilibrado, maduro e consciente, o que realmente importa é a música final, na apresentação.  Ou seja, é ter o prazer inigualável de ter garantido uma educação de qualidade aos seus pupilos, é a satisfação por ter contribuído com o desenvolvimento social, emocional e cognitivo dos alunos sob sua batuta!  É também o prazer de presenciar a satisfação da platéia!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O coração da escola



Coordenador Pedagógico, aqui chamado de “o coração da escola”.  Muitos irão pensar que estou “puxando brasa para a minha sardinha” e, de fato, estou mesmo, mas espero poder discorrer sobre o assunto de forma a fazer com que o leitor compreenda a expressão que pode ser tomada como um tanto arrogante.
Um pouco da minha história, para situar o leitor e organizar o pensamento:  estou na profissão há 30 anos.  Sou graduada em Pedagogia e, na época, a especialização do curso era Orientação Educacional ou Administração Escolar.  Optei por Orientação Educacional, apesar de, anos mais tarde, ter feito também Administração, assim como pós-graduação em Psicopedagogia e em Didática do Ensino Superior.  Pois bem, tenho para mim muito claras cada uma das diferentes funções:  orientação educacional e administração escolar.  Aí entra o Coordenador Pedagógico, uma função pouco clara, tanto para os donos das escolas e governo quanto para os pais e até mesmo para os próprios profissionais. 
O Coordenador Pedagógico é aquele que dá o tom à escola; ou seja, acompanha, orienta, interfere, avalia o trabalho docente através de participação efetiva diária na escola, seja através de reuniões individuais com os professores, ou por disciplina, série, projetos interdisciplinares, etc.  É também aquele que acompanha o desenvolvimento dos alunos através de observação presencial nas aulas, resultados estatísticos de rendimento, observações de casos individuais que necessitem de atenção redobrada, além da observação dos alunos enquanto grupo de trabalho e/ou de diversão – a hora do intervalo é excelente para observação e análise!
É o Coordenador Pedagógico que tem a visão do todo e, assim, orienta a equipe nesta ou naquela direção, ou se é o momento de mudar o rumo.  É ele quem atende aos pais e está apto a sanar dúvidas, a estabelecer parcerias com as famílias, inclusive orientando quanto ao relacionamento adequado que solidifique a parceria família/escola.
Além disso, é o Coordenador que administra eventos da escola – é ele quem decide, em conjunto com o grupo de professores quais são os eventos de relevância pedagógica, quais deverão ser internos e quais deverão ser abertos às famílias, como e quando serão as festividades, quem serão os responsáveis, etc. 
Administra também os conflitos – tanto entre alunos como entre professores!  Ele, o Coordenador, é o responsável pela imagem da escola e pelo bom andamento da mesma.  É ele quem se coloca aberto e à disposição dos pais, quem garante que as informações cheguem às famílias a contento.  É ele ainda que planeja e providencia cursos de extensão e aperfeiçoamento para a equipe docente.  Incorporando as funções do Orientador Educacional, é o Coordenador quem observa alunos com diferenças de comportamento e/ou possíveis distúrbios de aprendizagem avaliando a necessidade de orientar o professor a lidar com a situação e, caso seja necessário, de chamar a família para que também seja notificada, orientada e, em havendo necessidade, encaminhar para profissionais especializados.  Escola não é consultório.  A função é de orientar e encaminhar, se for o caso.  A escola não pode se omitir, mas deve estar também atenta para não ultrapassar seus próprios limites. 
Para tudo isso e muito mais, não basta ser simplesmente graduado em Pedagogia.  É necessário ter experiência de sala de aula e cursos de aperfeiçoamento específicos para a função.  O Coordenador Pedagógico precisa saber para poder orientar/coordenar.  Precisa saber planejar a curto e a longo prazo, precisa de conhecimento profundo em técnicas metodológicas e de avaliação, assim como estratégias práticas de ensino, liderança e coordenação de grupo – seja grupo de alunos, pais, ou professores – e, finalmente, embasamento teórico que suporte todas as suas ações.
O Coordenador Pedagógico não é (ou não deveria ser) simultaneamente “Diretor da Escola” ou Psicólogo Educacional.  E é isso exatamente que ocorre na imensa maioria das escolas:  acúmulo de funções – e nenhuma delas acaba sendo desenvolvida exatamente como deveria.  O Coordenador Pedagógico não é simplesmente um professor que demonstra certa liderança e que de repente assume uma escola inteira!
Na verdade, já adaptei um pouco as funções acima descritas, quando inseri algumas funções do Orientador Educacional às funções de Coordenador Pedagógico.  Já basta, é suficiente para um trabalho bem feito.
O Coordenador Pedagógico não é o Administrador da escola, não é o Diretor.  E nem o Secretário.  Não é ele quem se preocupa com as questões financeiras ou reuniões burocráticas com Departamentos de Ensino.  Ele trabalha atrás do palco!  Ele é o coração da escola e, para tanto, precisa se concentrar, focar em suas atribuições e SER RECONHECIDO, VALORIZADO – inclusive financeiramente.  É a figura da qual uma escola inteira depende e que, sem ele, sem o “coração”, a escola passa a funcionar mecanicamente, como se fosse respiração artificial.

Para saber mais:

domingo, 30 de setembro de 2012

Problemas de aprendizagem – soluções mágicas?



Não, infelizmente não existe mágica ou pílula milagrosa para se resolver problemas de aprendizagem e/ou comportamento.  Também, como já ouvi muitas vezes, os filhos não nascem com manual de instrução.  Qual é o caminho, então, para todos que desejam acertar, amar muito os filhos, fazê-los felizes, etc?
          Estas e outras são questões muito complexas, mas que podemos tentar abordar neste espaço, ao menos para estimular a curiosidade e o pensamento, fazendo com que possamos nos estender posteriormente.
          Antes de mais nada:  pais e mães jamais irão acertar 100%.  Não são perfeitos, ninguém o é.  São sim, cheios de amor para dar e com as melhores intenções.  Portanto, vamos trabalhar com isso, já sabendo que ninguém é perfeito, que dúvidas, erros e acertos fazem parte também do crescimento adulto.  O mais importante é a consciência de que temos muito a aprender, de que precisamos ser humildes e buscar ajuda e conhecimento – neste caso, para a educação e desenvolvimento dos filhos.  Existem fontes riquíssimas à nossa volta; basta procurar e selecionar as de qualidade, evidentemente.  Especialistas à disposição, livros, artigos, websites, vídeos, enfim, basta querer se aprofundar.  Na verdade, conforme o leitor poderá acompanhar comigo neste texto, a busca pelo conhecimento adequado é a única saída, já que realmente não existem soluções milagrosas.
          São 30 anos de profissão em contato com pais de alunos e o que observo, no geral, é que existe uma expectativa dos pais em relação aos filhos, de que estes se enquadrem aos padrões existentes.  Qualquer diferença, por menor que seja, assusta.  E assusta porque é sem dúvida muito mais fácil ser “normal”, no sentido de estar dentro da linha da normalidade da maioria.  Existem, evidentemente, padrões que servem para que tenhamos um ponto de partida.  De partida, mas não de chegada!  Seu filho é diferente?  Diferente como, quanto, como?  Muitas vezes é uma vantagem ser diferente! 
          Colocando em termos mais práticos e bastante frequentes:  pensando em uma criança de 06 anos, matriculada no 1º ano do Ensino Fundamental > uma simples dificuldade de concentração na atividade de casa, por exemplo, pode ser encarada pelos pais através de vários diferentes pontos de vista:
1)    A criança tem muitas atividades durante a semana toda, fora do horário escolar, e está exausta!  Ou imatura, despreparada. 
2)   Ele está infeliz na escola, o sistema é excessivamente rígido, não oferece oportunidade de descontração e não estimula o prazer dos alunos em aprender.  Os outros alunos podem ser mais fáceis na adaptação e submissão, mas seu filho está dando um alerta:  essa escola não me estimula!  (ele é simplesmente mais esperto!)
3)   Os pais não participam ou se interessam pela vida escolar dele.  A criança não tem estímulo em casa, pais ausentes, nada desperta prazer na criança, muito menos sua atenção, interesse ou concentração.  Ela “foge” para o DVD e vídeo game, em seu mundinho virtual e particular.  A única forma de chamar a atenção para si é dando problema na escola e assim, atraindo a atenção dos pais.
4)   A criança tem problemas de audição e/ou visão.
5)   Eliminando todas as hipóteses acima, a criança de fato apresenta dificuldades de aprendizagem e/ou atenção.
Pois bem, seja qual for o problema, recorre-se a um especialista que, sendo sério e eficiente, irá primeiramente pensar em todas as possibilidades antes de simplesmente diagnosticar a criança como portadora de distúrbios de aprendizagem.  A questão é que sendo ou não um distúrbio, a família é convidada (intimada) a participar do tratamento.  É aí que entra a frustração e desespero da maioria dos pais.  E por quê?  Simplesmente porque assumem esse convite como uma crítica, como se o especialista estivesse apontando o dedo e lhes mostrando que não são perfeitos, que precisam mudar a rotina, as atitudes, enfim, há muito trabalho para se fazer e isso incomoda!  Incomoda porque quando nos tornamos pais, desejamos a perfeição!  Queremos estar 100% certos em tudo que fazemos para e pelos nossos filhos.  Ou seja, não aceitamos críticas, mesmo as construtivas. 
Os pais, na maioria das vezes, acham que com o fato de irem ao especialista, o problema irá se resolver magicamente.  Não irá!  É fundamental a parceria!  Mesmo que tenha sido diagnosticado um distúrbio, via neuro psicólogo, os pais terão muito o que fazer em casa, para concluir o tratamento.  Em caso de não ser distúrbio, também. 
De todo modo, a família precisa entender que ela é o primeiro e mais importante referencial da criança.  É lá que o problema aparece e se resolve!  Sem melindres, sem culpas!  Nós, profissionais, precisamos tanto dessa parceria quanto da ajuda de um medicamento ou dos exames.
Voltando ao caso ilustrado acima, os pais são convidados a se aproximar da criança e, por exemplo, passarem a brincar com seus filhos, utilizando brinquedos e brincadeiras que tenham como princípio a concentração, a estratégia, a diversão!  Muito diálogo, muita leitura, música, diversão!  Sim, insisto na diversão!  É tratamento, mudança de atitude, parceria com o próprio filho, mas antes de mais nada é diversão em conjunto! 
O brinquedo não precisa necessariamente ser “pedagógico”, já que todo e qualquer brinquedo, por si só, já é pedagógico – afinal, a criança aprende brincando, experimentando, observando, se divertindo!  Seu filho gosta de carrinhos?  Sente no chão e brinque!  Desenhe uma pista no chão, construa prédios e postos de gasolina com os blocos lógicos...  Ele está enjoado dos livrinhos infantis?  Que tal incorporarem personagens improvisando fantasias, criando novas histórias a partir de uma do livrinho?  Tenha um espaço como um tanque de areia em casa, com muitos recipientes de todos os tamanhos.  Estimule-o a moldar com areia, faça massinha em casa, com farinha e água!  Mas, atenção:  o mais importante de tudo isso é o diálogo, a conversa informal durante a brincadeira.  É assim que ele irá constituir seu próprio vocabulário e organização de idéias.  Converse muito com seu filho!
À mesa, na hora das refeições, ao invés de mandá-lo ficar quieto, direcione a conversa não somente sobre acontecimentos do dia a dia, mas também sobre a comida:  de onde vem a batata, como é plantada, quantas cores diferentes ele está vendo na comida, brinque de soletrar, enfim, libere sua imaginação e participe da vida do seu filho.  Esses e muitos outros exercícios podem e devem ser feitos, independente de “tratamento”.  Lição escrita, formalidade para aprender?  Deixe isso com a escola! 
Os pais não têm ideia do quanto podem ajudar em um tratamento com essa mudança de atitude.  Novamente, insisto:  não existe pílula milagrosa.  Há que se ter paciência e persistência!  As crianças agradecem!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Comercialização da infância



Hoje, para ser mãe/pai é preciso literalmente reunir muitas posses – será mesmo?  Gostaria que o leitor pensasse comigo “porque isso está acontecendo”.  Não tenho respostas prontas, apenas observações que divido neste artigo, que recomendo também para professores e orientadores educacionais.

É certo que a criança precise dos mais variados estímulos para enriquecer e formar seu próprio universo.  Mas precisa também de experiência e criatividade!  Digo isso por reparar que me parece que os pais ficam enlouquecidos se não puderem proporcionar às crianças divertimento e entretenimento 24 horas por dia.  Não precisam!  A criança é que tem que buscar por si mesma, desde bebê.  Aos adultos cabe mostrar, exemplificar, participar e... se retirar no momento exato em que estaria começando a interferir.

Vivo em um país onde se consome muitos produtos (especialmente alimentos) industrializados, mas nem de longe se compara ao Brasil quanto ao entretenimento e diversão “comprada” das crianças.  Assim, sendo educadora, é praticamente impossível não reparar e comparar.

Criança tem que brincar na terra – não só na areia preparada – andar de bicicleta, correr atrás de borboletas, observar passarinhos, fazer comidinha com grama e galhinhos, numa panelinha de folhas de árvore, etc.  Brincar de esconde-esconde, pega-pega, bolinha de gude.  Inventar jogos e brincadeiras, regras “malucas” para seus próprios jogos.  Pular corda, correr!  Andar descalço, sentir o vento e até ser picado por formiga – tudo faz parte do mundo em que habita.  Sem medos, precauções, excesso de proteção.  


Outro dia uma menininha de 05 anos levantou um assunto que durou muito e todos (nós, adultos e ela) nos envolvemos:  “se fôssemos bem altos e conseguíssemos chegar até as nuvens, poderíamos andar nelas?” – ela só foi capaz de fazer essa pergunta por ter estado quietinha, observando, imaginando, em contato com a natureza.  Dentro de casa não se observa nuvens!  


Criança tem que se sentir um pouco sozinha para ter o estímulo de vencer a vergonha e ir procurar amigos – por si só.  Estou falando aqui de participar de suas próprias experiências, observar, socializar, construir conhecimento.  Brinquedos que brincam sozinhos ou parques temáticos são interessantes, fazem parte, mas devem ser vistos como acessórios, assim como os jogos eletrônicos.  Os maiorzinhos podem e devem construir seus próprios brinquedos – a diversão está na construção, muito mais do que na brincadeira em si!  


Também é uma gostosa brincadeira participar do que se refere ao bem-estar na casa.  Ajudar a arrumar a casa, guardar e ser responsável por seus brinquedos (e bagunça que inevitavelmente fica quando se acaba a brincadeira), ajudar a preparar seu próprio lanche, observar a transformação dos alimentos, saber de onde vêm, cultivar uma horta, mesmo que seja em um vasinho de plantas e ser responsável por regar, curtindo seu desenvolvimento.    Toda criança adora ajudar a varrer o quintal, por exemplo, ou espremer a laranja do seu próprio suco.  Tudo isso, com muita conversa, se torna de um aprendizado sem igual.  Se o adulto se der o direito de investigar o conhecimento prévio da criança, ouvir suas dúvidas e conclusões, direcionar e desenvolver o poder natural de observação da criança, isso é insubstituível.  Por exemplo, “depois de varrer o quintal, recolhermos com a pazinha e jogarmos o lixo na lata, para onde vai essa sujeira?”   É infinito o universo e a riqueza da relação adulto/criança. No caso da casa, quando o adulto permite que a criança participe, está passando a mensagem de que todos que nela vivem podem e devem colaborar para o bem estar.  É assim (ou deveria ser) na comunidade, seja ela escola, clube, casa – própria ou de amigos, etc. 


Em passeios, em casa, no carro, toda hora é hora, todo lugar é o lugar propício.  Não precisa ser unicamente em parques riquíssimos ou playgrounds com monitores – que geralmente não deixam a criança brincar no sentido literal.  Está tudo organizado, pronto, com começo, meio e fim previamente determinados.  


A mídia faz muito bem o seu trabalho e os menos avisados se envolvem e de fato chegam a se sentir culpados caso não tenham condições de proporcionar tudo que a TV, outdoors, revistas “vendem”.  Esqueçam!  Eles fazem muito bem o seu trabalho e nos levam a pensar que uma criança que não vai ao Hopi-Hari ou Disney nas férias, é como se não tivesse tido férias, assim como se não tiver o último lançamento de vídeo game ou boneca que faz até xixi “de verdade”.


Estamos falando de respeito entre as pessoas, pela natureza, por si próprio, enfim, uma gama infinita de valores que não se aprende em livros, mas especialmente na vida, no contato com o mundo.  Pense nisso na hora de comprar o próximo brinquedo de seu filho.  Pergunte-se se o mesmo estimula a imaginação, propõe desafio, desenvolve a criatividade, proporciona experiência e socialização, diálogo com os pais...  Pense nisso ao planejar as próximas férias escolares!  Professor, pense nisso ao planejar suas aulas!


Excesso de protecionismo cria robozinhos que somente reagem se o botãozinho liga/desliga for acionado.  








quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sem medo de educar



         Esta semana vivi uma situação muito interessante, que ilustra a interferência de uma mãe canadense, apropriada e eficiente na educação de sua filha de cinco para seis anos.

         Ao encontrar a amiga que já conhecia a tempos, a “Mary”, de tão feliz, começou a correr dela sem parar e sequer a cumprimentou.  Ela ria e corria e a outra ia atrás dela.  Como era de se esperar, a outra, aqui chamada de “Susy”, ficou frustrada e sem entender o que estava acontecendo.  Como reação, passou a fugir da Mary e a se esconder.  A Mary veio contar para a mãe que a Susy não queria brincar com ela.  A mãe, muito calma, disse:  “Você feriu os sentimentos dela, Mary.  Teve uma atitude rude e agora ela está se escondendo porque está triste.  Veja o que pode fazer.”

         Mary aproximou-se da amiga, fez comentários sobre os brinquedos, mas a outra ainda se escondia e mostrava tristeza ou desconfiança no olhar.  Mary insistiu com os brinquedos e a outra entendeu que agora poderiam brincar normalmente.  E assim se resolveu o dilema e elas brincaram juntas, como de costume, por horas!

         A mãe da Susy estava lá, conversando com a mãe da Mary e não houve desculpas de mãe para mãe, ninguém tocou no assunto.  Houve apenas e tão somente a interferência da mãe que, na verdade, nem foi interferência.  Foi apenas a tradução do que havia acontecido para que Mary compreendesse. 

         O que normalmente vejo é mãe se desculpando com a outra mãe e agindo de duas maneiras diferentes:  ou protegem a criança – no caso, a Mary, que corria da amiga – e inclusive iria até a outra para que brincasse com sua filha ou, por outro lado, chamaria a atenção de Mary na frente da outra mãe e amiga, o que causaria um clima tenso, a menina ficaria envergonhada, etc.

         Do modo como essa mãe agiu, ela interpretou o ocorrido, mostrou a Mary que ela havia sido rude sem maiores explicações, pois as crianças entendem muito bem o que fazem.  Interpretou também a reação da outra e deixou claro que ela, Mary, é que deveria resolver.  Deu-lhe a compreensão e as ferramentas para “consertar” a situação.  O resultado não poderia ter sido outro:  linguagem de criança é simples, direta e objetiva.  Tudo resolvido, sem drama, sem culpas e com imenso aprendizado!

         Além da história que fala por si, quero enfatizar que precisamos perder o hábito do “sermão”, que na maioria das vezes é absolutamente desnecessário e cansativo, além de mudar ou se perder no foco daquilo que realmente é importante que seja tratado.  A mãe em questão falou baixo, tranquila, mas de forma direta e objetiva, sem medo de educar!  Assim devem agir os pais e educadores – sempre e em todas as oportunidades.     

         Fundamentando o acima exposto, acrescento parte do estudo de Jean Piaget, relacionado às fases do desenvolvimento humano:  “... Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. Além disso, conforme pontua La Taille (1992:17) se no período pré-operatório a criança ainda não havia adquirido a capacidade de reversibilidade, i.e., "a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de conservação da quantidade quando se transvaza o conteúdo de um copo A para outro B, de diâmetro menor)", tal reversibilidade será construída ao longo dos estágios operatório concreto e formal... “  em trabalho publicado por Márcia Regina Terra, acessível em http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm

            A criança em questão está claramente passando do estágio pré-operatório para o estágio das operações concretas.  Para tanto, recebe constantemente o retorno, o espelho de um adulto que a faz pensar e construir suas próprias soluções morais.  Ela ainda não está autônoma e, por isso, necessita de ajuda (por ser heterônoma) para que faça suas próprias escolhas.  Note-se que a mãe não soluciona para ela; apenas age com naturalidade e a conduz ao comportamento apropriado.

         Existe uma falsa concepção com relação às interferências adequadas, o que resulta em medo de errar e de educar.  Conforme Yves de La Taille (em “Limites, três dimensões educacionais”), para que o ser humano alcance a autonomia precisa antes ter passado pela heteronomia – ou seja, pressupõe-se que os adultos contem às crianças quais são as regras do jogo, o que se espera delas nesse mundo do qual fazem parte.  Sem medo, sem drama e com confiança.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Conversa “ao pé do ouvido” com os pais


                Às vezes me pergunto “quando foi que os pais se perderam, na educação dos filhos?”  Sim, porque tenho observado famílias à minha volta e fico realmente surpresa com certas dúvidas, medos, ansiedades, preocupações que não aconteciam há anos atrás. 

Estou na educação há mais de 20 anos e observo uma grande diferença no comportamento dos pais com relação aos filhos.  Parece que temem tudo, temem seus próprios filhos!   As crianças, por sua vez, são levadas a amadurecer cada vez mais cedo, mas curiosamente somente no que diz respeito a direitos e vantagens.  De resto, são tratadas como bebês ou incapazes.  Não estou sendo dura.  Estou sendo realista!  Isso, sem falar na inversão de valores, na falta de respeito, etc.

Gostaria de me fazer ouvir e dizer aos pais para pensarem profundamente no tipo de adulto que estão colocando no Mundo.  O bebê, ao nascer, ao se tornar membro de uma família, se torna também membro de uma sociedade e os pais são os responsáveis por isso.  Tudo, absolutamente tudo que for feito (ou não) com a criança, terá reflexo no futuro.  Óbvio?  Pois é, mas poucos têm essa consciência.  Sendo assim, resolvi colocar alguns tópicos para que cada um possa se questionar e tirar suas próprias conclusões.  Observem que estou me referindo a crianças de até 6 ou 7 anos de idade:

·         Criança tem que ser criança, tem que ser infantil.  Ou seja, maquiagem e sapato de saltinho é para a mamãe e não para a filhinha; 

·         A criança deve se adaptar à família, às regras e costumes existentes antes de sua chegada; ou seja, a autoridade precisa ser dos pais;

·         Acordos e regras devem ser previamente estabelecidas e cumpridas.  Jamais prometa o que não pretende cumprir (tanto para prêmios quanto para punições).  A troca constante das regras do jogo causa ansiedade e insegurança, além de ser desleal;

·         Use sempre um tom de voz respeitável.  Lembre-se:  gritos são para os que não têm argumento.

·         Birras devem ser ignoradas.  Só se permita conversar com a criança quando ela se portar de maneira sociável e respeitosa.  Simplesmente ignore e aguarde até que ela se acalme.

·         Ensine seu filho também a perder no jogo, a revisar estratégias para vencer na próxima vez e inclusive para admitir a superioridade do que ganhou, se for o caso.  Não se ganha sempre, na vida.

·         Gentileza gera gentileza, assim como educação, cooperação e respeito – por si e pelo outro.  Isso se aprende no berço!  “Por favor, obrigado, com licença” jamais estiveram fora de moda;

·          Se a escola estiver desrespeitando o desenvolvimento natural de seu filho, não pense duas vezes:  AJA! 

·         O aprendizado está intimamente ligado ao prazer em aprender, em descobrir, em participar.  Excesso de tarefas e lições de casa servem somente para criar repugnância por aquilo que deveria ser agente de satisfação e orgulho para a criança. 

·         A criança tem o direito (e a necessidade) de brincar.  Saiba temperar isso e, caso a escola exceda o limite, os pais têm a obrigação de se pronunciar;

·         Não superestime a tecnologia.  Criança precisa construir, aprender a brincar, a explorar e analisar, a exercitar a capacidade de atenção, além de liberar a criatividade!  Brinquedos de construção e raciocínio são fundamentais!  Novamente, saiba “temperar” o tempo de cada coisa.

·         Leia diariamente para seu filho, mostre a ele o mundo maravilhoso que existe dentro dos livros!  Converse sobre a leitura, explore, OUÇA o que ele tem a dizer!  Ninguém aprende a escrever sem antes ter sido envolvido pela paixão pela leitura!

·         Aniversário também existe fora do Buffet com milhões de brinquedos e monitores.  Ainda se pode brincar em casa com os amigos e comemorar o aniversário.  Já vi pais que se não puderem fazer  festa em Buffet, se sentem como se o filho não estivesse aniversariando. 

·         Todo e qualquer vício é prejudicial, seja ele com tecnologia, festas, roupas, brinquedos, passeios, etc.  A vida é dinâmica e as coisas podem ser diferentes – e não há mal nenhum nisso.

·         Divirta-se muito com seu filho, brinque, ensine-o a brincar!  Estimule-o com perguntas, faça-o pensar, não dê respostas prontas, mostre interesse e orgulho em sua evolução!  A criança precisa muito da aprovação a satisfação dos pais;

·         Não se apresse em colocar a criança na escola.  A vida familiar, nos primeiros anos de vida, é essencial para a sedimentação dos hábitos e costumes;

·         Mimo estraga.  Frustração, assim como joelho ralado, faz crescer, acredite!

·         Informe-se!  Leia o que puder sobre educação infantil.  Não é tão difícil assim.  Relaxe e realmente aproveite a vida com seu filho;

·         Gosto muito do que diz Yves de La Taille:  o ser humano, para ser autônomo (independente), precisa antes ter sido heterônomo (dependente de um adulto que lhe conte como são as coisas, o que pode e não pode, como se faz, quando e com quem).  Por isso, não se sinta culpado ao contar as regras do jogo para seu filho.  Alguém tem que fazer isso!

Espero ter conseguido levantar aqui algumas das principais preocupações dos pais.  Coloco-me à disposição para conversar e esclarecer estes ou outros itens que se façam necessários.

Não se perca com a maternidade/paternidade!  ENCONTRE-SE!




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Com calma e serenidade se vai ao longe!


Quem me conhece bem, irá certamente estranhar o título deste artigo, mas juro que é sincero e que funciona – por experiência própria!

Tenho vivido e convivido em meio a Canadenses há alguns anos e a conclusão a que chego e que tento me reeducar constantemente é essa:  Calma!  As coisas se ajeitam, as soluções sempre aparecem!  Não sei por que – e deve haver alguma explicação histórica – mas nós, brasileiros, somos muito afobados!  Não damos tempo ao tempo, não fomos educados a analisar a situação, a deixar que o “cosmos” traga respostas que, quase sempre, estão evidentes.  Somos divertidos, é verdade, ativos e dinâmicos, mas nos atropelamos na maior parte do tempo. 

Falando em educação, não fomos ensinados a aplicar o pensamento científico em nossas próprias vidas; ou seja:  fazer previsão / observar / analisar / experienciar / planejar e re-planejar / avaliar e concluir.  Tiramos conclusões já no primeiro passo!

Trazendo isso para a experiência na direção e coordenação de escolas por 25 anos, gostaria muito de poder transmitir essa mensagem aos profissionais que estão iniciando carreira:  Não se afobem!

Não atropelem professores – ao invés disso, façam o que eles não conseguem fazer por si próprios:  observem o trabalho, analisem e orientem!  É essa a função da coordenação pedagógica. 

Não atropelem as crianças – ouçam-nas!  Observem e analisem os alunos de sua escola nos mais variados momentos.  Muitas respostas vêm deles mesmos.

Não atropelem os pais – encontrem tempo para estarem disponíveis.  Invistam seu tempo na informação de pais e na prática de ouvi-los.  É difícil?  Sei disso muito bem, mas é necessário.  A maioria dos conflitos entre família e escola acontece por falta de comunicação e, inclusive, falta de informação.  Lembrem-se: os pais não são especialistas em educação, não têm bola de cristal.  É papel da escola ajudar na construção dessa ponte de aproximação.

Perdoem-se!  Sim, é isso mesmo!  Não sabemos todas as respostas, não somos perfeitos, mas tenham sempre a consciência tranqüila de que estão pesquisando, estudando, se informando o suficiente. 

Ninguém nasceu sabendo, ninguém se torna especialista por osmose.  Estude!  Faça cursos e mais cursos, leia muito, tudo que puder, para aprender!  Fale com colegas, se abra, troque experiências, seja ativo de forma positiva, sem atropelar ninguém e nem a si mesmo.  Novamente, sei que é difícil, mas a gente sobrevive, eu garanto! 

Início de aulas, pais ansiosos e inseguros, crianças amedrontadas e chorosas, professores que parecem ter esquecido todo o planejamento inicial de adaptação...  Sim, é assim o início do ano, desde que o Mundo é Mundo!  Sempre foi e sempre será e você, colega Coordenador, deve estar preparado – ao menos você.  Alguém tem que manter o equilíbrio, já que todos os outros envolvidos estão desbalanceados.  Você, Coordenador ou Diretor, não tem o direito de perder o fio da meada.  Faz parte do pacote que vem com a profissão.  Não inverta papéis.  Seu papel é o de estar sobrevoando, observando, acalmando, dando segurança a todos, avaliando e propondo estratégias e soluções.

Um termômetro?  Você tem terminado seu dia descabelado, transpirando e sem conseguir sequer resumir como foi seu dia?  Sinal vermelho!  É hora de respirar fundo e rever seus conceitos.  Professores, alunos e pais não precisam, literalmente, de mais uma pessoa afobada, nervosa, cansada e insegura.  Eles todos precisam da mão firme do Coordenador pedagógico, aquele que, mesmo sem ter todas as soluções e explicações, encoraja, apóia, divide e compreende.

A todos os meus colegas Diretores/Coordenadores, bom início de ano – com muita serenidade!

Coloco-me à disposição de todos para grupos de discussão, bate-papo e orientação através da nossa página no Facebook http://www.facebook.com/#!/pages/Home-Quarter-International-Educational-Consulting/185849001479658 (Home Quarter International - Educational Consulting).  Eu e o Jim Leary teremos imenso prazer de elaborar um trabalho com vocês.




quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

“A política do pão e circo na educação e na vida”

                Surgiu na Roma Antiga com os “jogos” entre gladiadores e distribuição de pão aos desempregados e, acredite ou não, é a política predominante na maioria das situações do nosso dia-a-dia.  Esta é a maneira mais fácil de manter o poder, distraindo-se as massas, mantendo-as razoavelmente entretidas e alimentadas - sem pensamento crítico, independência, questionamento ou revolta.

                É comum conversar com pessoas de qualquer idade – principalmente das classes ditas desfavorecidas – e notarmos que o mais longe que vão com seus sonhos é o de colocarem comida na mesa e reservarem alguns trocados para uma diversão ocasional.  Entretanto, no resto do tempo, satisfazem-se com a diversão proporcionada pela mídia, joguinhos de celulares bastante acessíveis, churrasquinho despretensioso etc.  É a política do pão e circo!  Necessidades básicas (pobremente) satisfeitas, para quê pensar a respeito? 

                Quantas vezes presenciamos pais distraindo as crianças, satisfazendo suas vontades, para encerrarem uma discussão ou não darem maiores explicações sobre o que quer que seja?  Educadores agem assim, também.  “Vai reclamar de quê?  Tem boa comida e diversão...”

                Assim, nas próprias escolas não se educa para a independência – de pensamentos e atitudes.  Somos uma civilização de dependentes – e passivos.  Pior:  egoístas!  Sim, porque desde que nosso pão e diversão estejam garantidos, não damos a mínima para o outro.

                O pensamento crítico e a lógica científica se desenvolvem desde os primeiros anos – na escola e na família.  É preciso que se respeite a capacidade do ser humano.  No Brasil ainda usamos muito a capa de “super-protetores” – o que, na verdade, é a reprodução da sociedade brasileira desde sempre:  manter o controle sobre criaturas não pensantes, dependentes, amedrontadas e egoístas!

                Tudo à nossa volta é construído e organizado de modo a fazer com que todos se comportem de maneira bastante semelhante e prevista.  Não se tem educado o povo a ser independente e, portanto, caso haja liberdade, não saberá usar.   Liberdade precisa ser trabalhada e exercitada.  Não podemos confundir com libertinagem e irresponsabilidade.

                É preciso que educadores e pais se conscientizem de que a super proteção nada mais é do que a manutenção do controle.   Entretanto, segundo Yves de La Taille, ninguém se torna autônomo (independente de ações e pensamentos) sem ter sido antes heterônomo (dependente de regras e ensinamentos).  Em outras palavras:  a criança não nasce sabendo.  Alguém precisa dizer-lhe como se comportar, mas sempre sendo direcionada  a raciocinar sobre fatos e atitudes.  Aí está o grande problema:  o que presenciamos são pais e/ou professores que ou super protegem ou deliberadamente “largam”.  Temos então crianças, adolescentes, jovens e adultos que - ou são dependentes, passivos, inertes, ou se acham os donos do mundo, agindo como se todos existissem para seu bel prazer.  Fazem o que querem, a hora que querem e permanecem impunes. 

                É neste ponto que devemos ser muito cuidadosos, pois não podemos, de forma alguma, permitir que nossas pequenas crianças se tornem “imperadores” da casa – mandando e desmandando, não respeitando família e escola, etc.  Lembrem-se:  até se atingir a autonomia, é necessário passar pela heteronomia.  Mal criação e falta de respeito não é liberdade de expressão!

                A educação para a independência e exercício da liberdade se torna cada vez mais urgente!  Não podemos mais continuar reproduzindo seres que não percebem o quanto são “distraídos” pela política do pão e circo.  Exagero?  Vamos pensar em algumas situações:

·         O adolescente que se satisfaz com jogos de vídeo game dia e noite, sai para a balada, bebe, se diverte, tem dinheiro no bolso > ele tem tempo para questionar escola/pais?  Tem interesse?  Não!  Suas necessidades imediatas estão satisfeitas.  Aceita o que vier da escola, finge que aprende, mas na verdade não precisa ter o menor interesse, já que a vida que lhe satisfaz está fora dos muros escolares.  Não aprende a participar da comunidade à qual pertence, seja família, escola ou cidade, país.

·         Quantas esposas infelizes são mantidas por maridos que lhe garantem “pão e circo” na forma de cabeleireiras e Shopping Centers?  Elas não questionam, estão “felizes” ...  e o poder está garantido!

·         Bem básico:  a criança faz birra e os pais oferecem sorvete, distraem-na com um joguinho, um brinquedo e “não se fala mais nisso”.  Pronto.  É o início.  Daí prá frente, desde que ela (a criança) se sinta satisfeita em seus prazeres, não se importa, não questiona, não participa!

·         Séc. XXI e nosso governo ainda compra votos por meio de cestas básicas e patrocínio de shows (pão e circo).  Mesmo para as classes ditas mais esclarecidas, será que não é a mesma manipulação, mas com cara diferente?   

Já é tempo de parar e repensar a educação que queremos para as futuras gerações!  Chega de nos satisfazermos apenas com pão e circo! 

Já é tempo de clamarmos por nossa verdadeira liberdade de expressão e ação!   Já é tempo de termos jovens das escolas públicas da periferia sonhando com uma vida melhor, que vá além da cesta básica e bolsa família!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Custo/Benefício no Treinamento de Professores



Uma pesquisa sugere que um dos maiores investimentos que um negócio pode ter é no treinamento de seus funcionários e por razões óbvias, já que garante atualização constante e, consequentemente, aumento na qualidade do serviço prestado.  Um negócio que investe em treinamento demonstra ao seu público o quanto leva a sério a qualidade do seu produto e serviço que presta (...)

Treinamento pode ser caro e o retorno pode não ser notado imediatamente; então, é importante saber se o treinamento resulta de forma positiva como planejado e se o custo refletirá literalmente no benefício da empresa (...)  Quais são então algumas das opções para o negócio de educação?

Congresso

O Congresso é um grande investimento, já que supõe que se envie vários professores do seu local de trabalho para outra cidade.  Além disso, o Congresso é planejado para atender às necessidades gerais da equipe presente – o que nem sempre acontece, pois são professores de diferentes localidades e realidades.  O custo envolve transporte, estadia, alimentação, além do custo dos treinadores propriamente ditos.  Um Congresso pode representar um grande investimento financeiro em treinamento, o qual pode representar um retorno pequeno efetivo à escola (...)

Um grande Congresso pode ser mais efetivo caso os professores tenham a opção de escolha de cursos e/ou palestras que atendam especificamente a suas necessidades e da escola.  Pode ser também interessante para introduzir tópicos gerais para um grande público, mas definitivamente não será algo dirigido específica e particularmente a cada escola – torna-se então um investimento alto em face ao benefício imediato.

Treinamento localizado

O Treinamento localizado – e personalizado – tem se tornado muito mais atraente e compensador para escolas por diversas razões:

1.      Sai, em média, 30% mais econômico, uma vez que a locomoção e demais despesas é apenas do treinador e não de um grupo de professores.

2.      É desenhado especificamente para a escola a partir das informações fornecidas pela mesma, o que torna o treinamento muito mais significativo, importante e realmente efetivo e com resultados imediatos.

3.      O treinamento localizado no local de trabalho propicia uma conexão muito mais significativa, tanto para o treinador, quanto para a equipe.

4.      Há aumento na capacidade de locomoção e acomodação ao local de trabalho.

5.      O local de trabalho desenvolve a cultura de aprendizagem e renovação.

6.      A consulta no local de trabalho e assistência prática é uma opção no treinamento localizado além de providenciar um incentivo adicional  e suporte para implementação do que é aprendido através do treinamento.  Ou seja, todos (treinadores e professores) se sentem comprometidos e envolvidos.

Treinamento localizado tem se demonstrado eficaz especialmente quando a escola está ativamente envolvida no planejamento do treinamento, necessidades e expectativas.  http://eric.ed.gov/ERICWebPortal/search/detailmini.jsp?_nfpb=true&_&ERICExtSearch_SearchValue_0=ED231788&ERICExtSearch_SearchType_0=no&accno=ED231788

Então, como a escola faz para ter custo efetivo e eficiente no treinamento localizado para toda a equipe?  O passo mais importante é contratar uma agência educacional confiável que providenciará o seguinte:

1.      Consultar a escola sobre as necessidades de treinamento e montar um programa que se encaixe e vá ao encontro dessas necessidades específicas.  Treinamentos prontos e acabados, tidos como “padrão”, muitas vezes ficam muito aquém das necessidades dos profissionais, representando perda de tempo e de dinheiro.  Em um treinamento a escola deve obter o que necessita e não o que o treinador imagina que deva ser.

2.      Explicar em detalhes os custos sem surpresas desagradáveis no final ou despesas irracionais.

3.      Acompanhar o treinamento na escola para dar assistência na implementação efetiva do que foi aprendido durante o treinamento pelos professores.  Uma boa agência educacional irá garantir e se colocar à disposição para apoio e esclarecimento de dúvidas posteriores que por ventura surjam após o período do treinamento.

4.      Estar preparada para ajustar os planos do treinamento de acordo com as necessidades que surjam antes ou mesmo durante o período de trabalho.

Variações

Nunca haverá uma única resposta para suas necessidades de treinamento.  Às vezes, enviar professores a um Congresso geral e longe da escola é necessário e desejado.  Às vezes, sua necessidade irá requerer um treinamento localizado no local de trabalho, onde a equipe necessita de treinamento específico, além de desenvolver uma comunidade de aprendizagem na escola.  Outras vezes um “mini congresso” é uma boa opção e acontece quando várias escolas próximas se reúnem e colaboram, não só para planejar o treinamento que atenda às necessidades de todos, mas também para dividirem custos e poderem incluir ainda mais profissionais.  O melhor treinamento de equipe é aquele controlado e dirigido pela própria escola.  Uma escola no controle de seu próprio programa de treinamento constrói o caminho para renovação e crescimento contínuo. 

Home Quarter International tem mais de 30 anos de experiência no planejamento cooperativo e prestação de serviço que justifique o investimento no Brasil, Canadá, Caribe e Oriente Médio.

Contate Giselle ou Jim para discutir suas necessidades em treinamento escolar. Estamos no facebook – página do Home Quarter International ou pelo email:  gisellefernandes2@hotmail.com , learyjim@hotmail.com

Texto original:

Cost Effective Teacher Training Research suggests that one of the greatest investments a business can make is in the training of its employees. Training ensures that employees have current skills to conduct their duties. A business that invests in training demonstrates to its public that it is serious about the quality of the product and service it delivers. An investment in Human Resource development is important to a business’ success. In education the importance of effective training is critical since a school’s reputation rests on the quality of its teachers.

Training can be expensive and the returns on an investment in training may not be seen immediately so it is sometimes difficult to determine if training has been as successful as planned and whether money has been well spent.

The difficulty is making training investment effective and cost efficient. The school is spends valuable financial and human resources, often on training over which it has little control or input. What then are some training options for educational businesses?

The Congress

The congress is a large investment usually to send teachers away from their work place to another city for training. Since the congress is designed to meet the needs of many teachers from many different schools and levels it usually consists of offering the teachers a choice of topics from which to choose. The cost of a congress includes transportation, food and hotel for the teacher as well as the shared cost for the congress trainers. This expense can be considerable if many teachers are sent from one school. In addition the school has no or little control over the content of the congress and cannot have the congress designed to the needs of the school. A congress can be a large financial investment in a training exercise which may have little return to the school.

The large congress may be very effective when teachers have a choice of sessions to attend where they may learn skills which they can apply once returning to the school. The congress may also be effective in introducing general topics to a large audience. A congress may not be the most effective means of providing specialized and school specific training......a very expensive means.

Site Based Training

Site based training is a training option which is becoming more attractive to schools for several reasons:

1. It is much less expensive; at times only 30% of the cost of sending teachers to a congress because there are no transportation, accommodation or restaurant meal costs for participants.

2. It is designed specifically for the school with input from the school making the training more meaningful and important and supportive of the school’s mission and vision.

3. The training is done in the workplace/school so there is a connection between training and work. The training ‘sticks’

4. There is an increased capacity for transfer of training to the workplace since the training takes place in the workplace.

5. The workplace develops a culture of lifelong learning and renewal since teachers learn and are renewed in their workplace and not at some ‘getaway’

6. On site consultation and ‘hands on classroom assistance’ is an option with onsite training thus providing an additional incentive and support to implementation of what is learned through training.

Site based training has demonstrated itself effective especially when the school is actively involved in the planning of the training and demanding in what it expects from the training consultants/trainers. http://eric.ed.gov/ERICWebPortal/search/detailmini.jsp?_nfpb=true&_&ERICExtSearch_SearchValue_0=ED231788&ERICExtSearch_SearchType_0=no&accno=ED231788

So, how does a school go about arranging cost effective and efficient site based training for the entire staff? The most important step is to contract a trusted training agency that will do the following for you;

1. Consult with you about your training needs and design a program that fits your school. A good training agency will consult with you and plan a program collaboratively rather than delivering ‘training in a box’ where you get what the trainer has planned for you rather than with you. You are paying for a training product therefore you should expect what you need rather than what the trainer thinks you need.

2. Explain in detail the cost to you with no hidden fees or surprise expenses or expenses which are unreasonable.

3. Follow up on the training in your school to assist you in the effective implementation of what is learned in the training by teachers. A good training agency will provide support to your school beyond the actual training session

4. Be prepared to adjust training plans and services according to your changing needs.

Variations

There is never only one answer to your training needs. Sometimes sending teachers to a congress away from the school is what is desired. Sometimes your need will demand intensive ‘on-site’ training in the workplace where staff request or require very specific training as a team thereby developing a learning community in the school. Yet other times a ‘mini congress’ is a good option where several neighbouring schools collaborate to design a training program to meet common needs with minimal cost and encouraging cooperation between schools so they may support each other. The best staff training is the training which is controlled and directed by the school. A school in control of its own training program has built the highway to renewal and continued growth.

Home Quarter International has over 30 years of experience in collaborative design and delivery of cost effective custom training in Canada, Brasil, Caribbean and Middle East.

Contact Giselle or Jim to discuss your custom designed training needs. We are on facebook at Home Quarter International or can be reached through email at :  gisellefernandes2@hotmail.com , learyjim@hotmail.com