Coordenador Pedagógico, aqui chamado de “o coração da escola”. Muitos irão pensar que estou “puxando brasa
para a minha sardinha” e, de fato, estou mesmo, mas espero poder discorrer
sobre o assunto de forma a fazer com que o leitor compreenda a expressão que
pode ser tomada como um tanto arrogante.
Um pouco da minha história, para situar o leitor e organizar
o pensamento: estou na profissão há 30
anos. Sou graduada em Pedagogia e, na
época, a especialização do curso era Orientação Educacional ou Administração
Escolar. Optei por Orientação
Educacional, apesar de, anos mais tarde, ter feito também Administração, assim
como pós-graduação em Psicopedagogia e em Didática do Ensino Superior. Pois bem, tenho para mim muito claras cada
uma das diferentes funções: orientação
educacional e administração escolar. Aí
entra o Coordenador Pedagógico, uma função pouco clara, tanto para os donos das
escolas e governo quanto para os pais e até mesmo para os próprios
profissionais.
O Coordenador Pedagógico é aquele que dá o tom à escola; ou
seja, acompanha, orienta, interfere, avalia o trabalho docente através de
participação efetiva diária na escola, seja através de reuniões individuais com
os professores, ou por disciplina, série, projetos interdisciplinares,
etc. É também aquele que acompanha o
desenvolvimento dos alunos através de observação presencial nas aulas,
resultados estatísticos de rendimento, observações de casos individuais que
necessitem de atenção redobrada, além da observação dos alunos enquanto grupo
de trabalho e/ou de diversão – a hora do intervalo é excelente para observação
e análise!
É o Coordenador Pedagógico que tem a visão do todo e, assim,
orienta a equipe nesta ou naquela direção, ou se é o momento de mudar o
rumo. É ele quem atende aos pais e está
apto a sanar dúvidas, a estabelecer parcerias com as famílias, inclusive
orientando quanto ao relacionamento adequado que solidifique a parceria
família/escola.
Além disso, é o Coordenador que administra eventos da escola –
é ele quem decide, em conjunto com o grupo de professores quais são os eventos
de relevância pedagógica, quais deverão ser internos e quais deverão ser
abertos às famílias, como e quando serão as festividades, quem serão os
responsáveis, etc.
Administra também os conflitos – tanto entre alunos como
entre professores! Ele, o Coordenador, é
o responsável pela imagem da escola e pelo bom andamento da mesma. É ele quem se coloca aberto e à disposição
dos pais, quem garante que as informações cheguem às famílias a contento. É ele ainda que planeja e providencia cursos
de extensão e aperfeiçoamento para a equipe docente. Incorporando as funções do Orientador
Educacional, é o Coordenador quem observa alunos com diferenças de
comportamento e/ou possíveis distúrbios de aprendizagem avaliando a necessidade
de orientar o professor a lidar com a situação e, caso seja necessário, de
chamar a família para que também seja notificada, orientada e, em havendo
necessidade, encaminhar para profissionais especializados. Escola não é consultório. A função é de orientar e encaminhar, se for o
caso. A escola não pode se omitir, mas
deve estar também atenta para não ultrapassar seus próprios limites.
Para tudo isso e muito mais, não basta ser simplesmente
graduado em Pedagogia. É necessário ter
experiência de sala de aula e cursos de aperfeiçoamento específicos para a
função. O Coordenador Pedagógico precisa
saber para poder orientar/coordenar.
Precisa saber planejar a curto e a longo prazo, precisa de conhecimento
profundo em técnicas metodológicas e de avaliação, assim como estratégias práticas
de ensino, liderança e coordenação de grupo – seja grupo de alunos, pais, ou professores
– e, finalmente, embasamento teórico que suporte todas as suas ações.
O Coordenador Pedagógico não é (ou não deveria ser)
simultaneamente “Diretor da Escola” ou Psicólogo Educacional. E é isso exatamente que ocorre na imensa
maioria das escolas: acúmulo de funções –
e nenhuma delas acaba sendo desenvolvida exatamente como deveria. O Coordenador Pedagógico não é simplesmente
um professor que demonstra certa liderança e que de repente assume uma escola
inteira!
Na verdade, já adaptei um pouco as funções acima descritas,
quando inseri algumas funções do Orientador Educacional às funções de
Coordenador Pedagógico. Já basta, é
suficiente para um trabalho bem feito.
O Coordenador Pedagógico não é o Administrador da escola, não
é o Diretor. E nem o Secretário. Não é ele quem se preocupa com as questões
financeiras ou reuniões burocráticas com Departamentos de Ensino. Ele trabalha atrás do palco! Ele é
o coração da escola e, para tanto, precisa se concentrar, focar em suas
atribuições e SER RECONHECIDO, VALORIZADO – inclusive financeiramente. É a figura da qual uma escola inteira depende
e que, sem ele, sem o “coração”, a escola passa a funcionar mecanicamente, como
se fosse respiração artificial.
Para saber mais:
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