quarta-feira, 18 de abril de 2012

Conversa “ao pé do ouvido” com os pais


                Às vezes me pergunto “quando foi que os pais se perderam, na educação dos filhos?”  Sim, porque tenho observado famílias à minha volta e fico realmente surpresa com certas dúvidas, medos, ansiedades, preocupações que não aconteciam há anos atrás. 

Estou na educação há mais de 20 anos e observo uma grande diferença no comportamento dos pais com relação aos filhos.  Parece que temem tudo, temem seus próprios filhos!   As crianças, por sua vez, são levadas a amadurecer cada vez mais cedo, mas curiosamente somente no que diz respeito a direitos e vantagens.  De resto, são tratadas como bebês ou incapazes.  Não estou sendo dura.  Estou sendo realista!  Isso, sem falar na inversão de valores, na falta de respeito, etc.

Gostaria de me fazer ouvir e dizer aos pais para pensarem profundamente no tipo de adulto que estão colocando no Mundo.  O bebê, ao nascer, ao se tornar membro de uma família, se torna também membro de uma sociedade e os pais são os responsáveis por isso.  Tudo, absolutamente tudo que for feito (ou não) com a criança, terá reflexo no futuro.  Óbvio?  Pois é, mas poucos têm essa consciência.  Sendo assim, resolvi colocar alguns tópicos para que cada um possa se questionar e tirar suas próprias conclusões.  Observem que estou me referindo a crianças de até 6 ou 7 anos de idade:

·         Criança tem que ser criança, tem que ser infantil.  Ou seja, maquiagem e sapato de saltinho é para a mamãe e não para a filhinha; 

·         A criança deve se adaptar à família, às regras e costumes existentes antes de sua chegada; ou seja, a autoridade precisa ser dos pais;

·         Acordos e regras devem ser previamente estabelecidas e cumpridas.  Jamais prometa o que não pretende cumprir (tanto para prêmios quanto para punições).  A troca constante das regras do jogo causa ansiedade e insegurança, além de ser desleal;

·         Use sempre um tom de voz respeitável.  Lembre-se:  gritos são para os que não têm argumento.

·         Birras devem ser ignoradas.  Só se permita conversar com a criança quando ela se portar de maneira sociável e respeitosa.  Simplesmente ignore e aguarde até que ela se acalme.

·         Ensine seu filho também a perder no jogo, a revisar estratégias para vencer na próxima vez e inclusive para admitir a superioridade do que ganhou, se for o caso.  Não se ganha sempre, na vida.

·         Gentileza gera gentileza, assim como educação, cooperação e respeito – por si e pelo outro.  Isso se aprende no berço!  “Por favor, obrigado, com licença” jamais estiveram fora de moda;

·          Se a escola estiver desrespeitando o desenvolvimento natural de seu filho, não pense duas vezes:  AJA! 

·         O aprendizado está intimamente ligado ao prazer em aprender, em descobrir, em participar.  Excesso de tarefas e lições de casa servem somente para criar repugnância por aquilo que deveria ser agente de satisfação e orgulho para a criança. 

·         A criança tem o direito (e a necessidade) de brincar.  Saiba temperar isso e, caso a escola exceda o limite, os pais têm a obrigação de se pronunciar;

·         Não superestime a tecnologia.  Criança precisa construir, aprender a brincar, a explorar e analisar, a exercitar a capacidade de atenção, além de liberar a criatividade!  Brinquedos de construção e raciocínio são fundamentais!  Novamente, saiba “temperar” o tempo de cada coisa.

·         Leia diariamente para seu filho, mostre a ele o mundo maravilhoso que existe dentro dos livros!  Converse sobre a leitura, explore, OUÇA o que ele tem a dizer!  Ninguém aprende a escrever sem antes ter sido envolvido pela paixão pela leitura!

·         Aniversário também existe fora do Buffet com milhões de brinquedos e monitores.  Ainda se pode brincar em casa com os amigos e comemorar o aniversário.  Já vi pais que se não puderem fazer  festa em Buffet, se sentem como se o filho não estivesse aniversariando. 

·         Todo e qualquer vício é prejudicial, seja ele com tecnologia, festas, roupas, brinquedos, passeios, etc.  A vida é dinâmica e as coisas podem ser diferentes – e não há mal nenhum nisso.

·         Divirta-se muito com seu filho, brinque, ensine-o a brincar!  Estimule-o com perguntas, faça-o pensar, não dê respostas prontas, mostre interesse e orgulho em sua evolução!  A criança precisa muito da aprovação a satisfação dos pais;

·         Não se apresse em colocar a criança na escola.  A vida familiar, nos primeiros anos de vida, é essencial para a sedimentação dos hábitos e costumes;

·         Mimo estraga.  Frustração, assim como joelho ralado, faz crescer, acredite!

·         Informe-se!  Leia o que puder sobre educação infantil.  Não é tão difícil assim.  Relaxe e realmente aproveite a vida com seu filho;

·         Gosto muito do que diz Yves de La Taille:  o ser humano, para ser autônomo (independente), precisa antes ter sido heterônomo (dependente de um adulto que lhe conte como são as coisas, o que pode e não pode, como se faz, quando e com quem).  Por isso, não se sinta culpado ao contar as regras do jogo para seu filho.  Alguém tem que fazer isso!

Espero ter conseguido levantar aqui algumas das principais preocupações dos pais.  Coloco-me à disposição para conversar e esclarecer estes ou outros itens que se façam necessários.

Não se perca com a maternidade/paternidade!  ENCONTRE-SE!