Às
vezes me pergunto “quando foi que os pais se perderam, na educação dos filhos?” Sim, porque tenho observado famílias à minha
volta e fico realmente surpresa com certas dúvidas, medos, ansiedades, preocupações
que não aconteciam há anos atrás.
Estou na educação há mais de 20
anos e observo uma grande diferença no comportamento dos pais com relação aos
filhos. Parece que temem tudo, temem
seus próprios filhos! As crianças, por
sua vez, são levadas a amadurecer cada vez mais cedo, mas curiosamente somente
no que diz respeito a direitos e vantagens.
De resto, são tratadas como bebês ou incapazes. Não estou sendo dura. Estou sendo realista! Isso, sem falar na inversão de valores, na
falta de respeito, etc.
Gostaria de me fazer ouvir e
dizer aos pais para pensarem profundamente no tipo de adulto que estão
colocando no Mundo. O bebê, ao nascer,
ao se tornar membro de uma família, se torna também membro de uma sociedade e
os pais são os responsáveis por isso. Tudo,
absolutamente tudo que for feito (ou não) com a criança, terá reflexo no
futuro. Óbvio? Pois é, mas poucos têm essa consciência. Sendo assim, resolvi colocar alguns tópicos
para que cada um possa se questionar e tirar suas próprias conclusões. Observem que estou me referindo a crianças de
até 6 ou 7 anos de idade:
·
Criança tem que ser criança, tem que ser
infantil. Ou seja, maquiagem e sapato de
saltinho é para a mamãe e não para a filhinha;
·
A criança deve se adaptar à família, às regras e
costumes existentes antes de sua chegada; ou seja, a autoridade precisa ser dos
pais;
·
Acordos e regras devem ser previamente
estabelecidas e cumpridas. Jamais
prometa o que não pretende cumprir (tanto para prêmios quanto para
punições). A troca constante das regras
do jogo causa ansiedade e insegurança, além de ser desleal;
·
Use sempre um tom de voz respeitável. Lembre-se:
gritos são para os que não têm argumento.
·
Birras devem ser ignoradas. Só se permita conversar com a criança quando
ela se portar de maneira sociável e respeitosa.
Simplesmente ignore e aguarde até que ela se acalme.
·
Ensine seu filho também a perder no jogo, a
revisar estratégias para vencer na próxima vez e inclusive para admitir a
superioridade do que ganhou, se for o caso.
Não se ganha sempre, na vida.
·
Gentileza gera gentileza, assim como educação,
cooperação e respeito – por si e pelo outro.
Isso se aprende no berço! “Por
favor, obrigado, com licença” jamais estiveram fora de moda;
·
Se a
escola estiver desrespeitando o desenvolvimento natural de seu filho, não pense
duas vezes: AJA!
·
O aprendizado está intimamente ligado ao prazer
em aprender, em descobrir, em participar.
Excesso de tarefas e lições de casa servem somente para criar
repugnância por aquilo que deveria ser agente de satisfação e orgulho para a
criança.
·
A criança tem o direito (e a necessidade) de
brincar. Saiba temperar isso e, caso a
escola exceda o limite, os pais têm a obrigação de se pronunciar;
·
Não superestime a tecnologia. Criança precisa construir, aprender a
brincar, a explorar e analisar, a exercitar a capacidade de atenção, além de
liberar a criatividade! Brinquedos de
construção e raciocínio são fundamentais!
Novamente, saiba “temperar” o tempo de cada coisa.
·
Leia diariamente para seu filho, mostre a ele o
mundo maravilhoso que existe dentro dos livros!
Converse sobre a leitura, explore, OUÇA o que ele tem a dizer! Ninguém aprende a escrever sem antes ter sido
envolvido pela paixão pela leitura!
·
Aniversário também existe fora do Buffet com
milhões de brinquedos e monitores. Ainda
se pode brincar em casa com os amigos e comemorar o aniversário. Já vi pais que se não puderem fazer festa em Buffet, se sentem como se o filho
não estivesse aniversariando.
·
Todo e qualquer vício é prejudicial, seja ele
com tecnologia, festas, roupas, brinquedos, passeios, etc. A vida é dinâmica e as coisas podem ser
diferentes – e não há mal nenhum nisso.
·
Divirta-se muito com seu filho, brinque,
ensine-o a brincar! Estimule-o com
perguntas, faça-o pensar, não dê respostas prontas, mostre interesse e orgulho
em sua evolução! A criança precisa muito
da aprovação a satisfação dos pais;
·
Não se apresse em colocar a criança na
escola. A vida familiar, nos primeiros
anos de vida, é essencial para a sedimentação dos hábitos e costumes;
·
Mimo estraga.
Frustração, assim como joelho ralado, faz crescer, acredite!
·
Informe-se!
Leia o que puder sobre educação infantil. Não é tão difícil assim. Relaxe e realmente aproveite a vida com seu
filho;
·
Gosto muito do que diz Yves de La Taille: o ser humano, para ser autônomo
(independente), precisa antes ter sido heterônomo (dependente de um adulto que
lhe conte como são as coisas, o que pode e não pode, como se faz, quando e com
quem). Por isso, não se sinta culpado ao
contar as regras do jogo para seu filho.
Alguém tem que fazer isso!
Espero ter conseguido levantar aqui
algumas das principais preocupações dos pais.
Coloco-me à disposição para conversar e esclarecer estes ou outros itens
que se façam necessários.
Não se perca com a
maternidade/paternidade! ENCONTRE-SE!