quarta-feira, 22 de julho de 2009

Irmãozinho novo na casa! E agora?




Estava tudo tão tranqüilo em casa... Era o papai, a mamãe e o reizinho (ou rainhazinha) e, de repente, chega um “intruso” e tira todo mundo da situação normal e confortável que vigorava até então, em casa! E agora? O que ou como fazer?
Começando pelo começo: foram várias as mudanças nessa família, desde o início! Primeiro, papai e mamãe, vindos de outras famílias, se uniram e iniciaram um novo modo de vida, o que já causou um certo desconforto, por mais agradável que tenha sido. Sim, porque todos nós, mesmo que inconscientemente, rejeitamos tudo aquilo que é diferente do habitual. Resistimos a mudanças, até que se tornem parte de nós e deixem de ser “diferentes”. Pois bem, com a primeira etapa vencida, chega o reizinho, o primeiro filho – muito esperado, desejado, mas que novamente causou mudanças na família recém estruturada. Noites em claro, olho no relógio, já que o bebê tem horário para tudo, mudança de postura, responsabilidade que faz com que pareça que temos um mundo em nossos ombros...
Passada a 2ª. etapa, a de adaptação ao bebê, a de mudança de postura e hábitos dos pais, quando tudo parece estar em seu devido lugar, chega a novidade: a chegada de mais um bebê, um irmãozinho – também desejado, muito esperado, mas que causará, do mesmo modo, aquele certo desconforto, provocará readaptação de toda a família! Durante anos de convivência com pais de “primeira viagem”, tenho observado que cada vez mais a chegada desse irmãozinho tem provocado grandes preocupações aos papais e mamães! Tudo por causa do ciúme que esta criança “irá causar” no irmão mais velho! Mas... quem foi que disse que irá, necessariamente, causar ciúme?
É este o ponto: sofrimento dos pais por antecipação e, o que é pior, preocupam-se tanto, que realmente enxergam ou causam ciúme no mais velho! Parece incrível, mas é a pura verdade! Vejo pais que praticamente se sentem culpados por terem decidido ter mais um filho e causar tanto sofrimento ao mais velho!
Vejam, quando papai e mamãe se uniram e decidiram ter mais filhos, estavam decidindo a estrutura futura da família que ambos idealizaram. O que há de errado nisso? Nada! Foi planejado (ou mesmo que não tenha sido) e agora, o novo bebê é real! Ele faz parte da família! Tem tanto direito quanto o mais velho! Há atitudes que saem totalmente fora do mundo real, causando problemas ainda maiores:
· O mais velho vai à maternidade conhecer o novo irmãozinho e vê que este lhe trouxe um presente! Oras, não é porque ele também é pequeno que não sabe que um bebê não carregaria um presente de dentro da barriga da mamãe, para ele, o mais velho... Para quê fazer isso? Conhecer o novo membro da família e aceitá-lo, faz parte da vida! Não precisa de presente nenhum! É tempo de aprender que nos sentimos felizes também sem ganhar presentes, por simples prazer...
· Parentes e amigos, ao visitarem o bebezinho, levam presentes também ao mais velho. Por quê? Quando o mais velho nasceu, também ganhou os seus presentes... agora é a hora do mais novinho ganhar! Isso é normal! O mesmo ocorre em aniversários, acarretando um compromisso imenso a toda a família, tendo que presentear duas vezes, em ambos aniversários... Se a intenção for a de ensinar que sempre será assim, que sempre os dois irão receber presentes juntos, em todas as situações da vida e que caso não ganharem, podem e devem reclamar, então está tudo certo, mas se a idéia for a de criar crianças razoáveis, tolerantes, que saibam respeitar o seu momento e o do outro, então é melhor que não se comece errado!
· Há bebês que ficam literalmente em segundo plano, já que “não entendem” e então os pais dão atenção igual ou em dobro para o mais velho, praticamente ignorando o bebê na presença do mais velho. Erro muito sério, esse! Estamos ensinando ao mais velho que ele sempre terá a preferência, que o segundo não tem tanta importância assim e que quando ele, o mais velho, estiver presente, o mais novinho que se conforme com sua insignificância... É isso o que queremos? Não? Então, direitos, deveres, atenções iguais, divididas entre os dois!
· Outro dia eu vi duas irmãzinhas na rua, vestidas rigorosamente iguais, sendo de idades diferentes. Na verdade, tanto faz a idade. Gêmeas ou não, cada uma tem sua personalidade, sua beleza, seu gosto pessoal. Não se pode “unificar” as crianças! Elas são diferentes! Em idades diferentes, pior ainda! Cada uma em seu tempo, na beleza de sua própria idade, para que não se destrua a identidade e, principalmente, para que não assumam uma idade que de fato não têm!
· Mamãe foi comprar roupinha nova para a mais novinha, que cresce muito rápido e está sempre perdendo suas roupas? Então, é para ela que se compra! Se a criança mais velha não está precisando de nada novo, não se compra! Qual é o problema? Lembre-se: todo hábito que cultivarmos em nossos filhos desde pequenos, serão cobrados mais tarde!
Estou falando em justiça, em igualdade de direitos, não em unificação de comportamentos, não em culpa por ter tido mais um filho, fazendo com que os pais vivam em um verdadeiro inferno de cobranças próprias e das crianças! Não há drama nenhum nisso!
A realidade é que o novo bebê é parte integrante da família e que deve ser muito bem recebido, com todos os direitos e, posteriormente, deveres instituídos pela família! Fez algo para o mais velho, em determinada idade e agora não é possível fazer para o mais novo, ou vice-versa? Essa é a vida, as coisas mudam, não existe problema em haver diferenças desse tipo! O que precisa haver é o exercício da tolerância, aceitação, divisão de espaço, amor entre os membros da família e não um sentimento de competição, que na maioria das vezes é instigado pelos próprios pais, desde os primeiros dias do nascimento do bebê!
O ciúme, na maior parte das vezes, é potencializado pelas atitudes inadequadas dos próprios adultos. Além disso, dentro de seus limites, o ciúme, assim como a frustração, o lidar com situações novas, tudo isso é necessário para a formação dessas crianças, desde cedo! O quanto mais pudermos aproximá-los da realidade da vida, tanto melhor para eles, que estarão preparados para serem inseridos em qualquer grupo social a que venham pertencer! Além disso, criando os irmãos dentro de uma realidade possível para a família, facilitaremos que sejam amigos futuramente, quando adultos, compartilhando, vibrando um pelo outro, sendo realmente parceiros de sangue, de coração e de sentimentos! Vale a pena, garanto!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Onde está a "Cultura Popular" nas cidades brasileiras?

Por ser um assunto "ainda" muito atual, reproduzo aqui um artigo escrito o ano passado, por ocasião das eleições. Esclareço ainda que não se refere apenas à cidade de ITU, mas à maioria de nossas cidades brasileiras... Vale a reflexão!

Estamos em pleno período pré-eleitoral e, portanto, de muito blábláblá acerca de promessas, projetos, intenções, etc. Entretanto, há anos não vejo projetos significativos, constantes e de grande abrangência no que se refere à ociosidade de crianças e jovens que não têm condições financeiras de pagarem cursos – tanto de diversão e cultura geral, como profissionalizantes.

O que temos visto ultimamente é crescer essa ociosidade e, com ela, atitudes agressivas e inconvenientes como, por exemplo, o aumento das pichações, skates destruindo nossas praças, flanelinhas por todo o lado, guardadores de carros, pedintes e toda sorte de “dolce far niente”. Então, que se aumente o policiamento, a repressão! Que se tire essas crianças e jovens das ruas... E os coloca aonde?

Como lidar com a revolta natural e conseqüente “resposta” deles a essa sociedade que seleciona e elimina aquilo que não lhe agrada? Parece-me tão clara a solução, que chega a ser ingênua: que a Prefeitura, através de convênios com a iniciativa privada (indústria, comércio e serviços) ofereça cursos, campeonatos, eventos direcionados para esses jovens e crianças! Mas que sejam direcionados a eles, não a uma elite que já freqüenta normalmente todo tipo de reunião cultural, que pode pagar por seus cursos, vai ao cinema, participa de campeonatos de academias e pratica esportes nos clubes.

Do que é que “eles” gostam ou necessitam? Sim, porque não podemos escolher eventos que satisfaçam a nós, a nossa necessidade. Não podemos perder o foco! Que tal um campeonato de skate ou futebol no Estádio Municipal? Vamos retomar o PET – Programa Estudantil de Teatro – e as aulas de dança da Casa da Cultura? Grafitagem em locais apropriados é um exemplo de arte magnífica – mas que não seja em nosso “Becão”, em pleno Centro Histórico, é claro! Festival de Música na Praça da Matriz? Hip Hop, Street Dance, Rap... Tudo organizado, com professores, horários e locais apropriados! Por que não? Evidentemente que para os patrocinadores não custaria nada acrescentar um lanchinho e até mesmo transporte gratuito.

Vale salientar que não adianta, não faz diferença, não resolve fazer um curso hoje e outro no ano que vem, não funciona atingir a meia dúzia de crianças ou jovens só para dizer que se está oferecendo, mas que não há adesão! A persistência e a divulgação é que irão fazer com que mais e mais jovens queiram participar!

Há algumas ONG’s fazendo um belo trabalho, mas estou falando de algo muito maior e mais abrangente! É a cidade toda; são cursos, eventos, campeonatos, festivais, um em seguida do outro, como rotina normal da cidade. A Biblioteca Comunitária “Prof. Valdir de Souza Lima” vem fazendo um trabalho exemplar, através de jovens idealistas reunidos em sua diretoria e apoiados por alguns patrocinadores, todos em torno de um mesmo objetivo: o de oferecer cultura gratuita, atraindo assim as pessoas a um espaço aonde a cultura não é elitizada e, assim, cultivando a simpatia por uma Biblioteca! O próximo evento deles será, por exemplo, a 1ª Mostra Cultural de Hip Hop de Itu! E porque não Hip Hop? Já fizeram vários saraus literários e musicais, mostra de fotografia, de arte enfim, de tudo um pouco e estão com a Biblioteca há menos de 6 meses!

Como controlar a violência? Que tal investirmos todos juntos num trabalho de prevenção tendo, como retorno, o orgulho de estarmos numa cidade que se preocupa com o real desenvolvimento de seus jovens e de seu futuro, formando cidadãos muito melhor preparados para a nossa sociedade?

Finalmente, deixo a pergunta em aberto: onde está a cultura em Itu?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cuidado: consumismo é armadilha!

Era uma vez um menininho de 4 aninhos que queria muito comprar um tênis da marca “XXXX”. Sua mãe o levou à loja e, depois de se garantir que estava na área dos tênis “nacionais”, disse que ele poderia escolher o que quisesse. Feliz da vida, ao sair da loja já calçando o tênis novo, a mãe lhe disse que não estava escrito “XXXX” em seu tênis, mostrando que o que estava escrito não fazia diferença na alegria que sentia com o tênis que escolheu sozinho! Ele então respondeu: “mas posso chamar meu tênis de XXXX?” Pronto! Batizou o tênis e ficou feliz do mesmo jeito!

Inicio o artigo contando esta pequena história verídica, para ilustrar uma preocupação com a formação das nossas crianças. São detalhes aparentemente pequenos, mas que precisam ser discutidos pelos pais, ao estabelecerem o tipo de educação que pretendem dar a seus filhos e que tipo de adulto imaginam que ele seja, no futuro! Não adianta nada, depois dos filhos crescidos, reclamarem de um jovem fútil, que só valoriza as pessoas pelo que têm e não pelo que são, que exige presentes caríssimos e “de marca”.

Devemos sempre nos lembrar que a educação se inicia praticamente no berço! Entretanto, é fundamental que os pais realmente se preparem para a educação das crianças. Precisam falar a mesma língua, defender o mesmo tipo de educação, de valores que pretendem para seu filho.

Evidentemente, a mídia nos envolve e, quando menos esperamos, já fomos também afetados e nos pegamos adquirindo os mais variados produtos “de marca” para nossos filhos. Mas, como pais responsáveis pelo desenvolvimento de nossos filhos, precisamos estar atentos e saber que qualquer atitude impensada pode resultar em uma bela armadilha!

Uma criança habituada a roupas de marca, por exemplo, pode estar aprendendo que só se fica bem com esse tipo de roupa e que quem não usa é “diferente” e irá excluir de sua convivência, independente de ser uma pessoa agradável. Essa criança pode ainda achar que é obrigada a se vestir desse modo para poder ser aceito pelo grupo e, no caso de eventualmente não poder se vestir assim, irá sofrer muito com isso!

Vivemos em uma sociedade já bastante hostil, fútil, superficial, que valoriza muito mais o “ter” do que o “ser e o sentir”... será que estamos colaborando para a permanência e intensificação disso? É nisso que também acreditamos? Somos realmente apenas “embalagens”? Prefiro encerrar deixando as respostas para cada leitor em particular e finalizando com alguns trechos do poema “Eu, Etiqueta” - Carlos Drummond de Andrade, que sugiro que seja lido atentamente e, se possível, na íntegra:

“...e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade...
... Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.”

Criança ociosa é criança problema!

“Solte a criança que existe dentro de você!” Pronto, esta é a solução, principalmente durante as férias escolares! São inúmeros os comentários a respeito do que fazer com as crianças durante as férias. “Eles mexem em tudo, estão sempre reclamando e insatisfeitos, esgotam-se os passeios...”

Se nos permitirmos enxergar através de um outro olhar, daremos razão às crianças! Filmes, TV, vídeo game, parquinho, tudo cansa e não tem novidade nenhuma! A criança tem sede de conhecer, de aprender, de vivenciar! Os pais (ou a babá, os avós...) precisam aprender a se divertir com as crianças, aprender a pensar naquilo que satisfaz a elas e não a eles, adultos. Estou falando em sentar no chão e BRINCAR! Estou falando em partidas de dominó, jogos da memória, ludo, quebra-cabeça... Estou falando em ir ao Zoológico e parar para observar os menores detalhes sobre cada animal – as crianças têm um tempo diferente do nosso.

Já reparei em pais passeando com as crianças e que, em um minuto já viram tudo, fazendo com que a criança diga: “E agora? Já acabou? Aonde vamos?” e os pais: “Mas você não se contenta com nada mesmo...” Neste momento, muitas vezes tentam suprir essa ansiedade comprando objetos e brinquedos, sendo que não era isso que faltava... aliás, o excesso de consumismo pode começar exatamente por aí!

Quando pensamos em passeio, vamos pensar em explorar tudo aquilo que a criança sabe e gosta: faça perguntas sobre os detalhes do que estão vendo, OUÇA seu filho, deixe-o se expressar! Você irá descobrir um grande companheiro e ficará surpreso com seu conhecimento e poder de observação! Prolongue esses bons momentos vividos juntos! Observe e valorize a natureza! Dê-lhe o tempo necessário para sentir o vento, encontrar diferença entre os diferentes tipos de vegetação ao redor...

Na cozinha, enquanto prepara uma refeição ou um lanchinho, deixe-o participar, ajudar com aquilo que não oferece perigo. Uma dica: as crianças ficam maravilhadas com as mágicas que acontecem com os alimentos ao serem “transformados”! Um simples ovo cozido pode atrair sua atenção – experimente mostrar o ovo cru e observar a transformação depois de colocado em água fervente! Isso, para nós, é óbvio, mas para a criança que está descobrindo o mundo é novo, é fantástico! Sinta, com ele, os odores, sabores, texturas!

Quem ainda sabe pular corda? Que tal relembrar? E esconde-esconde no quintal? Imaginem a surpresa da criança ao ver seus próprios pais ou avós tentando se esconder e batendo cara? Andar de bicicleta junto com a criança, jogar bola e disputar, desafiar, comemorar os gols...

Fantasia: aqui, um capítulo à parte! Deixe-o experimentar suas roupas, seus sapatos e morra de rir dos resultados! Tire fotos! Brinque de faz-de-conta! Invente coreografias para as músicas que ele mais gosta! Verá o quanto isso irá entretê-lo e diverti-lo, já que estará saindo totalmente da rotina!

Livros infantis, filmes nas férias podem ser curtidos juntos! Leia, desafie. Pergunte como ele acha que irá terminar a história, pergunte, no final, o que aconteceria se a personagem se comportasse de outra forma... deixe a SUA criatividade solta!

Desenho, pintura, massinha de modelar, faça também! É uma excelente terapia relaxante, acredite!

Que tal quebrar a rotina? Andar de ônibus, metrô ou trem, passear a pé pelo centro da cidade, parar para tomar um lanche, tudo é novo! Aproveite isso!

Importante: não estou sugerindo que os pais transformem suas casas em escolas. Isso também pode ser uma gostosa brincadeira, mas só se for de brincadeira. O compromisso de “ensinar” é da escola. Seja você mesmo: papai, mamãe, babá, vovô e vovó! Dê asas à imaginação, participe da vida dessa criança linda e que cresce mais rápido do que imaginamos! Dê a você o direito de se divertir também! Faça isso pela criança! Assim, estará fazendo muito mais por você, adulto. Desse modo, tenho a certeza que todos sentirão muito quando as férias terminarem e não irão reclamar que a criança esteve “entediada”!

Por falar nisso, quem é bom aí em “pega-varetas”, em jogar “5 Marias” ou em “pular elástico”? E em fazer uma pipa ou um super avião de papel? Rsss...

Boas férias a todos!

Você deixa seu filho crescer?

Planejando a Educação dos Filhos – IV

“ - É claro que sim! Sempre o incentivei, desde os 2 ou 3 aninhos, a aprender as letrinhas do alfabeto e a escrever seu próprio nome!” – respostas assim são cada vez mais comuns entre os pais mais dedicados e até bem intencionados!
Entretanto, precisamos discutir um pouco a esse respeito e explorar mais a questão, sob o ponto de vista do desenvolvimento integral do ser humano – no caso, a criança!

Ajudar, facilitar o crescimento de uma criança inclui, necessariamente, respeitar todas as suas fases anteriores, para que se desenvolva com base sólida, bem construída, bem elaborada. Saber ler ou escrever precocemente só satisfaz a vaidade dos pais, já que não significa, necessariamente, amadurecimento - de raciocínio ou de coordenação motora fina, por exemplo. Trata-se de “decoreba”, não de compreensão da função gráfica da letra, em termos de representação dos sons falados. Estou usando um exemplo aleatório, como poderia ter escolhido muitos outros. O que interessa neste momento é falar que muitas vezes os pais invertem a importância do desenvolvimento das habilidades e capacidades das crianças, sem o saberem!

Se por um lado notamos o desejo dos pais de um amadurecimento precoce da criança, por outro – e cada vez mais – notamos uma infantilização exagerada, mostrada na super proteção dessa criança! Essa atitude SIM é que não permite que a criança cresça, se desenvolva naturalmente!

Os filhos não nascem com manual de instruções, isso é verdade, mas com um pouco de sensibilidade e atendendo aos pedidos da natureza, podemos perceber muita coisa! A criança manifesta vontade de escovar os dentes ou de tomar banho sozinha? Acredite nela, mostre a ela sua confiança e, depois, dê um “brilhinho” especial nos dentinhos, faça um carinho com a esponja para terminar o banho, qualquer coisa que garanta a eficiência necessária, mas que não a desencoraje de ter cuidado consigo mesma ou de ter o prazer de realizar algo por si própria!

A criança quer brincar no parquinho e os pais, por medo exagerado, não permitem! A gangorra é perigosa, o escorregador inseguro, o gira-gira pode dar náuseas... a areia é suja e por aí vai! Com todos os cuidados tomados, deixe que seu filho brinque, explore, desfrute, conheça estes e muitos outros brinquedos! Antigamente, as crianças subiam em árvores e a mãe nem ficava sabendo... qual é o problema se cair e ganhar um galo na testa, ou arranhar o joelho, voltar sujo para casa ou até mesmo torcer um braço? Tudo tem conserto; o que não tem conserto é a infância roubada! Se seu filho já tem idade para playground, deixe que vá! É assim que se conhece o mundo!

Nossa obrigação como pais é de apresentar o mundo a esses pequenos! Mostrar tudo, passear muito, conversar sobre todos os assuntos apropriados para cada idade e sem infantilização. Desde Zoológico até cinema, desde o porque de não arrancar folhas de uma árvore até o respeito pela natureza, simplesmente tudo que está nesse mundinho ao qual ele pertence! O conhecimento amadurece, a vivência traz experiência de vida! Não temos o direito de, ao colocá-los no mundo, deixá-los “bitolados” e eternos bebês – crescidos ou não.

Por incrível que pareça, muitos pais demonstram um certo prazer na dependência da criança por eles. Isso é loucura! Ser dependente é muito ruim para a criança, que será privada de conviver com outras pessoas, de explorar o mundo e fazer descobertas, de sentir o prazer de tentar, analisar, conhecer o novo, criar soluções próprias e comemorar suas conquistas! Se fizermos tudo por ela, porque se esforçará? Se o mundo gira e acontece, independente da atitude dela, porque sair do confortável “colinho da mamãe”?

Suportar frustrações, ter que lutar para conseguir o que deseja, ter consciência de que não se nasce perfeito e que a busca por ser sempre melhor depende exclusivamente de cada um, tudo isso faz crescer, prepara para a vida jovem e adulta.

Uma coisa é fato: na maioria dos casos de excesso de infantilização, temos pais super protetores, que resolvem simplesmente tudo pelas crianças! A culpa que a mãe sente por trabalhar fora e deixar o filho com uma babá ou com os avós, por exemplo, pode ser um dos fatores desta inversão moderna na educação. Ao invés de culpa infundada, utilize os momentos preciosos para estar e educar seu filho. Afinal, trabalhar e estudar são exemplos que todos queremos que nossos filhos sigam... ou não? Se tiverem pais culpados por isso, estarão ligando a culpa e a chateação ao estudo e ao trabalho. Isso, se não passarem a ser “tiranos” e utilizarem esse fato para conseguirem o que desejam!

Resumindo, vale a pena lembrar que o filho não é um bonequinho que deve estar sempre “funcionando direitinho”, perfeito, deixando seus pais sempre cheios de orgulho ao exibi-lo. O filho é a maior responsabilidade que temos em mãos e que o seu futuro depende fundamentalmente do modo como o deixarmos crescer e aí sim será motivo de orgulho por termos desenvolvido um ser humano seguro, bem resolvido e responsável, capaz de atuar positivamente na sociedade!

"Coisas" de gente grande!

Disciplina, respeito e organização NÃO são “coisas SÓ de gente grande!”
Planejando a Educação de nossos Filhos – III

Falando assim, até parece que transformaremos nossos pequenos em mini soldadinhos, mas não é nada disso! Temos utilizado este espaço para desenvolver temas relacionados ao planejamento da educação de nossos maiores tesouros – nossos filhos! Desta vez, conversaremos um pouco sobre a formação básica, baseada na disciplina, organização e respeito!

Como dizia minha professora de Psicologia, Mestra em psicologia da educação, Dra. Vali, ao nascer um bebê, não é a casa que deve se adaptar aos costumes do bebê e sim o bebê que precisa adquirir e se adaptar ao meio em que irá viver e conviver! Trocando em miúdos, evidentemente que a casa, a família, se adapta ao novo habitante, um bebezinho lindo, cheio de necessidades e alegria! Fora isso, tudo o que diz respeito aos hábitos da família deve ser respeitado!

Normalmente, quando se fala em disciplina e respeito, as pessoas logo imaginam pessoas bravas e agressivas impondo atitudes às crianças! Isso é ainda ranço da ditadura ou de uma educação antiquada, baseada no medo. NÃO é disso que estamos falando. Estamos falando da responsabilidade que os pais têm ao receber um bebezinho em suas mãos, um ser que supostamente deva ser adaptado à sociedade e atuar nela mais tarde, já jovem e adulto!

O primeiro grupo social a que a criança pertence é a família e é aí que começa o trabalho todo! Simples assim: é costume da casa reunir a família na hora da refeição, conversar e esperar que todos terminem para se levantarem, por exemplo. Aí, a criança quer se levantar o tempo inteiro, faz bagunça, grita, a mãe sai com o prato e a colher atrás dela para fazê-la comer, o papai fica sem sua esposa à mesa e pronto! Instalou-se a falta de respeito geral e a refeição, antes tida como algo prazeroso, se torna um momento temeroso a todos! O erro é da criança? Não! É dos pais, que permitiram e a acostumaram assim, com as atenções todas voltadas a ela, que reina e se diverte diante da situação! Como lidar para resolver isso, é assunto mais extenso que trataremos em uma próxima oportunidade, mas hoje falaremos sobre a importância de formarmos nossos filhos, de modo a não chegarem a esse ponto!

O outro grande momento é quando se expande um pouco o universo da criança para um outro grupo social ao qual irá pertencer por toda a vida: a escola! É lá que deverá se socializar, criar seu ambiente, relacionar-se... Depois desses, vem o clube, a escolinha de futebol, natação, festas em casas de amigos e por aí vai! Depois, a Universidade, o trabalho, constituição de nova família e o ciclo reinicia! Os responsáveis? NÓS, pais! Muita coisa? Sim, muita coisa, muita responsabilidade! Vamos tentar ir por partes: Algumas perguntinhas básicas que devem permanecer conosco, enquanto pais: o que será esperado de meu filho, no futuro? O mundo irá se adaptar a ele, curvando-se diante de suas vontades, como em casa? As pessoas irão ceder sempre aos seus desejos e expectativas? Jamais haverá frustração, desafio? Quais as habilidades, posturas, valores que meu filho deverá desenvolver para ser inserido na sociedade? Devo super protegê-lo de tudo e de todos?

Parece complicado, mas não é! Ensinar uma criança a sorrir e cumprimentar as pessoas, por exemplo, ajudará a abrir muitas portas pela vida! Ter consideração e respeito pelos outros, não se achando o maioral e sempre o que tem razão em seus pensamentos e atitudes, também ajuda bastante! Aceitar diferenças, não valorizar preconceitos e estar sempre aberto a analisar e confrontar opiniões alheias com as suas, faz crescer!

Vamos pensar juntos: os grupos sociais, assim como a casa, já estavam lá quando a criança chegou, certo? Portanto, quem deverá fazer o movimento para ser aceito é quem acabou de chegar e não o grupo que já estava lá! Um a mais, um a menos, para o grupo não faz diferença, mas para quem chega, faz muita! Vamos partir desse princípio, de educar nossos filhos de modo a saberem o que e como fazer para poderem integrar mais e mais grupos sociais, com o mínimo de sofrimento ou dificuldade! Afinal, por 1 minuto perde-se um vôo, uma prova no vestibular, um emprego... e nós, pais, não somos tão poderosos assim, de modo a “dar um jeitinho”... Enquanto são pequenos, é fácil, mas depois fica muito difícil, praticamente impossível!

Quase tudo, na vida, aprende-se de pequeno! O horário para chegar à escola, o respeito às regras, a análise no caso de discussão com um amigo, a frustração diante de uma nota baixa, tudo isso faz parte da formação que estou falando! Organização e planejamento do tempo e do seu material, respeito pelas pessoas, postura aberta e simpática, independência de atos e pensamentos... tudo isso vem do berço!

Voltando ao início, se a casa adaptar-se às vontades de um bebê que não sabe de nada com relação à vida em sociedade, este irá esperar que todos, em todos os lugares, estejam sempre se adaptando aos seus desejos e isso não é verdade!

Como fazer isso? Em primeiro lugar, tendo claro para si que a decisão em ter um filho vai muito além de ter uma bonequinha ou um bonequinho lindo e risonho para “brincarmos” de ser papai e mamãe! A decisão abrange tudo o que falamos e muito mais! Isto posto, é com firmeza e com muito respeito pela criança, pela vida dela, que conseguimos nos aproximar do ideal! Perfeição não existe, somos seres imperfeitos, mas se a intenção for a de conseguir, já será um grande passo! Aliás, o que é “falta de respeito”? Ser firme e correto, colocar regras claras para tudo que for possível ou mimar a criança, criando-a em um ambiente fictício e que acarretará muito mais sofrimento na vida adulta, ao descobrir que aquele mundo onde foi criada simplesmente não existe?

Importante: não é batendo na criança que se educa! Batendo, ensinamos a resolver os problemas com agressão e a criança irá repetir a postura com amigos, com os próprios pais, em casa, sempre que for contrariada! É conversando muito, orientando, insistindo na postura desejada. Para sermos pais, não podemos pensar em “tirar férias”... é o tempo todo educando, falando, dando dicas e exemplos, já que a criança aprende muito mais pelo exemplo do que pelas palavras! Ao agir de forma contrária ao esperado (regras claras, para que a criança saiba exatamente o que se espera dela), a criança, como nós, deveremos arcar com as conseqüências disso. Agiu errado, perde certos privilégios, precisa arrepender-se e se desculpar, por exemplo. Não podemos educá-los para a impunidade! Agiu certo? Ganha apenas o reconhecimento e a boa convivência – mais nada! Não se presenteia boas ações! A vida não presenteia! Educamos com a intenção de formarmos seres humanos autônomos intelectual, social e moralmente falando! A recompensa é o prazer que sentimos e nada além disso!

Desse modo, nossos filhos estarão plenamente preparados para se adaptarem a toda e qualquer situação que a vida apresente, independente de estarmos lá, corujas e protetores! A sociedade agradece!

A educação vem do berço!

No artigo anterior, falamos sobre os brinquedos pedagógicos – utilização, importância, adequação para cada idade etc. Agora, o assunto é o planejamento do ser humano em constante formação! Já ouvi muitas vezes os pais dizerem que a criança quando nasce não vem com “manual de instruções” e que, por isso, é muito difícil saber o que ou como fazer! É a pura verdade! Como já falei em outras oportunidades, ao nascer um bebê, todos procuram o médico especialista, o odonto pediatra, mas quase ninguém procura o especialista em educação infantil! Não que este saiba tudo ou que irá entregar o tal manual, mas pode facilitar e ajudar a direcionar um pouco as atitudes escolhidas pelos pais. Desse modo, vamos tentar dar algumas dicas!

Antes de qualquer coisa, é preciso que os futuros papais conversem muito a respeito de como imaginam que seu filho seja quando jovem e adulto! Sim, isso é decidido já! Que tipos de valores, costumes, comportamento e caráter os pais “sonham” para seus filhos? É preciso que papai e mamãe estejam de acordo e que jamais desautorizem um ao outro – nesse caso, a “discussão” precisa ser fora do alcance dos ouvidinhos espertos da criança!

Muito bem, nasceu o bebê e já cheio de vontades e manhas. O que fazer? É básico: ele, o bebê, é que é a nova figura na casa e deverá adaptar-se a ela, que muito antes dele nascer a casa já estava lá com seus costumes, regras, hábitos, valores! Horário de dormir é à noite; portanto, a sonequinha do dia precisa ser com certo barulho e claridade, por exemplo. Cada um tem sua cama, seu quarto? Portanto, assim que possível, o bebê precisa fazer uso dele o quanto antes – se demorar muito, ficará mais difícil para se habituar. Vocês imaginaram uma criança, jovem e adulto independente, seguro de si, responsável por suas atitudes? Então, a hora é agora! Evidentemente que adaptando-se a cada idade – o que não convém detalhar aqui – mas é preciso saber que a liberdade e a independência andam junto com a responsabilidade! Impunidade? Super proteção? Nunca! Entretanto, há que se observar que as crianças aprendem muito mais pelo exemplo e reproduzem comportamentos vivenciados onde quer que seja. Portanto, atenção! Não se ensina a ter respeito – vive-se uma vida de respeito para com o próximo.

É necessário observar o que a criança já é capaz de fazer sozinha e incentivá-la muito, para que se sinta segura, tenha orgulho de si mesma e vibre com suas próprias conquistas! Amarrar o tênis, pegar um copo d´água, arrumar o seu quarto... Ela usou? Que bom! Aproveite seu quarto, divirta-se com os brinquedos, mas é responsabilidade da criança guardar tudo (mesmo que com ajuda), para usufruir do direito de usá-los novamente.

Erra quem exige demais, além das capacidades de compreensão da criança, mas erra igualmente quem infantiliza as crianças, impedindo-as de crescerem! A liberdade é algo que se conquista, o respeito também! Fez algo errado? Peça e aceite desculpas! Nem sempre é possível reparar o erro e, em seguida, nesse caso, pode vir o sofrimento, as consequências do erro – isto é muito importante para o crescimento individual! Nossos filhos NÃO são perfeitos! Eles PODEM errar! Isso faz parte! O que não faz parte é deixar para lá o erro, o que leva à impunidade! Errou? Conversem a respeito, levem a criança a assumir seus erros e a ser melhor nas próximas vezes, mas não deixe passar em branco!

Você sonha com um filho bondoso, sociável, bem aceito na sociedade? O movimento precisa ser dele e de ninguém mais! A bondade é vivida, a tolerância para com o diferente é desenvolvida (ou não)! Na vida, os grupos sociais rejeitarão aqueles que não se inserirem por si. Ninguém irá se importar se a criança, jovem ou adulto preferir ficar em seu próprio mundinho “perfeito”. As pessoas levam suas vidas e quem quiser que se insira! Que aprenda a ser simpático, carismático, tolerante, bondoso para com os outros! Muitas vezes, quando rejeitado, papais e mamães correm para resolver o problema sem antes se perguntarem se seu filho (a) está fazendo o movimento de ser bem aceito.

É preciso ainda que a criança aprenda também a defender-se e a não aceitar o que ou quem lhe agride, evidentemente! Precisa aprender a buscar ajuda por si próprio para defender-se! Que aprenda a defender a justiça, sendo justo também! Birra? A sociedade não aceita bico, cara feia, mal criação. Isso não resolve problemas. Portanto, nada de birra em casa! Birra é falta de respeito! Voz alta, gritos? Uma criança criada em um ambiente hostil (por exemplo, entre familiares, com os empregados...) será igualmente hostil fora de casa. Se aprendeu a humilhar e a destratar em casa, irá humilhar e destratar fora de casa.

Importante salientar que uma criança que apanha em casa, irá bater nos amigos para solucionar seus problemas – aqui eu incluo as brincadeiras de lutas! Se aprendeu a brincar em casa fazendo gozação dos outros, fará o mesmo fora de casa. Se, ao trazer um objeto que não é seu para casa e nada acontecer, aprenderá que pode se apropriar das coisas dos outros, sem nenhuma consequência negativa e irá até mesmo se divertir com isso...

Mamães, Papais, não se esqueçam: simplesmente tudo que a criança aprender em casa será reproduzido fora dela. Resta a cada um decidir o que é exatamente que queremos que nossos filhos aprendam hoje para reproduzir amanhã...

Na próxima oportunidade falaremos sobre disciplina, organização e concentração, entre outros!

Planejando a educação dos filhos

O sucesso na carreira universitária e profissional começa muito antes do que se imagina! Pode começar, por exemplo, na escola de educação infantil, ou antes até, ainda no berço! É uma questão de opção dos pais, ao planejarem o nascimento do bebê, aquele ser humano pelo qual somos os responsáveis diretos!

Estou falando de uma educação que hoje em dia conhecemos e temos à mão quando quisermos – coisa que não havia sequer sido discutida no “nosso tempo”, apesar de muito usada... Falo em brinquedos pedagógicos, em jogos e livros infantis, falo em organização, disciplina, respeito e interação social. Falo ainda em educar nossos pequenos para uma vida independente – com autonomia mesmo! Moral e Intelectual (Jean Piaget, em “O Juízo Moral na Criança”) Entram aqui, também, responsabilidade, ética e compromisso social.

Muita coisa? E é só o começo! Por isso mesmo chamo a atenção especialmente dos jovens casais, para que se preocupem com o preparo de seu filho, enquanto indivíduo a ser inserido na sociedade. Esta preocupação é tão ou mais importante do que a de aprender unicamente a ter cuidados de saúde e higiene com o bebê! Ao colocarmos esse “serzinho” no mundo, precisamos pensar se estaremos colaborando com uma sociedade melhor, ou atrapalhando essa que aí está. E isto é muito sério!

Muito bem, passado o primeiro momento de tomada de consciência, voltamos a uma das questões levantadas: a importância dos brinquedos pedagógicos, jogos e livros infantis. Oportunamente trataremos das questões seguintes aqui levantadas.

Falando então em brinquedos e jogos pedagógicos, usados tanto na escola quanto em casa, adequados a cada faixa etária, ressalto sua importância no desenvolvimento da criança (e futuro adulto) no que se refere ao uso da linguagem, ampliação de vocabulário, sedimentação de conceitos aprendidos, exercício de atenção, análise e escolha de estratégia, tomada de decisão, trabalho em equipe ou competitivo, ética, além do respeito pelas regras – seguir regras ajuda muito também na interpretação futura de enunciados, por exemplo. Esperar pela vez, controlar a ansiedade, gostar de desafios, vibrar com a vitória e aprender com os erros (conhecendo a frustração, tão necessária a todos nós...) – aqui, ajudado pelo adulto, pode refazer mentalmente todo o processo que o levou a perder, analisar a situação e definir estratégias para uma próxima vez. Tudo isso, sem contar com a diversão, é claro! Se for em família, melhor ainda! Tudo isso, com um simples dominó, por exemplo. Não é necessário sofisticar. Basta explorar todo e qualquer material que se tenha à mão; afinal, até na brincadeira de esconde-esconde há regras e a maioria das habilidades acima descritas!

Falando em bebês, devemos nos preocupar basicamente com o desenvolvimento dos órgãos dos sentidos (tato, olfato, visão, audição e paladar). Desde o móbile colorido, incentivando a tocá-lo, falando das cores e sons, passando pelo uso da massinha de modelar, cubos coloridos que se amontoam em uma pirâmide e desmoronam de repente, até a divertida brincadeira com os sabores azedos, doces, amargos... tudo, enfim, que estimule os sentidos básicos do bebê! Músicas infantis cantadas e dançadas estimulam, além da memória, o ritmo e a coordenação motora grossa! Tintas, cola, rasgar papel e colar, é tudo muito divertido e extremamente importante, quando se fala em desenvolvimento infantil.

Reservo um espaço muito especial para a leitura de livros infantis! A criança, desde bebê, pode e deve ouvir muitas histórias, lidas com prazer e entusiasmo! Desse modo, desenvolve desde muito tenra idade o gosto pela leitura. Não se espera estar na escola e ser alfabetizada para forçar uma leitura... O prazer vem muito antes disso! Todos sabemos que quem lê, adquire um vocabulário culto e muito mais amplo, se comunica muito melhor, tanto na linguagem falada, quanto escrita! Essa leitura, além de divertida pela história em si, pode ser desafiadora, deixando que as crianças imaginem qual será o desfecho final, por exemplo.

Perguntar a elas o que aconteceria se a personagem agisse de outro modo ou o que a própria criança faria, caso estivesse no lugar da personagem... enfim, há milhões de maneiras de criar situações prazerosas com um simples livrinho nas mãos! Evidentemente que o adulto precisa ler, mostrando-se convencido de que a leitura é, de fato, um prazer... Ainda é possível incrementar tudo isso com o uso de fantasias, revivendo a história! Aí, a brincadeira não tem fim! A representação da realidade, o faz de conta, o uso do simbólico, são fundamentais no preparo para a alfabetização/escolarização da criança e no desenvolvimento da criatividade, imaginação. Imaginem também o momento inesquecível que é, para a criança, quando papai ou mamãe lêem para ela antes de pegar no sono, sentados à cabeceira da cama! Não há pesadelo que resista! Só há lugar para bons sonhos...

Propositalmente, não deixei quase espaço para falar em brinquedos eletrônicos. Não sou adepta a eles. Podem ou não existir na infância da criança; afinal, esses eletrônicos fazem tudo sozinhos... Do mesmo modo, TV ou computador. Podem ser inseridos, mas sem nenhuma prioridade! Nenhuma mesmo! Não raro, me deparo com crianças muito pequenas e já viciadas em jogos eletrônicos ou em TV’s, DVD’s. Não se trata de ser antiquada, trata-se de não substituirmos o desenvolvimento natural e a oportunidade de participarmos do crescimento e amadurecimento de nossos filhos por “babás eletrônicas”! É ainda uma concorrência desleal entre a tela colorida, cheia de sons e imagens do computador e as páginas de um livro... Haverá, futuramente, tempo para esse contato com a tecnologia. Não precisamos ter pressa!

Numa próxima oportunidade, o assunto abordado será a importância do convívio social de nossas crianças, que estão sendo preparadas para um futuro brilhante, no sentido de seres humanos plenamente desenvolvidos, seja na Universidade, no trabalho ou, principalmente, consigo mesmas e com quem convivam!

Quando consultar um Especialista?

Em minha prática educativa tenho tido a oportunidade de estar em contato com muitos pais de alunos e, assim, tenho analisado bastante a problemática da educação dos filhos. Assim, decidi conversar um pouco com papais e mamães, compartilhando algumas considerações a respeito.

É bastante difícil aos pais saberem exatamente o que, como ou quando agir desta ou daquela maneira e há algumas hipóteses bastante comuns: a culpa por trabalharem fora – especialmente as mães; conseqüente necessidade de recorrerem às babás que normalmente mimam a criança e não educam; desejo de dar ao filho aquilo que não tiveram – tanto no sentido material quanto emocional; acesso desmedido das crianças aos bens de consumo e tecnologia – filmes e programas na TV, vídeo-game, computador; pais que são produto de uma educação castradora e que agora foram para o outro extremo, tornando-se permissivos demais; entre muitas outras.

Pois bem, o quadro geral que temos hoje em dia é o seguinte: crianças inseguras e dependentes, choronas, mal comportadas, rebeldes, agressivas, intolerantes, extremamente agitadas, insatisfeitas, indisciplinadas, desorganizadas, com medo de crescer, tímidas e por aí vai. O pior de tudo isso são as conseqüências: adolescência problemática, distante dos pais, irresponsável, vulnerável a tudo e a todos, levando a uma juventude e vida adulta com as mesmas características de personalidade sendo o indivíduo, muitas vezes, rejeitado pela mesma sociedade que ajudou a criá-lo desse modo. Segundo o dito popular muito antigo, “é de pequeno que se torce o pepino” = um pouco agressivo, já que não precisamos “torcer” ninguém, mas que é de pequeno que se educa, forma a personalidade, caráter e prepara para a vida saudável em sociedade, isso é a mais pura verdade!

Muitos poderão concordar comigo, mas perguntar: então, o que e como fazer para resolver a situação? Como saber se estamos no caminho certo? Invariavelmente e sem exceções, todos os pais com quem convivi e convivo até hoje querem acertar, querem o melhor para seus filhos! Ninguém erra por querer. Erra se, ao tomar consciência, não agir!

Há muita literatura disponível no mercado, mas acredito que para agir diretamente e de forma abrangente, o ideal é procurar um especialista na área. O terapeuta familiar nesses casos é o mais indicado, justamente porque a família deve se reorganizar como um todo. Não é a criança que precisa de um psicólogo... e quando dizemos que os pais é que devem se consultar, é porque a formação das crianças depende essencialmente do equilíbrio da família. As crianças refletem a educação, a formação que recebem – da família e da escola.

Já me deparei com muitos pais que dizem não “precisar” de psicólogos, psiquiatras ou terapeutas para realizarem a tarefa mais básica, que é a da educação dos filhos e esses geralmente são os que mais precisam! Já é tempo de sermos mais humildes e recorrermos ao especialista em educação infantil com a mesma naturalidade com que recorremos ao pediatra, odonto-pediatra, fisioterapeuta... O que não se concebe mais é permanecer no erro, achando que as crianças de hoje, com todo o acesso à informação que têm, podem continuar sendo criadas da mesma maneira como os pais foram educados... ou, por outro lado, serem produto de uma educação absurdamente permissiva e super protetora, onde criam-se crianças tiranas, que tomam conta da situação e, muitas vezes, levam os pais a perder totalmente o controle, apelando para a violência física! Nenhum extremo é benéfico! Pense nisso! Nossos filhos são o produto daquilo que fizemos (ou não) por eles, na infância, especialmente na 1ª. infância, até os 7 aninhos...

Estou cansado e infeliz!

Tenho hoje 15 anos e me sinto cansado e infeliz! Não tenho amigos, não sei como conquistá-los e mantê-los comigo. Não tenho vontade de ir à escola e me sinto culpado. Quando vou e realizo minhas tarefas, sou inseguro, tenho medo de errar e de me expor. Quero dormir quando não estou na escola e, às vezes, durmo debruçado na própria carteira da escola. Chegando em casa, me alimento compulsivamente, do mesmo modo como quando vou fazer algum passeio e quero adquirir tudo que estiver à minha frente, também de modo desmedido! Nada me satisfaz, sempre tenho um “algo a mais” para comprar! Não gosto de conversar com meus pais, nem com ninguém adulto. Eles estão sempre querendo descobrir coisas a meu respeito, fazem-se de amigos com o único intuito de me criticarem, descobrirem o que não há para ser descoberto. Ando sozinho, me chamam de esquisito. Mudo meus estilos de roupas, jamais consegui concluir um curso – me interesso, mas logo desisto, desanimo. Não tenho a menor idéia da carreira que desejo seguir. Meu pai é Doutor, todos esperam que eu também o seja, mas eu não quero, sei que jamais serei “bom” como ele!

Fiz terapia quase que minha vida inteira e ainda faço, mas nunca resolvi os “meus” problemas. Sempre foram tratados os problemas que meus pais enxergavam em mim. O terapeuta falava, falava, me especulava e depois contava tudo aos meus pais, que jamais mudaram de atitude comigo. Evidentemente, com o passar do tempo, aprendi a dizer apenas o que me interessava que meus pais soubessem. Ao menos, acho que aprendi a fazer uma auto-análise:

Nasci fruto de um casamento bonito, com pais elegantes, inteligentes e muito bem relacionados. Família exemplar, com muitos primos – todos melhores do que eu, é claro. Amigos? Nunca precisei conquistá-los e fazer de tudo para mantê-los. Meus pais cuidavam disso, como cuidavam de todo o resto da minha vida. Eu tinha os amigos que meus pais atraíam para casa – ou por darem discretos presentes, ou passeios fantásticos, guloseimas variadas em casa... não sei. Só sei que nunca me faltaram “amigos”. Entretanto, jamais tive uma amizade duradoura. Em disputas, era sempre eu aquele que tinha razão e, se algum amigo não me agradasse, era só descartá-lo e atrair um outro. Simples assim! Brinquedos, jogos, sempre tive em excesso! Era só pensar e lá estavam todos à minha inteira disposição. Aliás, se meus pais quisessem algo especialmente bem feito de minha parte, era só me darem o preço e então eu fazia o que eles quisessem. Quando criança, a “moeda” era os brinquedos e, hoje, são roupas, celulares novos e avançados, computadores mais e mais modernos, dinheiro para a balada, viagens...

Desde muito pequeno, antes e após o horário da escola, sempre tive muitas obrigações: esportes, artes, música, professores particulares – estes nunca faltaram, minha vida toda! Sim, porque meus pais nunca encontraram uma escola que os agradasse totalmente e, além disso, por toda a minha vida sempre houve um amiguinho que soubesse mais do que eu, que contasse até números mais altos do que eu, que lesse melhor, que tivesse uma letra mais bonita ou que fosse o máximo no futebol! Então, lá ia eu para me especializar – em tudo e mais um pouco! Meus pais sempre disseram que nessa vida competitiva, é preciso estar preparado mas... será que “em tudo” e de uma só vez? Deveria eu ser o melhor em “tudo”? Seria possível? Se era possível eu não sei mas, de qualquer modo, não consegui e por isso me sinto derrotado.

Nessa tal competição, aprendi que não importa de fato o que acontece. O importante é saber relatar os fatos do nosso jeito e nisso sempre fui muito bom! Apesar de ser sempre muito criticado em casa, perante os “de fora”, sempre tive razão em tudo! Isso era bastante confortável, já que para os olhares externos eu sempre fui uma criança perfeita! Bati muito em meus coleguinhas na escola, meus pais diziam que não sabiam mais o que fazer comigo – apesar de não fazerem nada, a não ser dar alguns pequenos “sermões” chatos e cansativos - entretanto, cresci com uma única brincadeira com meu pai: lutar, ser forte, vencer! Sempre ganhei dele nas lutas, nunca entendi porque entre meus amigos isso não era possível. Será que eles não brincavam assim em casa? Com o tempo, fui disfarçando esse meu comportamento e pouquíssimas vezes fui “pego” em flagrante. Era só usar aquela carinha de inocente que aprendi e pronto! Estava tudo certo!

Meus pais sempre quiseram o melhor para mim, eu sei. Idealizaram uma criança quando eu ainda estava na barriga da minha mãe. Fui desejado e bem-vindo, mas acho que jamais fui olhado como um ser humano com competências e fraquezas. Com habilidades e dificuldades. Com atitudes certas e outras absolutamente reprováveis. Então, é como se tivessem feito de mim um bonequinho perfeito com roupas, brinquedos, escolas caras, cursos de especialização, e tudo mais que pudesse ser mostrado e comparado com os outros. Embora o discurso fosse que eu era único, um orgulho e etc (deviam ser palavras do terapeuta), na prática sempre fui comparado e quase sempre julgado como aquém do ideal.

Hoje me vejo perdido, não confio em ninguém, não tenho amigos, muito menos vontade de ir adiante. Faço pose de bonitão, inteligente, seguro e divertido. Às vezes, só para me divertir, assumo a personalidade do “revoltado” e deixo todo mundo desesperado – isso me diverte. Sei que sou incompetente, jamais serei o Doutor que meus pais sonharam e, mesmo que seja, jamais serei competente como meu pai. Aprendi a ter uma vida superficial, em todos os sentidos!

Estou cansado e infeliz...

Educação Infantil: que espaço é esse?

O bebê nasceu e, passando a fase inicial dos primeiros cuidados, chega a próxima preocupação: a Escola! Quantas dúvidas, quantos medos, teorias...

Faço inicialmente uma reflexão a respeito do significado dos termos “Educação Infantil / Pré-Escola”. Ambos nos remetem a uma preparação da criança para a escolarização. Antigamente confundia-se a pré-escola com a creche e hoje já se sabe que são locais diferentes, com diferentes propostas. Entretanto, vejo a maioria das pessoas confundindo a Educação Infantil e/ou a Pré-Escola com a Escola de Ensino Fundamental, o que também não é correto.

Mas, então, que espaço é esse de Educação Infantil? Para que a criança freqüenta a Pré-Escola? É bastante simples: para que seja uma criança “completa”, desenvolvida em todas as suas potencialidades adequadas à idade e que, ao ingressar no ensino fundamental, esteja absolutamente preparada, pronta, para adquirir conhecimentos formalizados.

Trocando em miúdos: é na Educação Infantil que a criança tem a oportunidade de desenvolver as habilidades artísticas, motoras, de convívio social, raciocínio lógico, criativo, comunicação verbal, expressão corporal... ferramentas fundamentais para seguir em frente, seja na escola, na família, nos grupos sociais aos quais venha a pertencer.

Portanto, a Educação Infantil/Pré-Escola é coisa muito séria! Para muitos, a criança pré-escolar vai à “escolinha” (termo que diminui bastante a importância da pré-escola) unicamente para passar o tempo e brincar. Vai mesmo, mas tudo, absolutamente tudo é planejado e tem uma finalidade muito importante. É na brincadeira livre com os outros que a criança irá aprender a maioria, senão todas, as regras fundamentais do convívio social.

Com os bloquinhos de construção, estará construindo conteúdos matemáticos, desenvolvendo sua habilidade para soluções de problemas. A magia das estorinhas infantis lidas constantemente pela professora (não “tia”, mas professora!) a criança irá despertar a curiosidade pelo letramento, terá o desejo de aprender a ler e a escrever. Na observação do que ocorre quando se planta a semente do feijão, despertará para o pensamento e observação científica. A exploração dos diferentes sons produzidos por instrumentos e outros objetos, o gosto pela música, o ritmo, a harmonia, tudo isso está na Educação Infantil! Manipulação de objetos e consciência dos órgãos dos sentidos, noção de espaço e lateralidade, a mistura das cores, a possibilidade de criar, inventar, imaginar, enfim, é muita coisa para que se descarte ou minimize a importância da educação infantil ou, muito pior, se acelere o processo e se reduza todo o trabalho para alfabetizar a criança o mais rápido possível, para que ela seja a primeira da família, entre os priminhos, a “recitar” números até 10 ou até 20, sem que tenha a noção de quantidade, volume, comprimento.

Galos na testa, joelhos ralados, roupa suja, compartilhar o brinquedo, lidar com a frustração também se faz necessária na participação ativa neste 1º. grupo social ao qual a criança está sendo inserida, sem ser o grupo familiar. Quando se fala em respeito pelos “Direitos da Criança” há que se incluir o respeito pela infância, o respeito pela individualidade e pelo ritmo natural de desenvolvimento de cada uma de nossas crianças!

Seu filho não é um "aborrescente"

Esta expressão, 'Aborrescente' (utilizada tanto para meninos como para meninas) está se tornando mais comum, a cada dia que passa. Isto muito me preocupa, pois denota numa desvalorização de um dos mais sérios e difíceis períodos de desenvolvimento do Ser Humano. A partir dos 11 ou 12 anos, começam a ocorrer inúmeras transformações, tanto biológicas quanto psicológicas, que precisam e devem ser respeitadas, compreendidas, toleradas. Espinhas, Gordura, Magreza, Crescimento acelerado, mudanças nos cabelos, tudo isso e muito mais, de uma só vez e causando no(a) adolescente muita insegurança, especialmente por ser ou não aceito pelo grupo ao qual pertence. Além disso, ocorre o despertar da sexualidade e o medo de não ser correspondido (a). É nesta fase também que podemos observá-los reproduzindo os padrões de beleza e de comportamentos, impostos pela Mídia. Isso acontece porque, justamente no período de inseguranças e incertezas, o(a) Adolescente procura por Modelos, para que possa se identificar como 'novo adulto', e se os modelos da Família não forem fortes o suficiente para conduzi-lo(a), a Mídia e outros ógãos de influência se tornam muito mais convincentes e atraentes. Sendo o Lar Amistoso e Agradável, dificilmente o(a) Adolescente se deixará levar pelas influências externas. Por outro lado, em Casa e na Escola, as cobranças também se modificaram e agora todos dizem que 'ele/ela' não são mais crianças, que têm obrigações, que devem se comportar desta ou daquela maneira... Será que não são mesmo mais crianças? 'Ele/Ela' então se perguntam porque ainda não podem fazer tantas coisas... O(A) Adolescente não entende essas mudanças repentinas de cobranças, nem de posições do Adulto, nem da Sociedade. É também a fase em que muitos reivindicam a privacidade, recolhendo-se no quarto, falando horas ao telefone, etc. - no que não são respeitados! Há ainda as divergências entre pais e filhos, o choque de gerações, traduzindo-se muitas vezes em brigas, agressões, etc. Bem, diante de tantos problemas e apoiando-me em estudiosos da área (por ex., o Dr. Içami Tiba, Psiquiatra especialista em Adolescência), concluo que um dos grandes problemas causadores de tantas divergências e, inclusive, do termo pejorativo 'Aborrescente', está na Infância. Quero dizer que a Educação do(a) Adolescente se inicia no berço! Se o bebê e a criança forem criados sem limites, sem respeito, sem definições dos papéis, em casa, é praticamente impossível lidar com o adolescente que, com certeza, será rebelde, contestador, mentiroso, etc. Mimos na Infância tornam-se incontroláveis na Adolescência... Do mesmo modo, se 'ele/ela' não encontrarem em casa um Porto Seguro, um Amigo, desde pequenos, certamente, ao crescerem e atingirem a Adolescência, irão se afastar da Família ainda mais, procurando fora de casa a compreensão que tanto necessitam. A Criança é educada na Família e também na Escola; portanto, se ela se tornar 'Aborrescente', a culpa maior não será dela... É preciso que fique claro que pais amigos também colocam limites! O grande erro é a radicalização: ou os pais são permissivos demais, ou autoritários demais! Como tudo na vida, o meio-termo é o ideal: pais amigos, compreensivos, sensíveis a tantas transformações, mas com a autoridade suficiente de quem zela por alguém tão querido! Falo agora também como Mãe, reconhecendo que nós, pais, não somos perfeitos - aliás, o Ser Humano não o é - e nosso aprendizado é constante; só precisamos estar cientes de nossas imperfeições, para que isso nos leve a querer acertar!

A criança e a sociedade

“O Ser Humano é um Ser Social e que tem necessidade de viver em Sociedade” – isso, todos sabemos. Mas como e quando é que começa essa sociabilização? Na verdade, assim que a criança é concebida ela começa a receber influências do meio externo e, consequentemente, o processo de sociabilização já se inicia. Nos primeiros anos de vida, a criança se sociabiliza com a família e, por isso, para ela, esse é o único mundo existente. Nessa fase ela não tem noção da existência de outros “mundos”. Portanto, a família é o 1º Grupo Social do Indivíduo. Normalmente, o 2º Grupo Social é a Escola; ou melhor, a Pré-Escola. Se observarmos atentamente os primeiros dias da criança na Pré-Escola, notaremos as mais diferentes reações, mas a grande maioria demonstra insegurança, estranheza, medo, etc. É o “outro mundo” que ela não conhecia e do qual ela agora faz parte – isso exige um certo tempo de adaptação. Dessa forma, os anos vão passando e a criança, adolescente, jovem, vai sendo inserida nos mais diversos Grupos Sociais e o processo é o mesmo: estranheza, insegurança, análise do ambiente, adaptação (ou não). A grande dificuldade da adequação ou não do indivíduo aos novos grupos tem explicação pelo fato de que ele traz consigo valores, modos de vida a ele incorporados pela família nos seus primeiros anos de vida – o que até então formou sua personalidade. A influência recebida na 1ª Infância é a mais significativa, mais forte e muitas vezes, para ser inserido em algum outro Grupo Social, o indivíduo precisa ser flexível, maleável com seus antigos valores para poder incorporar novos – essa transição é bastante difícil. Na fase escolar, é fundamental a compreensão dos pais e respectivo auxílio no sentido de incentivar a sociabilização da criança/jovem ao novo Mundo Social: deixar que ele participe de Festas, Excursões, Grupos de Trabalho, que tenha tolerância com seus amigos, enfim, que participe ativamente e de modo natural da vida social daquele momento. Segundo os especialistas, o Indivíduo será considerado “sociabilizado” a partir do momento em que admitir a existência do “outro” e do mundo; o que ocorre normalmente a partir do momento em que ele entra na Escola. Mas nesse ponto, quero ressaltar a visão e experiência de educadora. Considero que admitir a “existência do outro” e do mundo externo à Família é algo muito mais profundo! O momento da sociabilização de fato é quando o Indivíduo consegue enxergar dentro de si o respeito pelo outro, num sentido amplo: respeito pelos direitos do outro, por suas tristezas, por suas alegrias, por suas limitações, por suas potencialidades, etc. Do mesmo modo, é quando ele consegue enxergar o “todo social”; ou seja, quando ele consegue ter a visão de que ele é apenas “uma gota (extremamente importante) no oceano”. É o momento em que ele percebe que todos os seus atos e/ou omissões têm efeito no todo, por menores que sejam. É o momento em que ele compreende que cada Indivíduo precisa fazer a sua parte na colaboração de uma Sociedade melhor, que não é mais possível “passar pela vida em brancas nuvens”, sem deixar nenhuma contribuição. É entender que é possível enxergar o outro e o Mundo à sua volta, dentro de qualquer grupo social, seja no Trabalho, na Escola, no Clube, na Igreja, o que importa enfim, é a consciência. Nesse sentido, quero chamar a atenção dos Professores e dos Administradores Escolares, pois de maneira geral, todos entendem essa sequência de adaptações no que diz respeito à sociabilização do Indivíduo. Portanto, é a Escola que pode e deve auxiliar, incentivar, proporcionar situações de sociabilização – não só nas Festas Escolares como também, e principalmente, no dia-a-dia de Sala de Aula, na integração dos alunos aos grupos, no respeito pela troca de pontos de vista, no reconhecimento de um pelo outro – além, é claro, no esclarecimento dos pais na importância dessa integração! Assim, alunos, Professores, Pais, poderão sim ser chamados Cidadãos Ativos de uma Sociedade em constante Evolução!!!

A difícil escolha pelo magistério

Toda escolha é precedida de uma tomada de posição. Na grande maioria das vezes, essa tomada de posição exige rompimentos com antigos valores, com influências externas, etc. Refiro-me hoje à escolha pela carreira do Magistério... É evidente que todas as carreiras têm sua importância no contexto social, mas o Magistério forma os futuros cidadãos, as futuras gerações! Por nossas mãos passam os futuros Engenheiros, Médicos, Bancários, Comerciantes, Professores, Administradores, Políticos, etc. A competência ou não desses futuros profissionais começa a ser desenvolvida desde muito cedo, e é à essa reflexão que convido o leitor. Para escolher a carreira do Magistério, não basta absolutamente 'gostar de criança'. Essa é uma visão muito simplista... É necessário, é fundamental, ter paixão pelo desenvolvimento pessoal e intelectual de toda a humanidade!!! É também necessária a conscientização de que a criança que tem hoje sete anos, no ano 2.014 terá dezoito e estará entrando na Universidade, ou seja, fazendo sua opção profissional. O caráter desse adulto começa a ser formado na família e na escola, agora! É esse histórico de vida que irá influenciar suas decisões futuras. Como estará o mundo no ano 2014, por exemplo? Essa é uma das grandes preocupações que deve acompanhar o professor: projetar suas aspirações para o futuro! Que conseqüências trarão o seu envolvimento no ensino das crianças de hoje? Se o ensino for nivelado por baixo, teremos cidadãos 'incompletos' para o Terceiro Milênio - especialmente os de baixa renda. É isso que pretendemos para nossa sociedade? Reproduzi-la de forma elitista? A esperança de transformação da sociedade deve partir de nós, Educadores. Afinal, somos modelos para nossos alunos. Precisamos acreditar e educar igualmente as crianças, independente da classe social a que pertençam. É claro que o ponto de partida é a 'bagagem cultural' do aluno, mas o objetivo deve ser o de suprir possíveis deficiências e acelerar a aprendizagem ao máximo possível. Esse aspecto abordado até aqui refere-se à conscientização dos Professores do Ensino Infantil, Fundamental e Médio. Mas... nesse ponto, quero lançar uma questão: Quem forma esses professores que precisam, mais Do que nunca estar conscientes de sua importância político-social? As Universidades, em seus Cursos de Licenciatura! É necessário portanto, que esta discussão seja levada para dentro das salas de aula de formação de professores. Está também nas mãos dos Professores Universitários a responsabilidade de despertar nos futuros professores o Senso Crítico e a consciência de que, ao optar pela carreira do Magistério, ele precisará ultrapassar suas próprias limitações, precisará romper com a 'mesmice' que, infelizmente, se nota hoje entre muitos (não todos) profissionais da Educação. O futuro professor que ainda ocupa os bancos escolares precisa, além de todo embasamento teórico, ser trabalhado, desenvolvido, em sua capacidade de reflexão crítica da realidade, tanto escrita como falada. É na Universidade que esse futuro professor precisa desenvolver o poder da palavra, da argumentação. Precisa enfim, ser autônomo, buscando o conhecimento, sentindo a necessidade constante de aprimoramento. O professor somente irá despertar prazer nas crianças em aprender, se ele próprio tiver esse prazer. Portanto, é tarefa do Professor Universitário desenvolver esses futuros professores em todas as suas potencialidades, utilizando-se das teorias educacionais para que sejam aplicadas na prática pedagógica. Do contrário, perdem o sentido, ficando 'soltas' e, consequentemente, sem significado. É hora de dizer um 'basta' ao discurso vazio e partir para a ação em busca de um mundo melhor!!!

A leitura está fora de moda?

A grande maioria dos Educadores concorda que não se pode conceber a Educação sem o hábito da leitura. Ocorre que essa concepção, infelizmente, não passa de mais uma das tantas teorias discutidas e não aplicadas. Percebo como Professora que, em sala de aula, a leitura de um bom livro ainda é entendida como 'perda de tempo', ou como algo desagradável e imposto. Não podemos culpar os estudantes - o exemplo é nosso! O tempo passa, mas o professor continua sendo o modelo, e se ele não tiver o hábito e o prazer da leitura, certamente não conseguirá fazer com que seus alunos criem o hábito ou sintam o prazer da leitura. Precisamos levar em consideração que a vida moderna é realmente muito corrida, mas para quem gosta de ler sempre há tempo! Pretendo neste momento refletir com o leitor a respeito dessa vida moderna, a qual reflete o desenvolvimento do Ser Humano. A Tecnologia hoje é encarada como 'fim' e não como 'meio' de facilitar e agilizar os trabalhos cotidianos. A Tecnologia é fundamental, mas para que nos sobre mais tempo para desfrutar da vida e não para nos escravizar! Se repararmos na decoração dos quartos infantis, notaremos itens como brinquedos variados, 'video-games', computador, televisão, aparelho de som, etc. Quantos pais têm a preocupação de colocar à disposição das crianças livrinhos infantis, ou até mesmo gibis variados? O exemplo não vem somente do professor, vem dos hábitos familiares, principalmente. Mesmo quando a criança ainda não pode ler sozinha, quantos pais têm o hábito de ler histórias infantis para seus filhos? Lendo para as crianças, estas descobrem sozinhas o tão falado 'Mundo Mágico' da leitura e, dessa forma, com o tempo e com os livros à disposição, elas certamente irão, aos poucos, procurá-los para ler. O professor por sua vez, além do incentivo e do exemplo, precisa ir muito mais além. Leitura e Escrita caminham juntas; portanto, paralelamente ao trabalho de incentivo à leitura, se faz necessário o incentivo à escrita. A escrita exige conhecimento da língua em termos gramaticais e ortográficos, da mesma forma que exige imaginação. Porém, é comum que os professores de Redação iniciem seu trabalho com 'Descrições' de objetos que nada têm a ver com as crianças. São atividades válidas, mas que poderiam ser muito mais proveitosas se habituassem os alunos a observar e a descrever a natureza, por exemplo. A sensibilidade pode e deve ser despertada o mais cedo possível. Sair da sala de aula e observar o vôo dos passarinhos, bem como seu canto; descrever uma mesma flor, ou árvore e depois comparar e discutir as observações... Essas e outras atividades, além de estimular a imaginação, resgatam valores esquecidos nesta nossa vida moderna, mas que nem por isso estão fora de moda. Assim como a leitura de bons livros exige sensibilidade, e prazer, proporciona acesso à cultura, à ampliação do vocabulário, etc. Amor à Natureza não se ensina! Este é estimulado, vivido! Mas de que forma, se nós também não nos damos o direito de parar e ouvir com o coração o barulho de uma cachoeira, ou o canto de um pássaro, ou a vida em sociedade das abelhas ou formigas, o barulho da chuva... Estou na verdade falando de sensibilidade, percepção, amor, criatividade, imaginação, ingredientes indispensáveis aos novos cidadãos que pretendemos formar. Mas para isso, os professores, os pais e toda a sociedade precisam acreditar que esses valores precisam ser resgatados com urgência! Uma vez realizado um trabalho sério de resgate de valores, incluindo o interesse por saber sempre mais, aí então pode-se e deve-se utilizar a tecnologia, uma vez que esta também oferece ferramentas que conduzem à cultura, ao desenvolvimento, e à facilitação da vida moderna! Um cidadão culto e sensível jamais se deixará escravizar pela tecnologia. Concluindo, objetivamos que nossos alunos também sintam o prazer que sentimos na companhia de um bom livro e entendam que a leitura jamais estará fora de moda!

A mola mestra da educação

Muito se tem falado sobre Autonomia na Educação. Sua real importância é reconhecida na Escola Formativa, que dá ênfase à formação geral do indivíduo. A sociedade atual precisa de um novo cidadão, que seja mais justo, mais humano, mais livre, mais feliz. Nesse sentido, a Escola tem a grande responsabilidade de 'dar espaço' para o aluno desenvolver essas qualidades, através da autonomia moral e intelectual. A Escola precisa trabalhar valores (autonomia moral) no dia-a-dia, assim como encorajar os alunos a pensarem de forma ativa e crítica (autonomia intelectual). O aluno precisa compreender que o estudo o levará ao desenvolvimento global e não apenas a obter um bom emprego (o emprego é apenas consequência). Porém, o que se observa na realidade, é que em algumas escolas, os alunos são levados a 'recitar' respostas certas e raramente são questionados sobre o que pensam de fato. É inconcebível que, com tantos avanços tecnológicos, de comunicação e da ciência, o aluno seja por vezes encarado como 'um recipiente, que retém o que é entornado em sua cabeça' (segundo Dra. Constance Kamii, aluna fiel de Jean Piaget). Apenas para ilustrar, os grandes cientistas da história têm sido autônomos o bastante para permanecerem firmes em suas posições, para só depois de muito tempo serem reconhecidos. Ao contrário, o heterônomo (sem autonomia) é ingênuo, acredita em tudo que houve e vê, não reflete criticamente, em suma, não tem opinião própria. É frequente ouvirmos professores universitários reclamarem que seus alunos não estão acostumados a emitir opiniões, trabalhar em grupos, ou trocar pontos de vista. Essas aptidões são inatas ao ser humano; basta que sejam desenvolvidas desde as séries iniciais do Ensino Fundamental. Não se pode, no entanto, desprezar os conteúdos, uma vez que a Matemática, as Línguas, os Fatos Históricos, a Arte, etc. fazem parte da cultura geral da sociedade. É através desse reconhecimento que o indivíduo pode ser autônomo de fato. O professor, além de preocupar-se com a sua disciplina específica, precisa também preocupar-se em desenvolver a autonomia em seus alunos. Para atingir esse ideal, o educador (segundo Rubem Alves) precisa ter prazer em ensinar e proporcionar prazer ao aluno, em aprender. Afinal, mais do que técnicas e teorias, o prazer é ainda a Mola Mestra da Educação!

As responsabilidades do educador

'Quais são as responsabilidades do Educador?' Esta questão tem gerado muitas discussões nos meios educacionais. Não raras vezes o Professor é confundido com um membro da Família do Educando, ou ainda com Conselheiros Psicológicos, com Líderes Espirituais e outros, desviando-se do real sentido da profissão de Educador. Muitos Educadores gostam disso, pois assim passam a ser heróis, fonte de confidência dos alunos, os 'amiguinhos' da turma, deixando de cumprir seu papel, único e claro: Educar, formando cidadãos conscientes. Gostaria de convidar ao leitor e à leitora para fazermos uma reflexão sobre este assunto. No 'Aurélio' está clara a definição de formação: 'Constituição, caráter, maneira porque se constituiu uma mentalidade, um caráter, ou um conhecimento profissional'. A própria LDB 9394/96 é bastante incisiva, no que se refere à formação do cidadão, na Escola. Portanto, espera-se do Professor a preocupação, tanto com o desenvolvimento específico de sua disciplina, quanto com a formação ética e moral do mesmo; ou seja, de seu caráter. É evidente que o Professor não é o único responsável pela formação do cidadão. A Família ainda é a maior responsável. Mas a Sociedade não pode mais aceitar uma Educação retrógrada, que incentive e desenvolva unicamente a capacidade de memorização (treino de Vestibular) ou preparação técnica (profissionalizante). Isto, porque esta mesma Sociedade necessita de muito mais. Necessita de Professores competentes, especializados, cultos e atuantes. Professores que se comprometam com a formação do cidadão, no sentido literal da palavra. Valores como a consciência de sua Cidadania (inclusive o Amor à Pátria, com a visão da possibilidade de intervenção em todos os setores da Sociedade), respeito por si e pelo próximo, desejo de continuidade constante nos estudos, no aperfeiçoamento e muitos outros, devem ser incorporados, vividos, no cotidiano escolar. Porém, esta educação abrangente somente poderá ser real se o Professor estiver disposto a vivenciar a competência e a humanidade requeridas - do contrário, será uma atuação falsa. Precisamos nos lembrar sempre que o Professor é e sempre será um formador de opiniões, um modelo para seus alunos, que aprendem muito mais pelo exemplo do que pela palavra. É necessário portanto, que ele utilize essa sua influência de modo positivo e acredite realmente na sua força, enquanto Educador. Como Educadora e como Cidadã, acredito firmemente que o Brasil - independente de qualquer interferência negativa - pode e deve retomar o desenvolvimento 'moral', pois o 'econômico' é consequência. Sendo assim, concluo que o único local possível de se iniciar uma mudança radical e imediata é na Educação; pois é lá que estão as novas gerações, as quais, se forem bem orientadas, poderão desfrutar de um país muito mais desenvolvido que o atual... e, é claro, muito mais feliz!

Com a educação e com o afeto, faço meu tempo predileto!

Em qualquer área ou situação da vida, o afeto entre as pessoas é fundamental, o que inclui necessariamente as relações no trabalho. Mais ainda, se esse trabalho for na área de Educação, onde o produto é o Ser Humano. Na Escola, a relação humana se dá a todo instante, entre Faxineiros, Porteiros, Auxiliares, Secretários, Professores, Coordenadores, Diretores e, principalmente, com os Alunos. Como na Família, é preciso que todos os membros vivam em harmonia, o que só é possível a partir da afetividade existente entre todos. É importante destacar aqui, que antes de existir a harmonia do grupo, é preciso que haja a harmonia interna de cada um dos membros desse grupo. Não se pode ficar estático, esperando a paz e a harmonia dos outros. É preciso buscar a harmonia, a paz, a alegria, consigo mesmo, com o interior de cada um. Dessa forma, cada um pode então estar contagiando o outro e até mesmo 'provocando' a alegria, a paz e a harmonia do grupo. Tenho a convicção que, deste modo, o Magistério é uma profissão privilegiada, que proporciona momentos inesquecíveis em nossas vidas, da mesma forma que a Família. Assim, até mesmo as 'broncas' são dadas com amor e por amor. Amor pelo desenvolvimento humano, responsabilidade pela formação das novas gerações, energia trocada a cada conquista, apoio e amparo diante das dificuldades e todo o Afeto existente entre Amigos. Acredito na Educação, justamente por acreditar no Ser Humano. Muitos falam em preparar o Aluno para uma vida futura solidária, competente, criativa, etc. Eu defendo a Escola que vive desde já a solidariedade, a competência, a criatividade, etc. Todos juntos, do mais simples funcionário até o Diretor - como na Família. Este é o grande segredo: UNIÃO. União de alegrias e de ideais. E para que haja união, é necessário que haja Respeito, Ordem, Disciplina, Tolerância, Boa Vontade e Afeto! Se em cada Escola houver a preocupação e o cuidado com o desenvolvimento do Afeto e da União de todos, com o passar do tempo, e aos poucos, o sentimento irá gradativamente se 'alastrando' a outros setores da Sociedade. É preciso acreditar que seja possível - basta querer! Pessoalmente, posso prestar o testemunho desta experiência e afirmar com tranqüilidade que, apesar de todas as dificuldades, o Magistério vale a pena - a receita? Com uma pitadinha de açúcar e um pouco de afeto, sempre podemos fazer NOSSO TEMPO PREDILETO!!!

... e as férias estão chegando!

Junho, Festas Juninas e Julho... Férias, finalmente! Descansar, dormir, não fazer absolutamente nada! Esta é a idéia geral, que a maioria das pessoas tem, ao vislumbrar a proximidade das Férias; o que, aliás, é bastante natural, em virtude da vida corrida dos dias atuais! Estudar, crescer, desenvolver, fazer Cursos... Não? Sim! Claro que sim, pois perdemos justamente a oportunidade de nos dedicarmos intensamente ao estudo, ao crescimento pessoal rumo ao desenvolvimento, a freqüentar cursos que no dia-a-dia tornam-se impossíveis, em virtude da falta de tempo... Refiro-me a todos os profissionais e estudantes em geral, mas especialmente, é claro, aos Professores, esses que estão sempre dizendo aos alunos que precisam despertar para o imenso prazer de aprender... É interessante, mas percebemos que é algo realmente cultural, esperar as Férias para não fazer absolutamente nada de proveitoso, como se estudar, aprender, não fosse algo agradável. Justamente no período de férias, estamos descansados, com menos preocupações, situações tremendamente favoráveis à aprendizagem, todos sabemos - e não aproveitamos! Existem muitos cursos de férias - e, falando aos Professores, inúmeros Cursos Intensivos de Férias - especialmente organizados para as pessoas que não têm tempo normalmente. É comum os Professores dizerem que a aprendizagem não ocorre somente na Escola, porém, uma boa parte deles não presta atenção nas inúmeras oportunidades de cultura que deixa 'escapar'... no momento de escolher um vídeo na locadora, por exemplo. Preocupar-se em escolher um Filme que acrescente algo, em termos de cultura, de filosofia de vida, enfim, que colabore no seu crescimento. Aproveitar o tempo disponível para visitar um Museu, ou uma Biblioteca, uma Livraria... Quem tiver mesmo o prazer de aprender, com certeza não irá considerar esses programas 'monótonos'! Comumente ouvimos pessoas dizerem que as crianças de hoje são mais espertas do que as de dez anos atrás... Será que são mesmo? Claro que não. Acontece que hoje elas recebem uma quantidade muito grande de informações em todos os momentos (observe-se uma criança interagindo com o computador, por exemplo!) e não há como não serem muito mais espertas e desenvolvidas do que as de dez anos atrás. E nós? Não recebemos também uma quantidade muito maior de informações? Obviamente que sim, mas não estamos habituados a aproveitá-las. Chegou o momento de os adultos também serem muito mais 'espertos e desenvolvidos' do que os de dez anos atrás, não? Afinal, o Mundo está em constante evolução e não concebe mais indivíduos passivos e alienados, que esperam o tempo passar. Muito menos Professores, que lidam com as novas gerações, ávidas em aprender. É dever de consciência do Bom Professor atualizar-se constantemente, estudar, mesmo que nas Férias. Mais do que qualquer outro profissional, ele precisa estar atualizado, para que o tempo não o 'engula', sob pena de comprometer o futuro de grandes futuros profissionais... Sim, porque na base de todo bom profissional, se procurarmos, encontraremos sempre bons professores! É seguindo essa linha de raciocínio que faço questão de enfatizar sempre que as grandes mudanças sociais tiveram início na Educação; portanto, Professor, mãos à obra! A Sociedade está esperando por um futuro muito melhor, que acolha profissionais cada vez mais competentes, éticos, justos. Se pensarmos dessa forma, dificilmente deixaremos que as Férias passem, que o Tempo passe, sem que façamos absolutamente nada!

Educação em conflito

Há muitos anos que as escolas estão se preocupando com os conteúdos e com a escolha das metodologias mais adequadas para que seus alunos atinjam os melhores níveis de aprendizagem. Obtém-se assim, escolas Informativas, aquelas que dão ênfase à informação e não Formativas, ênfase à formação geral do indivíduo. Analisando a sociedade, notamos uma inversão de valores, como o desrespeito ao ser humano, valorização do 'Ter' e não do 'ser', insensibilidade, individualismo, corrupções em todos os níveis, e muito mais. A escola é uma das instituições da sociedade e, como tal, também tem a responsabilidade de auxiliar na formação dos jovens, especialmente se houver a possibilidade de um trabalho em conjunto com as famílias. Qual seria então, o ponto de partida? A meu ver, definir o papel do cidadão que a escola deseja formar. Esta preocupação deve envolver todo o corpo docente: não só os professores, como também os coordenadores e diretores. Afinal, se um dos objetivos da escola for combater o individualismo dos alunos, isto deve dar o exemplo de um trabalho em conjunto. Em tempos de globalização, qualidade total, Internet etc, precisamos de cidadãos que interajam consigo mesmo, com o outro e com o mundo, de forma harmoniosa e, acima de tudo, com respeito. Valores éticos e morais não podem ser impostos e, portanto, não necessitam de uma disciplina específica: 'toda hora é hora !' Afinal, todos aprendemos muito mais através de exemplos do que de palavras. Se quisermos alunos gentis, nós, educadores, precisaremos ser gentis, se quisermos que nossos alunos respeitem regras da escola e da sociedade, nós precisaremos respeitá-las primeiro, porque somos 'modelos'. Da mesma forma, é importante que o educador, desde as séries iniciais, enfatize os cuidados e respeito, do aluno com seu próprio corpo e, assim, consequentemente, estará cuidando de sua mente. À medida em que o aluno cria essa consciência, passa a respeitar o corpo/mente do outro. A escola é uma das primeiras sociedades que a criança tem contato, e é nessa escola que ela deve Ter a oportunidade de conhecer a igualdade, o respeito ao ser humano, a valorização do 'ser' e não do 'Ter', a sensibilidade, a dignidade e muito mais. Cabe ao educador utilizar o maior recurso de que dispõe: a Paixão de educar!

Por uma educação libertadora

A grande maioria dos Educadores felizmente está defendendo a idéia de uma Educação Libertadora - o que não significa que os Conteúdos devam ser desprezados, mas trabalhados de forma a promover essa “Educação Libertadora” (Regis de Moraes, 1986, EPU), e que se preocupe com a formação geral do indivíduo, tendo clara a definição do cidadão que esta escola deseja formar. Por Educação Libertadora, entendemos uma educação que desenvolva no aluno o compromisso consigo mesmo e com o social. Há que se tomar cuidado no entanto, para que não haja equívocos, pois muitos entendem por educação libertadora uma educação que desobriga de tudo. O educador deve despertar no educando um diálogo interior e constante entre o precioso bem da liberdade e o da disciplina, que os educandos exercitem desde cedo a escolha dos seus caminhos, e que despertem para o exercício da cidadania. Nesse sentido, Constance Kamii, 1995, Ed.Papirus, ressalta a importância do desenvolvimento da Autonomia como Finalidade da Educação. É nas 1as. Séries do 1º Grau, ou até antes, na fase pré-escolar, conforme um dos livros mais importantes de Piaget, “O Julgamento Moral da Criança, 1932” que a Autonomia Moral e Intelectual deve ser trabalhada pelo professor. “Autonomia significa ser governado por si próprio. É o contrário de heteronomia, que significa ser governado por outrem” (Kamii, 1995). Kamii também adverte para o fato de os professores incentivarem seus alunos a recitarem respostas certas, sem contudo levarem-nos ao raciocínio e os questionarem sobre o que pensam sinceramente. “É responsabilidade também do ensino de 1º Grau colocar os alunos em condições de continuarem estudando e aprendendo durante toda a vida e inculcar valores e convicções democráticas, tais como: respeito pelos companheiros, solidariedade, capacidade de participação em atividades coletivas, crença nas possibilidades de transformação da sociedade” - J.C.Libâneo, Didática,p.24. Toda essa preocupação deve envolver todo o corpo docente: não só os professores, como também os Coordenadores Pedagógicos, Orientadores Educacionais e Diretores. Afinal, se um dos objetivos da Escola for combater o individualismo dos alunos, isso deve dar o exemplo de um trabalho em conjunto. Trata-se na verdade de uma verdadeira mobilização para a Transformação da Sociedade. Em tempos de globalização, Internet, etc., é necessário que a Escola forme cidadãos que interajam consigo mesmo, com o outro e com o mundo, de forma harmoniosa e, acima de tudo, com respeito. A Educação de 1º grau, como estava sendo desenvolvida até hoje, tem preocupado os grandes educadores da atualidade, especialmente por notarem que o ensino de 1º grau não tem se preocupado o suficiente com a formação global do indivíduo, e muito menos com o desenvolvimento moral e/ou intelectual do mesmo. Se não houver essa preocupação, fica pouco provável poder esperar, para o futuro, uma nova sociedade, com indivíduos críticos, autônomos e livres. Nesse sentido, o Professor que faz a opção pela Educação Libertadora coloca-se perante os alunos como um Orientador, que estimula e direciona seus alunos para que estes vivenciem o processo natural de desenvolvimento, dentro de um ambiente motivador - no que são apoiados por Ernesto Rosa Neto, Ática, 1991. Nessa interação entre aluno e professor, há o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos, sem a imposição de conceitos sem sentido. O raciocínio lógico irá direcionar o Senso Crítico e Autonomia Moral/Intelectual por toda a vida do educando. Para que a Escola de 1º Grau seja dessa forma coerente com a atualidade, é fundamental que trate todas as disciplinas de forma a relacioná-las com o cotidiano dos alunos, com as novas exigências do mercado, e especialmente com a formação do novo cidadão, o qual será o grande executor da “Transformação da Sociedade”. Salientamos então, a importância de um ambiente escolar favorável, onde haja compreensão da realidade e onde se possa pensar em novas possibilidades, como novas concepções de conhecimento, de ciência e de verdade, preocupação com a solidariedade e com a construção de uma real democracia.

Aperfeiçoamento constante

Antigamente era comum ouvirmos que 'Médico nunca pode parar de estudar e, por isso, é uma profissão muito difícil, sacrificada...'. Felizmente a Humanidade evolui e hoje temos a consciência de que ninguém, absolutamente ninguém, pode parar de estudar. Também a idéia de Aperfeiçoamento mudou. Antigamente essa continuidade nos estudos era tida como um enorme sacrifício, quase que um castigo! Essa impressão distorcida vem-se modificando através dos tempos, mas a passos muito lentos. Poucos se referem à Educação, ao Estudo, como algo prazeroso, gratificante. E isso se nota até mesmo nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Por exemplo, quando há um Feriado e ouvimos comentários do tipo 'Não vai à Escola? Que vida boa!!!'. Tudo isso é cultural, faz parte da nossa História, mas precisa mudar e com urgência! As Famílias precisam se policiar nos comentários feitos em casa, como no exemplo acima e tantos outros, negativos à Escola, ao Estudo. Valores e Hábitos são formados no seio familiar. Uma criança que cresce com conceitos distorcidos sobre Educaçao, certamente será um adulto que pouco irá valorizar ou se importar com a Educação, muito menos com seu próprio Aperfeiçoamento Profissional. Por outro lado, há uma outra concepção também distorcida, que vincula o Estudo à uma alta remuneração futura. Sabemos que isso nem sempre é verdade! O Conhecimento proporciona Liberdade ao Indivíduo. Liberdade de agir, de fazer escolhas, de pensar, de entender e de criticar. A Liberdade Financeira é apenas e tão somente uma conseqüência possível, mas que nem sempre acontece. Quero, neste ponto, me referir a Rousseau quando diz que 'Renunciar à Liberdade é renunciar à qualidade de Homem, aos direitos da Humanidade, e até aos próprios Deveres. Não há recompensa possível para quem a tudo renuncia.' Portanto, renunciar ao Conhecimento é renunciar à própria Liberdade. Gostaria de me dirigir mais especificamente aos Professores. Antes de mais nada, quero dizer que não concordo com o Senso Comum, quando se refere ao Magistério como sendo 'Sacerdócio' - acredito que, com essa expressão, sugere-se um trabalho de doação, quase que sem remuneração - o que é falso! O Magistério é uma profissão como qualquer outra; porém, com alguns ingredientes básicos, fundamentais, como: AMOR pelo Ser Humano, RESPONSABILIDADE pelo Desenvolvimento Individual e Coletivo, PRAZER ao protagonizar a Evolução dos Alunos, SATISFAÇÃO com as conquistas e descobertas que se superam, turma após turma, CONSCIÊNCIA da influência na formação dos novos Cidadãos, integrantes das próximas Sociedades, e muitos outros. Somos, portanto, PRIVILEGIADOS!!! Sim, mas os Professores se sentem desvalorizados, especialmente com relação aos salários... Felizmente existe uma grande parcela da Sociedade que reconhece e valoriza o trabalho do Professor, mas não podemos ser ingênuos: é conveniente para as Classes Dominantes que os Professores se sintam enfraquecidos, com baixa remuneração, convencidos de que não têm importância. Afinal, Professor sem estímulo não se interessa em aperfeiçoamentos, não inova e, consequentemente, continua eternamente reproduzindo a Sociedade exatamente da forma como está, satisfazendo a todas as diferenças e injustiças de uma Sociedade de Classes. Precisamos ter consciência dos fatos, mas uma consciência que nos leve a reverter a situação. Além disso, Respeito só se conquista com competência! Aperfeiçoamento Constante leva à competência e à satisfação pessoal pela conquista do Conhecimento, da Liberdade, da Felicidade e da certeza da possibilidade de colaborar na construção de um Mundo melhor. Assim, o Professor se sentirá fortalecido em seus ideais. Ideais esses que são reconhecidos por Deus, que lhe confiou a Missão de ser Professor. Uma coisa é termos a consciência clara 'do quê e do por quê' da dita desvalorização; outra coisa é se deixar 'apagar', é 'entrar no jogo'! Assim como uma coisa é 'dar aulas'; outra coisa é fazer com que os alunos possam ir muito mais além do que nós, ou do que o Livro Didático... Porém, 'ir além' só será possível ao Professor que se dispuser a continuar se aperfeiçoando cada vez mais, em todos os sentidos! É cursar Graduações e Pós-Graduações, é desvendar os mistérios da Informática, de todas as Tecnologias, é aprender a Cultura e a Língua Estrangeira, é inscrever-se no maior número de Cursos e Treinamentos possíveis, é ler muito, desde Artigos em Jornais e Revistas até Livros - dos mais simples aos mais complexos, é aproveitar e explorar ao máximo todo o material que estiver à mão, é estar disponível para trocar idéias com seus colegas, enfim, é crescer!!! Educação é a mais pura, possível, e necessária, Realidade!

Fazendo ARTE na escola

Iniciaremos nossa reflexão baseando-nos no Art. 3º da Nova LDB, Lei no. 9394 de 20 de dezembro de 1996: ' O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: ... II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber...' No entanto, existe a necessidade de conscientização não só dos educadores, como também de toda a Sociedade. Desse modo, consideramos fundamental opinar sobre a importância da Arte em nossas Escolas. A Educação Artística é extremamente importante para o desenvolvimento global do Ser Humano, devendo ser trabalhada com liberdade e seriedade desde cedo. Fazer Arte é uma das mais ricas formas de expressão de nossos sentimentos. Auxilia, por exemplo, na facilidade (ou não) de expressão escrita, uma vez que esta requer muita imaginação. Falando-se em imaginação, fala-se também na capacidade de lidar com situações difíceis, de improvisar e muito mais. O mercado de trabalho, hoje, exige cidadãos criativos e versáteis - muitos deles podem ser incentivados e estimulados em sua capacidade de criação, nas Salas de Educação Artística. Porém, a avaliação de uma produção artística está ligada à idéia do 'feio' e do 'bonito', a qual está enraizada nas pessoas, o que faz com que estas julguem os trabalhos artísticos de acordo com as suas concepções de beleza. Esse julgamento pode tolher a produção de novos trabalhos - o que é injusto - pois sabemos que os grandes artistas estão sempre buscando a perfeição por si mesmos. A busca da perfeição e da superação dos próprios limites, com a aceitação dos erros, deve ser incentivada desde cedo, pois são valores fundamentais para o desenvolvimento do Ser Humano e consequente crescimento da Sociedade em todos os setores; Sociedade esta que, às vésperas de entrar para o 3º Milênio rejeita, cada vez mais, cidadãos acomodados. Estes e outros valores, bem como a História da Arte no Mundo, vêm ao encontro dos objetivos da nova LDB e dos educadores compromissados com o desenvolvimento da Cultura em geral, visando uma Sociedade mais justa, mais solidária e mais sensível. Aprender a apreciar uma obra de arte desenvolve a sensibilidade. Estudar a História da Arte, além de complementar o ensino de História tradicional, nos faz entender com maior profundidade a evolução humana! Concluindo, a Escola deve sensibilizar pais e alunos na compreensão da importância da Educação Artística, para que esta deixe de ser apenas uma aula de 'desenho livre' e atinja objetivos mais nobres.

Humanidade, Evolução, Regressão...

O Cidadão que compõe a Sociedade de hoje é egoísta, individualista, corrupto, consumista e que se espelha na 'Lei de Gerson', de sempre levar vantagem sobre o outro. Como consequência, notamos pessoas infelizes e distantes umas das outras. Vejamos: a Humanidade vem evoluindo rapidamente através dos tempos, o que é excelente, claro. Porém, com essa Evolução, o Homem perdeu a sensibilidade, a emoção, a Cidadania, revelando o afastamento até mesmo da espiritualidade, independente da Religião. O que quero dizer é que o Homem parece ter ficado seco, duro, insensível, calculista, apesar de mais culto e mais evoluído... Evoluído? Será mesmo que Evoluiu? Essa é uma questão para se pensar mais profundamente... Os valores naturais do 'SER' foram substituídos pelos do 'TER'; o que eu considero uma Regressão e não Evolução... É urgente e unânime a necessidade de mudança. Com isso, todos concordam. Mas... Como? Por onde começar? O que fazer, se percebemos que as próprias famílias estão perdidas? Acredito que o caminho seja a Educação! Me parece muito simplista dizer que a tarefa fica a cargo somente dos Professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. O trabalho é muito maior! Antes de mais nada, é necessário reeducar esse Professor, que está inserido nessa Sociedade à qual me referi até agora. Aí sim, com o Professor reeducado é possível sonhar com crianças que recebam valores muito mais nobres, em seu dia-a-dia. As Famílias, assim, serão também, aos poucos, reeducadas. Justificando essa reeducação, quero frizar que o Professor, como Formador de Opiniões e como Modelo, ensina muito mais por atitudes cotidianas do que por palavras. O trabalho é árduo, porque é difícil para todos nós, adultos, rompermos com os nossos antigos valores que já se encontram cristalizados. O Professor que trabalha com criança precisa, de início, se policiar o tempo todo e em todas as situações, sempre pensando na formação desse novo cidadão que hoje é ainda uma criança. E isso se dá a todo momento, na sala de aula, em qualquer disciplina. Valores como ética, respeito, solidariedade, companheirismo, tolerância, cidadania e amor pelo próximo não podem ser trabalhados de modo estanque: toda hora é hora! No Recreio, nos trabalhos em grupo, no empréstimo de um material, na competição durante os jogos, etc. Acredito que se a criança crescer dentro desse ambiente, irá absorvê-lo com muito mais facilidade e naturalidade e será, com toda certeza, um indivíduo muito melhor do que nós, garantindo assim uma real transformação da Sociedade, a qual, aí sim, poderá ser considerada verdadeiramente EVOLUÍDA!!! ********* Olho: '...o Homem parece ter ficado seco, duro, insensível, calculista, apesar de mais culto e mais evoluído... Evoluído? Será mesmo que Evoluiu? Essa é uma questão para se pensar mais profundamente...' 'É urgente e unânime a necessidade de mudança. Com isso, todos concordam. Mas... Como? Por onde começar? O que fazer, se percebemos que as próprias famílias estão perdidas? Acredito que o caminho seja a Educação!'

Violência: até quando?

Como Cidadã e como Profissional da Educação sou mais uma a tratar do assunto 'Violência' - isto, porque tenho a certeza que quanto mais falarmos, mais próximos chegaremos das soluções... Por outro lado, também sei que só ficar discutindo, de nada adianta! É preciso 'colocarmos a mão na massa' e alterarmos o rumo das nossas próprias vidas, e já! Não dá prá deixar prá depois! Até quando iremos prorrogar atitudes que de fato façam diferença? Até quando ficaremos passivos, assistindo a violência 'do outro lado da tela'? Muito tem-se falado da Violência nas Escolas, mas... gostaria de refletir junto com o leitor: Será mesmo que o problema é exclusividade das Escolas? Na verdade, a Escola é um espelho da Sociedade. E a Sociedade está extremamente violenta! Quando vivíamos sob a Ditadura, a Escola era castradora, como a Sociedade. Hoje, a Educação é desigual, formando diferentes níveis de alunos, a exemplo da nossa Sociedade de Classes. Como esses, temos muitos outros exemplos, recorrendo à História. Voltando à violência em si, fico muito preocupada quando percebo que a opinião pública está se voltando única e exclusivamente para a Escola e para seus próprios jovens (aliás, preferencialmente, os das classes menos favorecidas). Isso é uma inversão de valores! Nós, adultos, não estamos sabendo educar nossos jovens - portanto, a responsabilidade maior é nossa, tanto Família como Escola. Temos visto algumas iniciativas por parte das Autoridades, das Escolas e outras organizações sociais. No entanto, fico pensando até que ponto que essas iniciativas isoladas serão fortes o suficiente para conseguir alterar o rumo das coisas. Assisti recentemente a um Filme Nacional, que na verdade é um romance, mas que chamou minha atenção para a forma realista com que foi tratado o problema da vida na Favela - as Leis internas que dirigem o cotidiano da Favela e por quem são controladas, a naturalidade com que se trata do homicídio, da droga... Saí do Cinema extremamente abalada, pois saí do meu 'mundinho' e pensei: 'As Escolas não estão falando a mesma língua que seus alunos - e esse problema parece eterno!' Acontece que muitas das crianças da Favela nascem e vivem em meio à violência nua e crua, onde é 'normal' ser comandada e aprender a respeitar o traficante, por exemplo. Do mesmo modo, muitas crianças da chamada classe média e alta, nasce e convivem com violências muitas vezes camufladas, mas que não deixam de ser violências. Vamos pensar o que, literalmente, pode ser considerado como um ato violento: Abandono da Família, Não cumprimento de Leis, Humilhação e maus-tratos à Mulher e ao Idoso, Racismo, Discriminação, Autoritarismo, Alcoolismo, e toda e qualquer violação dos Direitos Humanos, em particular, dos Direitos do Estatuto da Criança e do Adolescente, e muitos outros exemplos. Mas a Sociedade assiste ao Noticiário como se a violência estivesse distante de si mesma, como se só 'eles' fossem violentos... quanta ilusão! Volto a insistir - a violência da Escola é o alarme da Sociedade. Não podemos mais aceitar essa qualidade tão baixa de vida. Já é hora de toda a Sociedade se mobilizar e olhar para dentro de si e se reeducar, procurando corrigir suas próprias culpas. A Escola precisa da ajuda das Famílias, pois sozinha é muito difícil mudar a personalidade de um jovem acostumado com a violência. Insisto que precisamos enxergar e reconhecer que o Jovem está apenas reproduzindo o que ele vive, no dia-a-dia. Uma das ações mais louváveis que tenho ouvido ultimamente, é a idéia de se promover cada vez mais, programas de Esporte, de Teatro, de Informática, de Vídeos, de Profissionalização na Escola, fora do horário de aula - tanto em Escolas Públicas como em Particulares. Dessa forma, poderá ser eliminado, ou minimizado, o tempo ocioso do jovem, ocupando-o com atividades produtivas e atraentes. Se o Jovem gostar da Escola, com toda a certeza ele mesmo irá cuidar para que não seja pichada ou depredada. Vamos parar de discutir e passar para ações efetivas, encarando a Juventude como a esperança no futuro e não como um problema atual, até porque, nós o criamos!