quinta-feira, 16 de julho de 2009

A diferença entre saber e pensar

Autonomia = pensar e agir por si próprio; ser independente. Segundo Constance Kamii, em “A Criança e o Número”, significa ser governado por si próprio, ao contrário de Heteronomia, que significa ser governado por outra pessoa. Inicio este artigo levando o leitor a refletir comigo a respeito dessa diferença básica existente entre a educação que leva à heteronomia e a que leva à autonomia da criança e, posteriormente, do adulto.

A educação heterônoma é aquela que trabalha pela memorização de conteúdos, sem muita preocupação com o desenvolvimento do raciocínio lógico e pensamento científico do aluno. No que se refere ao comportamento social, dita regras a serem seguidas cegamente, sem também haver preocupação com a compreensão e adequação social.

Já na educação autônoma, a preocupação central é o desenvolvimento do raciocínio lógico e de levar o aluno à autonomia moral. Detalhando melhor:

O desenvolvimento do raciocínio lógico não se resume, segundo muitos possam pensar, unicamente no ensino da Matemática, dos números... O raciocínio lógico está presente em classificações, seriações, padronizações, quantificações, situações-problema, enfim, em tudo que se possa questionar o porquê! Na observação dos fenômenos científicos, nas causas, efeitos e conseqüências, levantamento de hipóteses, observação, pesquisa, comprovação e conclusão.

Uma coisa é memorizar seqüências de números, continhas... outra coisa é ter noção real e concreta de quantidade e relacioná-la aos símbolos gráficos (numerais), é solucionar situações-problema no dia-a-dia!

Do mesmo modo, uma coisa é memorizar e “recitar” letras do alfabeto; outra coisa é reconhecer os diferentes sons, sabendo associá-los aos símbolos gráficos, resultando posteriormente na escrita e na leitura! O mesmo ocorre em todas as disciplinas.

Na educação autônoma há respeito pelo raciocínio do aluno, não se impõe regras ou conteúdos sem a devida explicação, que deve ser adequada para cada criança em particular, independente da idade cronológica. A idade que importa é a que se refere à maturidade de cada indivíduo.

Uma vez acostumada ao pensamento científico proporcionado pelo desenvolvimento do raciocínio lógico, é coerente que o mesmo aconteça no convívio social. Ou seja, se souber se comportar socialmente e com respeito ao outro, as conseqüências serão agradáveis. Do contrário, se houver falta de respeito para com o próximo, seremos separados do convívio social. Com este conceito, a criança compreende que poderá agir e decidir sobre si, sabendo o que está fazendo e que tipo de conseqüências poderá esperar. Enfatizo neste ponto que tudo, absolutamente tudo que se espera da criança precisa ser combinado com antecedência – caso negativo, será falta de respeito para com a própria criança.

A autonomia na educação pretende levar o aluno à independência cognitiva e moral. Pretende que o aluno estimule o pensamento crítico e não se deixe levar por quaisquer conceitos que venham a ser impostos sem comprovação científica. Pretende que o indivíduo saiba diferenciar atitudes e, com isso, saiba também selecionar companhias, lugares a freqüentar... Pretende que o aluno se torne “bem resolvido”, sabendo fazer suas próprias escolhas sem depender do comando de ninguém.

Em pleno século XXI, não se pode mais conceber a idéia de formar seres que simplesmente reproduzam conceitos e atitudes! A escola tem o dever de formar cidadãos conscientes, ativos, criativos, questionadores e, acima de tudo, sensíveis para com seus semelhantes e responsáveis por suas atitudes!

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