terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Quanto mais conheço os homens, mais eu admiro os animais!"*




* Quanto mais conheço os homens, mais eu admiro os animais!" - Autor genial dessa frase e, infelizmente, desconhecido!

Inveja, ciúme, ganância, poder, chantagem, raiva, falsidade, traição, vingança e tantos outros sentimentos somente fazem parte do conhecimento humano, dos animais ditos racionais. Interessante isso, não? Triste, muito triste, eu diria. Os animais matam, cercam suas presas, mas o jogo é aberto. Todos conhecem os predadores e se protegem deles. Já na raça humana, o jogo é para jogadores, não para pessoas de bem, que são muitas vezes devoradas sem nem saber por quem.

Desta vez o artigo está “amargo”, diriam alguns. Entretanto, é preciso falar também daquilo que nos é amargo, para tentarmos refletir e tomar atitudes com a educação de nossas crianças e jovens, pelos quais somos todos responsáveis – pais e educadores.

Se agirmos de modo a dar força aos nossos sentimentos “pesados”, digamos assim, estaremos dando esse exemplo em casa, na escola, ou onde estivermos. A partir do momento em que nos tornamos pais ou educadores, todas as nossas atitudes farão parte do mundo de nossas crianças. O psicólogo Lev Vygotsky, define muito bem essa influência, comprovando que “o sujeito é produto do meio em que vive”. Se a criança vive num meio onde presencia falta de respeito entre as pessoas, traição, agressividade, inveja etc, passará a agir assim naturalmente, achando que é tudo normal, que é normal lançar mão de todo e qualquer artifício, caso seja em benefício próprio.

É evidente que, sendo humanos, somos suscetíveis a todos os sentimentos – ditos “bons” ou “maus”. O segredo está no controle. Controle da inveja, da maldade, da raiva, da vingança. Há momentos de raiva, que nos fazem tomar atitudes. Todos precisamos de uma certa dose de agressividade para discutir e fechar um negócio, por exemplo. Alguém precisa de um certo poder para liderar uma equipe, mas ninguém precisa chantagear, trair ou se vingar de ninguém, em momento algum. Ninguém precisa ser falso para jogar com as pessoas e ninguém precisa humilhar ninguém! O problema está na dose de agressividade e dos outros sentimentos razoavelmente necessários em nosso dia-a-dia. O problema está em usar esses sentimentos para prejudicar quem quer que seja. A competição pode ser muito positiva, se for leal, se for para o crescimento e não para a destruição de ninguém!

O maior problema de todos, é ensinar às nossas crianças que está certo “dar o troco”, se vingar. “Levou um chute hoje? Vai lá amanhã e desconta nele! Delate, agrida também!”

Mas o pior mesmo é observarmos como está nossa sociedade, é notarmos que cada vez mais as pessoas se odeiam, traem, humilham, sem nenhum peso na consciência! A sobrevivência, para o ser humano, tem sido a sobrevivência do seu próprio bem estar e o resto não interessa. Ninguém se importa com ninguém!

Falando em inveja, logo nos lembramos do sentimento mais conhecido de ciúme exagerado, de querer ter a bolsa bonita que a outra tem. Essa inveja é quase que inofensiva. Me refiro àquela inveja surda, omissa e por isso mesmo mais perigosa. É a inveja que a esposa sente do marido bem sucedido, apesar de desfrutar dos benefícios disso. Essa inveja se manifesta em boicote, sendo uma atitude surda, disfarçada, louca! Não faz sentido, como não faz sentido um irmão com inveja do sucesso, beleza, ou habilidade esportiva de um outro irmão e aí faz de tudo para criticá-lo, encontrar defeitos, trair, mentir, omitir...

O que será que faz um ser humano odiar o outro e ser capaz das piores atrocidades justamente contra aquele que lhe faz tanto bem? Não tenho a resposta, apenas observo e me preocupo com nossa raça “dita” humana!

Senhores animais, minha admiração por seu mundo irracional e selvagem!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pai e Mãe: é permitido errar!


Tenho pensado muito ultimamente neste assunto: será que nos é permitido “errar”? Sim, é permitido, uma vez que somos seres humanos e, como tal, imperfeitos! Não temos sempre todas as respostas, estamos envolvidos emocionalmente com nossos filhos e por isso mesmo podemos errar, mesmo que estejamos tentando acertar!
Amamos, amamos incondicionalmente, desejamos ter nossos filhos – mesmo que não tenham sido planejados – sonhamos para eles “ o mundo” e nos preocupamos em proporcionar-lhes esse mundo. Criamos nossos pequenos baseados em um modelo familiar justo, honesto, cordial e transbordando de amor. Muitos de nós chegamos ao exagero de querer cobrir os filhos de bens materiais em excesso, mas esse assunto já foi abordado outras vezes, por ser bastante delicado e não vem ao caso hoje. Hoje estou falando daquela mãe, daquele pai que ama, protege, projeta em seu filho seus próprios desejos e frustrações sem o perceber!
Enquanto bebê é muito fácil, não é mesmo? Nessa fase, o maior erro que podemos cometer é o de deixá-los trocar o dia pela noite, numa demonstração exagerada de cuidados de nossa parte, que geram os mimos do bebê. Entretanto, o bebê cresce e começa a mostrar que tem vontades próprias, que pensa, que é egoísta, apesar de meigo etc. É aí que começam os nossos problemas – e erros! Erros? Não!
Não são exatamente “erros”, se não tivermos consciência deles. Serão erros se, depois de conscientes, não tomarmos providências. Aí sim serão erros praticados com consciência – mas ainda assim, passíveis de tolerância, uma vez que não somos perfeitos. Mas podemos refletir a respeito, fazer uma pequena retrospectiva de nossas vidas desde que nos tornamos pais (ou desde que éramos filhos) e tentarmos compreender o que houve, onde e quando foi que erramos, partindo para a solução da forma mais acertada possível.
Algumas situações comuns, que fazem com que nossos olhos fiquem embaçados perante os acontecimentos: quando a criança é muito independente e nos orgulhamos disso, dando a ela total liberdade de ação, para que no futuro saiba como se cuidar. Cuidado! Podemos perder o controle dessa independência e deixamos de considerar que, apesar de independente, a criança não tem vivência e nem experiência suficientes para seguir em frente sozinha. Que isso pode levá-la à soberba, não considerando que todos dependem e necessitam uns dos outros, que o respeito se baseia no “respeitar e ser respeitado”...
Por outro lado, se ela for extremamente insegura, dependente, podemos super protegê-la e não permitir jamais que tome a iniciativa ou a decisão por si própria, deixando que se transforme em um adulto inseguro, dependente e passivo perante a vida, esperando sempre que as decisões caiam do céu para que não precise se comprometer.
O mesmo ocorre com a criança muito inteligente, que passa a acreditar que já sabe tudo e que, do mesmo modo, não teve experiência de vida – além do que, não considera que “ninguém” sabe tudo. Esta criança pode se tornar um adulto intolerante com o diferente, pode não saber lidar e conviver harmoniosamente com pessoas que pensem e ajam de modo diferente, ou com alguma dificuldade, etc.
Por outro lado, se ela apresentar dificuldade de aprendizagem, mais uma vez, por excesso de amor e proteção, podemos potencializar essa dificuldade, criando ainda o medo. Medo de se expor, medo de se relacionar, etc.
São infinitos exemplos que poderiam ser citados aqui, mas a intenção é unicamente de refletir com o leitor a respeito da importância da educação e do manejo com nossos filhos, desde bem pequenos. De mesma importância é a tolerância conosco, ao percebermos falhas que cometemos involuntariamente e por excesso de zelo e amor.
Muitas vezes, os próprios pais se tornam vítimas dos seus filhos, depois de criados. Estes, mostram-se implacáveis com o “dedo indicador”, considerando que passaram a ter o direito de julgar e ditar as regras. Se agirem assim, nós somos os únicos responsáveis, apesar de não termos nos dado conta. Nós os criamos! Os filhos são o resultado do que fizemos deles...
É preciso pensar objetivamente no problema, seja ele qual for e partir para a solução – se houver, evidentemente. Muitas vezes as conseqüências de nossos pequenos enganos na educação tornam-se eternas – por isso a importância do tema.
Geramos e educamos filhos para o mundo, mas com valores e princípios que vêm do berço que nós preparamos para eles. Resta saber que tipo de ser humano pretendemos deixar para a sociedade e para nós...
Obs.: encerro o texto com reticências, já que ninguém tem as respostas – afinal, o que é “certo ou errado” quando se fala em amor?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Chantagem com os filhos? NÃO!




Chegamos a um assunto bastante delicado e difícil para desenvolver: a questão da chantagem com as crianças! Refiro-me a chantagem mesmo, aquela que compra, deliberadamente, um comportamento, atitude, tudo enfim! Esse tipo de negociação deturpa a relação entre pais e filhos, ensina a negociar o que jamais poderia ser negociado: EDUCAÇÃO E RESPEITO!
Em plena era das inteligências múltiplas, em que pais preocupam-se em selecionar escolas que valorizem o desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento, nos deparamos, por outro lado, com os mesmos pais subestimando a inteligência de seus filhos, aplicando a negociação ao invés da educação pelo respeito, aquela que prioriza a autonomia moral e intelectual de seus filhos.
Existem diferentes formas de se lidar com situações parecidas e é a forma diferente que irá taxar a atitude de chantagem ou não (para crianças a partir dos 4 ou 5 anos, mais ou menos). Explicando melhor:
A criança não se comporta bem à mesa, na presença de visitas. Faz malcriação, não come direito, responde, enfim, tudo aquilo que envergonha os pais. O que fazer? Frase típica: “se você não se comportar, vai ficar sem andar de bicicleta uma semana!” ou “se você se comportar, depois eu te compro um brinquedo de presente.” >>> resultado: nunca mais, em nenhuma situação, a criança irá atender aos pais sem que haja uma negociação por trás. Pior que isso: conforme for crescendo, o valor de compra/venda vai aumentando e se torna um tormento – mesmo porque, na vida “real” a negociação é outra e o indivíduo é excluído ou marginalizado, caso não se adapte às regras. Aí, os pais que já não agüentam mais a situação, perdem a cabeça e batem ou brigam, agridem etc. Tudo errado, desde o princípio!
Esta criança precisa aprender a se comportar por si mesma, ser incentivada a ter vontade própria, desde que adaptada ao meio, já que é um ser humano que vive em sociedade. É na família que estão as primeiras regras sociais que ele deverá aprender e decidir aceitá-las ou não. Sim, é sempre dada a oportunidade de escolha “orientada, cuidada”. Entretanto, tudo na vida tem conseqüências e este exemplo não foge à regra.
Agora, um exemplo de situação que desenvolve a idéia de autonomia para a escolha: “Para que você possa ficar conosco à mesa, deverá agir assim e assim... caso não consiga, não poderá estar entre nós e ficará em seu quarto, esperando que termine o jantar. O que prefere? Ficar? Sabe qual é a regra claramente? Não quer ficar? Sabe que ficará no quarto, sem nenhum brinquedo, sem companhia e sem nada para fazer?” Pronto! Está feito! Se ficar à mesa bem, não precisará ser presenteado por bom comportamento. A satisfação é o comentário positivo dos pais, sem exageros, depois do jantar. Se começar se comportando bem e ficar mal depois, só o fato de olhar nos olhos dos pais já saberá o que deve fazer para continuar lá ou não. Se não se comportar, o fato de ir para o quarto não é um “castigo” e sim uma sanção, uma conseqüência daquilo que ela, criança, escolheu para si. Com o tempo, aprenderá facilmente que as conseqüências são de acordo com as escolhas que ela faz e, assim, não irá culpar a terceiros por suas chateações. Erra quem pensa que a criança não compreende se for explicado desde tenra idade. O grande erro é mimar, castigar, comprar, chantagear enquanto bem pequenos e depois, de uma hora para a outra, querer dialogar... Sempre digo que o hábito do diálogo em família já começa na gestação! Depois, pode ser tarde!
Tem se difundido a atitude de atribuir pontos às crianças, como forma de “espelho” de seu comportamento. Não há problemas, isso pode ser feito. Entretanto, precisa ser bem feito para que não tenha conseqüências desastrosas. O prazer da criança deve ser, antes de mais nada, pelo reconhecimento de suas boas atitudes e satisfação de todos à sua volta. Ser gratificada com meia hora a mais de televisão, por exemplo, pode ser usado esporadicamente e de preferência como uma surpresa pela satisfação dos pais! O que não se deve fazer é recompensar a criança com objetos materiais, para que não se evidencie a chantagem e a negociação propriamente ditas. Volto a dizer: com o tempo o preço sobe, como a inflação! As conseqüências para uma criança que está em formação de caráter, podem ser desastrosas.
Basicamente, o que mais falta na educação das crianças, em família, é o estabelecimento prévio de regras claras, ditas de modo que a criança entenda. É preciso repetir algumas vezes para serem memorizadas. Quais são as atitudes esperadas à noite, em casa? Horário e local de lição de casa, de banho, de jantar... horário de brincar, tudo enfim! Muitas vezes a criança erra por total desconhecimento do que seria esperado dela. É esperado respeito e obediência pelos pais ou é normal a falta de respeito, os gritos, as interrupções? Depende da família, já que a criança é um ser novo que surge com a família já formada. O que não se pode, é dar exemplo de uma coisa e exigir outra. Os pais são o modelo para os filhos e as crianças repetem fielmente o que vêem, até porque aprendem muito mais com os exemplos do que com discursos! Vamos pensar nisso?