quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pai e Mãe: é permitido errar!


Tenho pensado muito ultimamente neste assunto: será que nos é permitido “errar”? Sim, é permitido, uma vez que somos seres humanos e, como tal, imperfeitos! Não temos sempre todas as respostas, estamos envolvidos emocionalmente com nossos filhos e por isso mesmo podemos errar, mesmo que estejamos tentando acertar!
Amamos, amamos incondicionalmente, desejamos ter nossos filhos – mesmo que não tenham sido planejados – sonhamos para eles “ o mundo” e nos preocupamos em proporcionar-lhes esse mundo. Criamos nossos pequenos baseados em um modelo familiar justo, honesto, cordial e transbordando de amor. Muitos de nós chegamos ao exagero de querer cobrir os filhos de bens materiais em excesso, mas esse assunto já foi abordado outras vezes, por ser bastante delicado e não vem ao caso hoje. Hoje estou falando daquela mãe, daquele pai que ama, protege, projeta em seu filho seus próprios desejos e frustrações sem o perceber!
Enquanto bebê é muito fácil, não é mesmo? Nessa fase, o maior erro que podemos cometer é o de deixá-los trocar o dia pela noite, numa demonstração exagerada de cuidados de nossa parte, que geram os mimos do bebê. Entretanto, o bebê cresce e começa a mostrar que tem vontades próprias, que pensa, que é egoísta, apesar de meigo etc. É aí que começam os nossos problemas – e erros! Erros? Não!
Não são exatamente “erros”, se não tivermos consciência deles. Serão erros se, depois de conscientes, não tomarmos providências. Aí sim serão erros praticados com consciência – mas ainda assim, passíveis de tolerância, uma vez que não somos perfeitos. Mas podemos refletir a respeito, fazer uma pequena retrospectiva de nossas vidas desde que nos tornamos pais (ou desde que éramos filhos) e tentarmos compreender o que houve, onde e quando foi que erramos, partindo para a solução da forma mais acertada possível.
Algumas situações comuns, que fazem com que nossos olhos fiquem embaçados perante os acontecimentos: quando a criança é muito independente e nos orgulhamos disso, dando a ela total liberdade de ação, para que no futuro saiba como se cuidar. Cuidado! Podemos perder o controle dessa independência e deixamos de considerar que, apesar de independente, a criança não tem vivência e nem experiência suficientes para seguir em frente sozinha. Que isso pode levá-la à soberba, não considerando que todos dependem e necessitam uns dos outros, que o respeito se baseia no “respeitar e ser respeitado”...
Por outro lado, se ela for extremamente insegura, dependente, podemos super protegê-la e não permitir jamais que tome a iniciativa ou a decisão por si própria, deixando que se transforme em um adulto inseguro, dependente e passivo perante a vida, esperando sempre que as decisões caiam do céu para que não precise se comprometer.
O mesmo ocorre com a criança muito inteligente, que passa a acreditar que já sabe tudo e que, do mesmo modo, não teve experiência de vida – além do que, não considera que “ninguém” sabe tudo. Esta criança pode se tornar um adulto intolerante com o diferente, pode não saber lidar e conviver harmoniosamente com pessoas que pensem e ajam de modo diferente, ou com alguma dificuldade, etc.
Por outro lado, se ela apresentar dificuldade de aprendizagem, mais uma vez, por excesso de amor e proteção, podemos potencializar essa dificuldade, criando ainda o medo. Medo de se expor, medo de se relacionar, etc.
São infinitos exemplos que poderiam ser citados aqui, mas a intenção é unicamente de refletir com o leitor a respeito da importância da educação e do manejo com nossos filhos, desde bem pequenos. De mesma importância é a tolerância conosco, ao percebermos falhas que cometemos involuntariamente e por excesso de zelo e amor.
Muitas vezes, os próprios pais se tornam vítimas dos seus filhos, depois de criados. Estes, mostram-se implacáveis com o “dedo indicador”, considerando que passaram a ter o direito de julgar e ditar as regras. Se agirem assim, nós somos os únicos responsáveis, apesar de não termos nos dado conta. Nós os criamos! Os filhos são o resultado do que fizemos deles...
É preciso pensar objetivamente no problema, seja ele qual for e partir para a solução – se houver, evidentemente. Muitas vezes as conseqüências de nossos pequenos enganos na educação tornam-se eternas – por isso a importância do tema.
Geramos e educamos filhos para o mundo, mas com valores e princípios que vêm do berço que nós preparamos para eles. Resta saber que tipo de ser humano pretendemos deixar para a sociedade e para nós...
Obs.: encerro o texto com reticências, já que ninguém tem as respostas – afinal, o que é “certo ou errado” quando se fala em amor?

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