Está aí uma resposta difícil e por
isso convido o leitor a pensar comigo e tirar suas próprias conclusões. Vamos começar nossa reflexão com a definição
de ambos os termos: Eficaz / Eficiente.
Segundo Paulo
Krieser, mestrando em Administração de Empresas pela USP e Graduado em Ciência
da Computação pela UFRGS: “Para fins de analogia e exemplificação,
podemos dizer que a eficiência é cavar,
com perfeição técnica, um poço artesiano; eficácia é encontrar a água.”
Transferindo a definição para o
nosso tema, sobre o professor em si, inicio pensando no professor “certinho” e
naquele que de fato funciona, ensina, desenvolve, marca a vida do aluno. Entretanto, não se engane! Um não exclui o outro, evidentemente! Tem sido em torno de 30 anos de experiência
em contato com a educação de crianças e jovens e, nessa caminhada, tenho
encontrado ambos: os professores eficientes e os eficazes sendo que,
infelizmente muitos ineficientes e ineficazes.
O professor eficiente é o que segue
todas as regras da escola, o programa a ele conferido, faz a chamada, revisa
conteúdos, elabora boas atividades, enfim, cumpre de forma eficiente todas as
suas atribuições.
O professor eficaz é o que consegue
resultados efetivos! É o que se importa
com a aprendizagem e bem estar de seus alunos.
Seguem alguns exemplos para facilitar o entendimento:
Professor eficiente: recebe um programa, lê, planeja a aula. Segue rigorosamente os passos de sua
aula. Planeja e aplica avaliações, cumpre
com prazos. Usa o mesmo planejamento e
técnicas para todas as turmas. Canta
músicas, lê histórias, realiza experimentos ou o que for relativo à idade e
programa de sua turma. Mantém sua sala
em ordem, atende às expectativas da Direção Pedagógica. Deixa a escola e recomeça o ciclo. O professor eficiente transmite conhecimento
e seus alunos aprendem (ou não).
Professor eficaz: recebe o mesmo programa, estuda, analisa,
imagina sua sala de aula, preocupa-se em como fazer, que estratégias usar para
envolver seus alunos com aquele conteúdo.
Preocupa-se com os alunos que prontamente atendem às expectativas e,
principalmente, com os que certamente terão dificuldades. Ele tem o “passo a passo” de sua rotina
escolar, mas ao planejar adéqua esses passos ao tempo de concentração da
classe, à realidade diferente de cada turma.
Auto avalia-se a todo instante, bem como a seus alunos. Checa se as estratégias estão de acordo, se o
programa em si aplica-se para cada realidade, se os alunos respondem ao novo
aprendizado. Mantém registros de sua
própria observação. Olha para os alunos
como seres individuais, percebe reações de cada um de do grupo. Sua sala de aula é mantida de forma
apropriada para a aprendizagem, tanto em relação ao apelo visual quanto aos
materiais a serem manipulados e utilizados para enriquecimento da turma. Diverte-se ao ler histórias, cantar músicas,
sempre dá um brilho a mais para os olhos curiosos de seus alunos em
experimentos, envolve a todos com o prazer pela conquista do aprendizado. Também cumpre prazos, vai além das
expectativas da Direção Pedagógica.
Deixa a escola revivendo cada minuto, avalia-se novamente, programa-se
para o próximo dia, estuda a matéria, prepara-se, preocupa-se e elabora
estratégias para certificar-se de estar atingindo a todos os seus alunos. Acima de tudo, o professor eficaz provoca a
curiosidade dos alunos! O professor
eficaz acompanha resultados aula a aula.
Participa da construção, observa o desenvolvimento, o funcionamento da
construção do conhecimento!
Resumindo, “eficiência não comprova
eficácia” (Jim Leary). Ou seja, o
professor eficiente dá a aula, não necessariamente atinge os objetivos a ele
conferidos. O professor eficaz é o que
atinge objetivos ou, ao menos, faz tudo o que estiver ao seu alcance para
atingi-los. Muda estratégias, pesquisa, vai
além de seu próprio conhecimento, não se conforma com a horrível frase popular “eu
finjo que ensino e eles fingem que aprendem”.
Em suma, “Eficácia é comprovada pelo alcance do aluno em sua
aprendizagem e não pela eficiência do professor” (Jim Leary).
Qual é a diferença entre eles? Um é eficiente e o outro é eficaz. Um é professor e o outro é educador,
respectivamente. Conforme Rubem Alves, a diferença entre professor e educador é
definida entre um e outro em seu livro “Conversa com quem gosta de ensinar”. Neste livro Rubem Alves enfatiza: “professor
é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao
contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor,
de uma grande esperança.” Professor, segundo o autor, são como
eucaliptos plantados por um motivo, enfileirado, descartável e com uma
finalidade meramente comercial, econômica, trata-se de um funcionário de uma
instituição submetido ao ritmo do sistema e ao tempo das máquinas. Educador por
outro lado são como jequitibás, belos e raros; definidos pela suas paixões, sonhos
e esperanças. O mundo mudou: jequitibás foram ao chão e em seu lugar foram
plantados eucaliptos. Educadores deixaram de existir, em seu lugar professores.
Não quero concordar com
Rubem Alvez quando diz que Educadores deixaram de existir. Quero e preciso, como Educadora, acreditar
que os Educadores estão todos aí, esperando pelo grande momento em que irão
despertar seus alunos para a imensa responsabilidade e alegria de compartilhar,
provocar, assistir a construção da sociedade!
Nota importante: muitas vezes esse momento da transformação de
professor eficiente para eficaz depende de uma Coordenação ou Direção
Pedagógica eficaz!