quinta-feira, 25 de março de 2010

Mamãe, Papai, vamos brincar?


Quem, entre os pais, não está habituado a esse pedido das crianças? E o que fazer? Como, quando e quanto brincar com os filhos? “Bastante”, eu diria! Entretanto, “bastante” não significa o tempo todo!


Refletindo um pouco sobre o assunto, chegamos à conclusão que, como quase tudo na vida, o ideal é o meio termo: nem muito e nem pouco! É realmente importante e fundamental que os pais reservem parte de seu tempo para as crianças. O momento da brincadeira, além de lúdico e divertido, se mostra extremamente importante para análise e observação da criança: como ela se comporta perante um jogo, se consegue seguir regras, se pensa a brincadeira com lógica, se consegue focar no objetivo do jogo, se faz o jogo simbólico – atribuir significado a objetos, por exemplo. Como anda a criatividade da criança, a disposição, o equilíbrio, a capacidade de movimentos, enfim, são habilidades e características diversas e variadas, todas observadas durante a brincadeira! Há ainda a oportunidade de proximidade dos pais durante algo que seja do mundinho deles! É o papai e/ou a mamãe participando de seu mundinho, dando importância às suas coisas! Uma relação saudável entre pessoas vem de um compartilhamento de mundos, ideias, gostos e até mesmo de discórdias! Assim se inicia, por exemplo, o hábito de diálogo e envolvimento familiar!

Pois bem, isto posto, vamos falar agora sobre a dosagem desse tempo dedicado às crianças. Ocorre que muitas vezes notamos exagero e preocupação em entreter a criança o tempo inteiro, sem folga, como se o mundo fosse um parque de diversões constante, ou que todas as pessoas que convivem com a criança não tivessem outra coisa a fazer, senão brincar e entretê-la!

Não é por termos nos tornado mães ou pais, que deixamos de ser homens e mulheres, profissionais, que têm amigos, que também gostam de compartilhar e conviver com outras pessoas, ir a lugares apropriados para adultos, etc. Não admitir isso pode levar ao desprazer em estar com a criança. O contato e participação dos pais deve existir, mas por prazer e não por obrigação!

Vem então a questão: como dosar de maneira justa? “Por quanto tempo é necessária minha presença e participação nas brincadeiras do meu filho?” Não existe receita pronta, mas vale lembrar que o bom senso pode ajudar! Afinal, é extremamente importante que a criança aprenda também a se entreter sozinha! A ultrapassar obstáculos e desafios sozinha, a buscar criatividade para esse brincar, a ter seus momentos de concentração ao folhear um livro, por exemplo, ou a fazer um desenho que representa algo importante para ela!

Os adultos, muitas vezes, interferem, fazem as coisas pela criança e tiram dela a oportunidade de fazer por si. “Sozinhos” num parque, por exemplo, terão que fazer amizade, caso queiram se divertir em grupo! Se a mamãe ficar o tempo todo brincando com a criança no parque, ela não precisará sair de seu local confortável e seguro, tendo que ir buscar, sair de si, tornar-se ativo. Permanece confortavelmente brincando com a mamãe e pronto!

No caso de irmãozinhos, se precisarem um do outro para brincar, podem aprender a não resolver as coisas brigando, o que significaria brincar sozinho. Disputando sim, mas com limites que não os levem a agressão ou ao desprazer em estarem juntos.

O ser humano é acomodado e se não for “obrigado” a tomar atitudes, pode ficar comodamente parado em uma determinada situação! As crianças não fogem dessa regra! Precisamos deixá-los crescer, aprender a buscar caminhos, a fazer escolhas desde cedo! O convívio social e a troca entre crianças da mesma idade (ou não) é muito rica para todos! Assim se aprende, assim se cresce!

Na escola, normalmente a criança aprende que tem hora para tudo. Em casa pode e deve ser assim também! Há o momento de brincar com os pais, de se divertir, mas há também o momento de brincar sozinho e deixar que os pais possam, por exemplo, dar atenção a visitas em casa, ou de conversarem sobre seus assuntos, etc. Nos finais de semana é a mesma situação: um pouco de brincadeira e diversão com os pais e outro pouco sozinhos ou buscando companheiros de sua idade.

Os filhos precisam compreender como funcionam as regras sociais desde cedo. As pessoas e o mundo não estão a seu serviço! Eles fazem parte, mas não são o centro das atenções durante 100% do tempo, entre 100% das pessoas!