sábado, 7 de agosto de 2010

“Educar é a melhor forma de proteger” (*)

Está em discussão a validade de se aprovar ou não o projeto de Lei que proíbe qualquer forma de punição física a crianças e tive a oportunidade de ler a opinião do Dr. Lino de Macedo no jornal Folha de São Paulo de 31/julho, que afirma que a lei não soluciona os problemas da infância – com o que concordo totalmente.
Diz o professor Lino, na conclusão de seu artigo: “Como não substituir a violência física pela sedução, por promessas que criam ilusões, que confundem? Penso que, hoje, os problemas da sedução, assédio, indiferença, permissividade e omissão dos adultos em relação às crianças e jovens são tão graves ou mais do que o das palmadas.”
Evidentemente, não estamos falando de espancamentos e sim de palmadas ou surras “caseiras e rotineiras”. Nós, educadores, muito discutimos a respeito de como educar os pais e até mesmo professores desavisados a respeito da melhor forma de se educar uma criança, sem que se recorra a agressão física, mas também e principalmente a agressão moral e emocional, muitas vezes mais prejudicial e que deixa marcas muito mais profundas do que uma simples e eventual palmada.

No Brasil há uma distorção muito grande do conceito de “autoridade e autoritarismo” e então notamos que essa confusão chegou aos pais e a muitas escolas despreparadas. Ter autoridade e mostrar limites faz com que a criança se sinta segura e saiba se movimentar e agir com autonomia. O autoritarismo leva a criação de “robôs”; ou seja, de indivíduos sem nenhum senso crítico, atitude ou iniciativa. Há ainda aqueles que, temerosos tanto de um quanto de outro, recorrem à permissividade ou ao abandono, gerando jovens sem a menor noção de limites ou respeito. Há ainda os chantagistas e muitos outros.

O prof. Lino discorre sobre o assunto com tamanha nitidez que não me atrevo a me estender mais sobre o assunto. Prefiro indicar a leitura de seu texto, que questiona as artimanhas que muitos pais e professores utilizam para conseguirem momentaneamente o que desejam sem, no entanto, educarem as crianças.

Sugiro então o link http://blogdofavre.ig.com.br/2010/07/deve-ser-aprovado-o-projeto-de-lei-que-proibe-punicao-fisica-a-criancas/ onde o leitor poderá, no início, ler a argumentação favorável à lei e, em seguida, a opinião do Prof. Lino de Macedo. Sem dúvida nenhuma, leitura obrigatória para quem deseja iniciar uma reflexão a esse respeito, revendo seus conceitos e tomando consciência de que a educação (no sentido amplo da palavra) prévia de uma criança é o meio mais eficaz de se garantir jovens e adultos equilibrados e respeitosos.

(*) LINO DE MACEDO é professor titular de psicologia do desenvolvimento do Instituto de Psicologia da USP e membro da Academia Paulista de Psicologia.