sábado, 2 de outubro de 2010

“O essencial é invisível aos olhos” em O Pequeno Príncipe

É incrível como Antoine de Saint-Exupéry soube falar de sentimentos e de vínculos em sua obra mundialmente conhecida! E como se mostra a nós, diariamente. Tive, esta semana, uma experiência que já vinha acontecendo há algum tempo, mas que se materializou exatamente ontem, 6ª. feira! Recebi uma linda florzinha de jardim de um garotinho de 4 anos e, em seguida, um cartão todo pintado por ele e com as letras, todas misturadas e significando nossos nomes: o meu e o dele! Tudo isso acompanhado de abraço e beijo, vindos de uns olhinhos azuis irresistíveis!

Mas o que eu quero salientar aqui, é o vínculo, é o “tornar-se responsável por aquilo que cativas”, é o tornar-se importante para alguém! Isso tudo, em minha profissão, dirigindo escolas! Tarefa difícil? Não para com as crianças que têm olhos de ver! Olhos puros, capazes de enxergar o essencial que os adultos muitas vezes não enxergam. Tenho diariamente manifestações como esta, mas ontem, mais sensibilizada, o garotinho me emocionou!

Em minha função, diariamente trabalho colocando limites nos procedimentos das crianças e com este, em particular, precisei ser bastante firme durante seu período de adaptação, quando ele sofria desde os 2 aninhos para separar-se de seus pais ao ficar na escola, mesmo sabendo o quanto a escola seria divertida e quantos amigos seriam seus companheiros durante o período em que lá estivesse! O interessante é que ele, hoje, está sempre buscando meu olhar, para o qual recebo em contrapartida, um sorriso e um brilho nos olhos que são sua marca registrada! Ele tinha muita vontade de conseguir ficar na escola, mas não conseguia isso sozinho! Precisava de uma mão forte a conduzi-lo, a dar-lhe a segurança que tanto necessitava! E ele conseguiu! É um vencedor!

Decidi relatar isso, para discutir mais uma vez a importância de sermos “guias” de nossas crianças! Eles querem e precisam disso. Só não sabem demonstrar. Ser firme, olhar nos olhos deles limitando, mas ao mesmo tempo dizendo com nosso olhar que os amamos, que acreditamos neles, que sabemos que aquilo é possível a eles de ser feito! As crianças precisam não só dos limites e das direções a serem seguidas, mas também de nossa demonstração de confiança, de amor e de segurança! Mais ou menos como se disséssemos: “Vá em frente, te amo e sei que você consegue! Você é capaz! Não há perigo, confie em mim!” Isso tudo é sentimento que não se expressa muitas vezes em palavras, mas no olhar, no toque, naquilo que não está verbalizado e que só a criança, pura, inocente e sensível consegue enxergar, sentir, perceber!

Para tanto, mais do que simplesmente “gostar de criança” como se gosta de um bonequinho, é preciso estar envolvido e compromissado com o desenvolvimento do ser humano, é preciso ser apaixonado pela educação como um todo, é necessário sentir-se responsável por “crescer” uma criança de modo a deixá-la livre, independente, feliz, emocionalmente equilibrada e bem resolvida consigo mesma e nos relacionamentos sociais que irá levar para toda sua vida! É preciso que a criança confie em si, aprenda a se conhecer em suas habilidades e necessidades, fraquezas, assim como ser flexível para conquistar esse mundão aí fora!

Com a modernidade, passou-se a idéia de que crianças são bonequinhos bonitinhos, absolutamente dependentes e incapazes de serem felizes sem nossa interferência, bobinhos e manipuláveis! Criança nenhuma gosta de se sentir assim! São lindos, é verdade, mas nem por isso deixam de ser Seres Humanos no mais pleno desenvolvimento! São muito mais capazes do que nós! Perdem a sensibilidade por culpa nossa! Sempre gostei de ouvir a opinião das crianças sobre diversos assuntos – experimente!

O que quero dizer, é que se torna essencial que passemos a ter um olhar de respeito para com os seres humanos ditos “crianças”! É preciso que voltemos a ser seus gurus, seu porto seguro para onde eles possam voltar sempre que necessário, mas que não deixemos de ser aqueles incentivadores responsáveis e seguros do que estamos fazendo e do que é certo ou errado, possível ou impossível para eles, para nós!

Já é tempo de deixarmos de subestimar a inteligência e capacidade infantis! Eles são seres prontos para assumirem responsabilidades, para terem discernimento, para buscarem ajuda quando necessitam! Não estou falando de abandono para que eles encontrem seus caminhos! Estou falando de acompanhamento responsável, sem que a liberdade e a própria natureza possam agir a favor de nossos pequenos! Afinal, “o essencial é invisível aos olhos”! Quanto ao “meu” garotinho, serei eternamente responsável por aquilo que cativei, mesmo antes da florzinha do jardim (e que não é a rosa)!

Site oficial do “Pequeno Príncipe”: http://www.opequenoprincipe.com/

"Toda pessoa grande foi criança um dia... Mas poucas se lembram disso"

sábado, 7 de agosto de 2010

“Educar é a melhor forma de proteger” (*)

Está em discussão a validade de se aprovar ou não o projeto de Lei que proíbe qualquer forma de punição física a crianças e tive a oportunidade de ler a opinião do Dr. Lino de Macedo no jornal Folha de São Paulo de 31/julho, que afirma que a lei não soluciona os problemas da infância – com o que concordo totalmente.
Diz o professor Lino, na conclusão de seu artigo: “Como não substituir a violência física pela sedução, por promessas que criam ilusões, que confundem? Penso que, hoje, os problemas da sedução, assédio, indiferença, permissividade e omissão dos adultos em relação às crianças e jovens são tão graves ou mais do que o das palmadas.”
Evidentemente, não estamos falando de espancamentos e sim de palmadas ou surras “caseiras e rotineiras”. Nós, educadores, muito discutimos a respeito de como educar os pais e até mesmo professores desavisados a respeito da melhor forma de se educar uma criança, sem que se recorra a agressão física, mas também e principalmente a agressão moral e emocional, muitas vezes mais prejudicial e que deixa marcas muito mais profundas do que uma simples e eventual palmada.

No Brasil há uma distorção muito grande do conceito de “autoridade e autoritarismo” e então notamos que essa confusão chegou aos pais e a muitas escolas despreparadas. Ter autoridade e mostrar limites faz com que a criança se sinta segura e saiba se movimentar e agir com autonomia. O autoritarismo leva a criação de “robôs”; ou seja, de indivíduos sem nenhum senso crítico, atitude ou iniciativa. Há ainda aqueles que, temerosos tanto de um quanto de outro, recorrem à permissividade ou ao abandono, gerando jovens sem a menor noção de limites ou respeito. Há ainda os chantagistas e muitos outros.

O prof. Lino discorre sobre o assunto com tamanha nitidez que não me atrevo a me estender mais sobre o assunto. Prefiro indicar a leitura de seu texto, que questiona as artimanhas que muitos pais e professores utilizam para conseguirem momentaneamente o que desejam sem, no entanto, educarem as crianças.

Sugiro então o link http://blogdofavre.ig.com.br/2010/07/deve-ser-aprovado-o-projeto-de-lei-que-proibe-punicao-fisica-a-criancas/ onde o leitor poderá, no início, ler a argumentação favorável à lei e, em seguida, a opinião do Prof. Lino de Macedo. Sem dúvida nenhuma, leitura obrigatória para quem deseja iniciar uma reflexão a esse respeito, revendo seus conceitos e tomando consciência de que a educação (no sentido amplo da palavra) prévia de uma criança é o meio mais eficaz de se garantir jovens e adultos equilibrados e respeitosos.

(*) LINO DE MACEDO é professor titular de psicologia do desenvolvimento do Instituto de Psicologia da USP e membro da Academia Paulista de Psicologia.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A vida não é um serviço “à la carte”

Bom seria se tivéssemos um cardápio de pessoas e de situações as quais gostaríamos que fizessem (ou não) parte de nossa vida; mas, feliz ou infelizmente, não é assim que as coisas acontecem!

Nossa sociedade está cada vez mais egoísta e intolerante. Se pararmos para pensar, não tem havido muita preocupação dos pais ou da escola neste sentido. Isso já era de se esperar, já que não podemos dar aquilo que não temos, infelizmente. Entretanto, se tomarmos consciência, poderemos mudar o rumo das coisas para aprendermos e, consequentemente, ensinarmos!

Quando falo de intolerância, refiro-me principalmente às pessoas que agem como se tivessem um cardápio em mãos, onde podem incluir ou descartar as outras pessoas, além de tentarem montar aquele cardápio do tipo “combo” de batatas fritas e suco! Parece estranho, mas é assim mesmo que acontece!

“Quero esta pessoa, com tais e tais características de personalidade e comportamento, com tais e tais preferências, reações e pensamentos.” O mais engraçado é que justamente as pessoas que agem dessa forma, com o cardápio nas mãos, não imaginam que podem estar fazendo parte também do cardápio de outras pessoas e, assim, serem descartadas ou obrigadas a fazerem parte de um sanduíche “combo”, mesmo que contra sua vontade.

Historicamente, nossa sociedade foi formada pelo que é chamado de “realeza sem nobreza”, o que pode explicar muita coisa! “Levar vantagem” e não se importar com o outro, a valorização do “ter” (trajes ricos, por exemplo) em detrimento do “ser”, sem nenhum sentimento nobre de solidariedade, compromisso, ética ou respeito, por exemplo. Também podemos nos referir ao abuso de poder, chantagem, ameaça do tipo “você sabe com quem está falando?” >>> é o próprio REI sem escrúpulos, sem nobreza de caráter. Respeitar regras e ter respeito então, para os “reizinhos”, nunca foi uma realidade. O problema aparece quando se deparam com outros “reizinhos” – aí vira até jargão humorístico – “To pagando...”

Continuando pela história que não me parece tão antiga assim, chegamos a indivíduos que ainda hoje vivem como se estivessem com um serviço à la carte à sua disposição, incluindo ou descartando pessoas e situações, de acordo com o seu próprio interesse. Sim, interesses geralmente vêm à frente de tudo e de todos!

Será que não estamos educando nossas crianças e jovens do mesmo modo? Estamos ensinando (e aprendendo) a viver e conviver no meio de outras pessoas diferentes de nós, mas que não por isso são melhores ou piores do que nós? Será que temos incluído ou descartado pessoas, em nosso dia a dia, ao nosso bel prazer? É essa sociedade que queremos para nossos filhos? Pessoas rudes, fúteis, sem a capacidade de ter um olhar para o outro, sem enxergar beleza na convivência com a diferença? Até onde vai o nosso direito? Até a hora em que o cardápio se fechar e nos dermos conta de que ficamos de fora, sozinhos, excluídos?

Há sociedades (poucas ainda) modernas e mais desenvolvidas, que se preocupam com a formação do ser humano. Nossa sociedade brasileira está ainda muito primitiva e sofre quem já tem um olhar mais avançado. Quem consegue enxergar beleza, bondade, fraternidade, ética, à frente das “vestimentas da realeza” limita-se, por enquanto, a observar ou a tentar agir em pequenos grupos mais desenvolvidos que justamente irão crescer ainda mais por aprenderem também a conviver com o diferente, em meio a uma sociedade mais primitiva como a nossa. Fica a proposta: Abandonar nossos cardápios seletivos, sermos mais humildes no sentido de respeitarmos os iguais e diferentes, vamos aprender e ensinar a nossas crianças que a vida é muito mais do que as ricas vestimentas de uma realeza sem nobreza que colonizou nosso país!

Pais separados: assunto delicado!


Durante a longa trajetória em educação, nos deparamos com as mais variadas situações familiares, e é com essa base que passo a escrever neste momento sobre um assunto bastante delicado, mas que não pode ser desconsiderado ou tratado como “assunto proibido”. A separação dos pais é uma realidade que não pode ser encarada por nós, educadores, como um “drama” ou com preconceito. Falarei aos pais e aos filhos, então!




Antes de mais nada, mamães e papais, precisamos encarar que a separação é do casal e não dos filhos! É algo natural, muito melhor do que a convivência falsa, hipócrita ou sem respeito do passado! Filhos encarem que a separação é dos seus pais, em nada tendo a ver com vocês! Os filhos não se separam ou perdem seus pais! Vamos detalhar isso tudo?



É bastante comum que os pais, durante o processo de separação ou divórcio passem a falar muito mal um do outro a seus filhos. Consequências? Muitas! A criança pequena que passa por isso reproduz na escola exatamente as frases que ouve em casa, demonstrando o quanto isso mexe com ela, deixa-a abalada emocionalmente, já que está ouvindo coisas horríveis a respeito de alguém a quem ama muito! Se maiorzinho, entra literalmente em desespero ao se sentir “repartida”. Adolescentes que se recordam das brigas, agressões – físicas ou não – falta de respeito, etc. podem se fechar em si mesmos ou, por outro lado, se rebelarem contra o mundo, se afastando de ambos: pai e mãe.



Já o jovem ou adulto carrega consigo todos os traumas do passado e toma para si a dor de um ou de outro, achando que tem a obrigação de tomar partido, de julgar quem é o culpado, etc. Com isso, ocorre o inevitável: distanciamento do pai ou da mãe, conforme o caso.



O pior de tudo é que percebemos uma satisfação embutida no pai ou na mãe, ao ter o filho “do seu lado”, não percebendo que esteve, o tempo todo, usando seu próprio filho como arma de vingançacontra o outro, em uma demonstração de egoísmo covarde, em um jogo para vencedores e perdedores! Covarde sim, pois usar alguém que foi gerado dessa união contra o próprio genitor é, no mínimo, covarde! Para nós, educadores, essa situação, apesar de corriqueira, é inaceitável, pois um pai ou uma mãe que AMA seu filho, jamais faria uso dele para obter qualquer privilégio que fosse, muito menos para “ganhar” o jogo, um jogo que só existe na cabeça dele ou dela...



Obviamente que se houve uma separação, houve atrito anterior. Culpado? Vítima? Ninguém, além do casal, jamais saberá! Um filho jovem ou adulto nessa situação de embate, certamente irá se recordar quase que somente dos atritos, dos constrangimentos e, assim, com o “reforço” negativo do pai ou da mãe, facilmente o filho irá tomar partido, acusar o suposto “culpado”, distanciar-se dele e...



Perdê-lo! Para sempre? Talvez, caso não se dê conta do enorme erro que está cometendo!



Preciso, neste momento, fazer o alerta aos filhos, que não se deixem manipular, que não comprem a briga para si, já que uma história nunca tem um lado só e, além disso, a história não se refere a eles! Ninguém deixa de ser pai ou mãe quando se separa! O laço é eterno! Mas vemos que os filhos se distanciam, os pais se constrangem e os dois lados se afastam, se perdem, sofrem, sofrem muito! No futuro, quando pai e mãe já tiverem se refeito, já tiverem formado outra família, com outro companheiro(a), quem ficou de fora foi o filho! Perdeu seu pai, perdeu sua mãe, você sentirá saudades, verá seu pai, sua mãe já idosos e você terrivelmente arrependido pelo tempo perdido!



É difícil, desagradável a nova situação de ver o pai sem a mãe ou a mãe sem o pai? Sim, evidentemente é bastante estranha e geralmente temos a tendência a rejeitar tudo que é novo, tudo que nos parece estranho, que nos tira da zona de conforto. A rotina é bem mais segura, não? Mas crescer, , encarar a vida de frente dói, mas o resultado geralmente é muito positivo a todos! Muito mais do que viverem separados, privando-se do amor um do outro, por birras que não são suas!



Concluindo, meu recado aos pais que se separam: separem-se única e exclusivamente de seu cônjuge; JAMAIS de seu filho! A distância física de não morar mais na mesma casa pode não significar absolutamente nada se você continuar a conviver, a fazer parte da vida de seu filho, a compartilhar com ele as alegrias, os medos, a novidade e até a estranheza da vida nova! Interessar-se realmente por tudo que acontece com seu filho, mostrar a alegria, o prazer e o orgulho de tê-lo ao seu lado! Ao refazer sua vida, faça questão de compartilhá-la com seu filho! Deixe que ele tenha a oportunidade de conhecer e conviver com seu novo companheiro(a)! Todos sairão enriquecidos dessa experiência! Sem mágoas, sem revanches, sem jogo.



Aos pais que ficaram sofrendo, na separação, apoiem-se sim no alto astral, na força, energia, alegria e mentalidade jovem e sem preconceito de seus filhos! Aproveite isso! Dê a volta por cima, seja positivo ao invés de ficar amargando vingança, que fará mal a você e, principalmente, ao seu filho! É possível e muito prazeroso recomeçar, de cabeça erguida e consciência tranquila!



Haveria muito mais a se dizer, restringi-me às situações mais comuns do dia-a-dia, mas espero que tenha sido importante àqueles que passam por isso e que não têm a noção de como a vida pode ser mais simples! Grande abraço e desculpem-me caso tenha me empolgado, mas é preciso que se fale daquilo que aprendemos com a vida, com o conhecimento de tantos e tantos casos de pessoas que poderiam ter sofrido muito menos, ter aproveitado mais, ter dado a volta por cima, ter aprendido com a própria experiência, ter agido com mais amor e imparcialidade com seus filhos...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Faça o que eu digo E o que eu faço!


Não é de hoje e nem eu sou a única educadora a afirmar que nossas crianças aprendem com os nossos exemplos, com os nossos procedimentos! E mais ainda, durante a chamada 1ª. Infância, que vai até os 6 anos de idade. Pois bem, então a frase que diz “faça o que eu digo, mas NÃO faça o que eu faço” não funciona na educação infantil! Ou seja, aquilo que vemos pais, educadores ou familiares fazendo de errado, anti-ético, inoportuno, será copiado e feito sim pela criança!


Em primeiro lugar, como para a criança o exemplo concreto, visto, vivenciado ou ouvido pela criança é muito mais fácil de ser gravado e é tido para ela como modelo, ela irá reproduzir com certeza! Mesmo que não o fosse, de nada adiantaria dizer “a mamãe faz assim, mas você não!” já que não faria sentido algum! “Porque não posso fazer, se a mamãe faz? Ela é o meu modelo, ela sabe tudo, porque não devo copiá-la? Afinal, em outros momentos, a mamãe olha prá mim e diz “veja como a mamãe faz para que você aprenda!” – interessante, não? Vamos tomar como exemplo a mentira. A criança ouve o pai mentir para alguém e quando o questiona, recebe essa resposta descabida, dizendo que mentiras são para “gente grande”, que sabe quando e como usá-las. É evidente que a criança irá aprender a mentir!

Precisamos começar a levar a educação mais a sério, deixando de delegar somente à escola essa tarefa – até porque a escola exerce uma influência importante sobre a criança, mas em comparação com a influência da família, acaba sendo muito pequena. Educadores nas escolas e todos os outros adultos que convivem com a criança são também responsáveis pela boa formação, evidentemente, mas a família ainda é e sempre será o centro de tudo, o maior exemplo que fará parte das raízes, da construção da base e da personalidade da criança. Vivo no meio da educação há mais de 20 anos e estas observações são produto da vivência com os mais variados casos.

A partir do momento em que decidimos ter um filho, nossa postura passa a ter um comprometimento muito maior do que antes. Não é isso que temos notado. Pais, muitas vezes despreparados para a formação de um outro indivíduo (temporariamente criança, mas rapidamente adulto), agem de maneira irresponsável no sentido da formação moral e ética de seus filhos. Alimentar, vestir e educar não é assumir a responsabilidade pela educação do filho! Educação é muito mais do que isso!

Quando digo “pais”, dirijo-me ainda à família estendida desta vida moderna: babás e avós que “cuidam” das crianças! “Será que essas outras pessoas, que influenciam diretamente meu filho, estão seguindo a mesma linha de educação que nós, pais?” Será que já nos perguntamos isso?

Babás despreparadas e avós que desautorizam os pais são bastante comuns! Até que ponto nos preocupamos em orientar as babás quanto a educação que desejamos para nossos filhos? Afinal, quem de fato acaba criando boa parte das crianças são elas! Quais são os exemplos que a babá irá dar à criança?

Avós que já criaram seus próprios filhos, dificilmente acatam a decisão sobre a educação dos netos e acabam se tornando permissivos ou anti-éticos desautorizando, por exemplo, os pais na frente da criança. Será que os pais têm essa preocupação ou até mesmo abertura com os avós para que sigam também a linha de educação escolhida por eles? A comida não é o único alimento da criança! A roupa não é o único acessório, já que alimento e acessório da personalidade são construídos, dia após dia, durante o desenvolvimento infantil.

Uma avó que critica a nora ou o genro, por exemplo, que mente aos pais para aliviar erros do neto, ou que exige postura rígida dos pais, enquanto a sua mesma é permissiva, deixa a criança confusa e sem respeito ou admiração por seus próprios pais! Familiares que resolvem as coisas no grito estão ensinando a criança a gritar para resolver seus problemas! E pior: depois punem essa mesma criança que só teve como modelo o rancor e o desrespeito!

Soluções? Não há manual de instruções, nem livro de receitas, mas diálogo, respeito, ética podem ser um ótimo começo! Análise crítica da postura assumida até aqui e tomada de decisão: (*) já que a criança será “criada” por babás ou avós, que estes façam parte da decisão quanto a educação dos filhos! (*) como tem sido o procedimento, enquanto pais, com relação a respeito e ética? As ações e reações que tenho mostrado ao meu filho são as mesmas que desejo que ele reproduza? (*) tenho conduzido meu filho (neto, sobrinho, aluno) na direção de uma sociedade ética, justa e respeitosa? (*) quanto tempo do meu tempo eu dedico a me informar e aprender sobre a formação do caráter do meu filho? (*) posso dizer abertamente que desejo que meu filho literalmente “faça o que eu digo E o que eu faço?”

Há uma frase de autor desconhecido que eu quero deixar ao leitor, como convite à reflexão: "todo mundo está pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos. Quando que pensarão em deixar filhos melhores para nosso mundo"?

Voltaremos ao assunto em breve!

domingo, 9 de maio de 2010

Meu filho está rebelde: e agora?


“Estar” é muito diferente de “Ser”! Portanto, para começarmos nosso bate-papo, vamos pensar que uma criança “está” e não “é”, naturalmente, rebelde.
A rebeldia nada mais é do que uma estratégia da criança para conseguir o que quer. Assim como o choro, a chantagem emocional, entre outras. Como estratégia, sabemos não ser justa e muito menos ética. É apelação! Portanto, está nas mãos de todos os responsáveis pela educação da criança, fazê-la compreender que não é atitude correta. O primeiro passo é não ceder à rebeldia! Não se assustar com os gritos, com o fato de se jogar no chão, ou outras atitudes semelhantes. Se funcionar, dificilmente conseguiremos mostrar à criança que deverá extinguir esse comportamento. Quando digo “funcionar”, quero dizer “ceder” à rebeldia, atender aos gritos, choro, escândalo.
É bastante difícil no dia-a-dia, especialmente se a rebeldia já for constante. O ideal mesmo é cortar o mal pela raiz. No primeiro grito, com a criança ainda bem pequena, não ceder a esse apelo nada ético - mas sempre há tempo! Ignorar a atitude imprópria de rebeldia é fundamental! A criança se joga no chão, grita, chora? Apenas garanta que não se machuque e a ignore! Deixe que se acalme e que perceba que não tem sua atenção dessa maneira. Ninguém suporta ficar gritando ou se debatendo no chão sem motivo; ou seja, sem que chame a atenção de ninguém! Num segundo momento, retome, mostrando à criança que o diálogo em tom respeitoso de voz é que fará com que você lhe dispense atenção. Entretanto, mesmo com o diálogo, não ceda aos caprichos se não forem justos! Afinal, espera-se que o adulto tenha discernimento e responsabilidade para usar seu poder de decisão. Lembre-se que o grito é o argumento de quem não tem argumento! Isso, inclusive entre nós, adultos! Quantas vezes não nos deparamos com adultos que utilizam a chantagem, a agressão, o desrespeito, sem nenhum argumento plausível? Cabe a nós, que temos contato com as crianças e que somos, enquanto pais e educadores, responsáveis pela formação da criança, mostrarmos a ela que deverá sempre ponderar muito bem, ser justa, honesta, ética e aí sim acumular argumentos suficientes para defender seu ponto de vista, mas sempre levando em consideração o outro!
Quando digo que uma criança não “É” rebelde, quero dizer que ninguém nasce sabendo utilizar nem essa, nem qualquer outra estratégia para satisfazer suas vontades! Aprende-se! Fica-se rebelde em determinadas situações e, inclusive, com determinadas pessoas! A criança sabe muito bem com quem funciona ou não a rebeldia! Quem tem ou não medo de sua atitude; ou melhor, quem se intimida com seus gritos e escândalos ou não. Vemos isso até mesmo entre crianças muito pequenas com 1 ano de idade! Se corrermos a atendê-la no primeiro grito, automaticamente irá se acostumar a isso, fazendo da rebeldia uma prática constante.
Até aqui, me referi a crianças criadas em famílias ditas “normais”, com rebeldia evidente na primeira infância ou até um pouco mais. Evidentemente que uma criança proveniente de uma família onde vê constantemente seus próprios pais gritando e se desrespeitando, humilhando empregados, brigando com tudo e com todos, utilizando chantagens e outras estratégias egoístas e desrespeitosas, essa criança será sim (e, neste caso, podemos dizer que ela “É”) rebelde, sendo que dificilmente alguém conseguirá que tenha um comportamento diferente em sua vida. Não estou falando também de crianças abandonadas, indesejadas ou mal tratadas. Para todos esses casos, nosso olhar é outro e não vem ao caso neste artigo.
Voltando à nossa criança padrão do texto, uma outra dica é exercer autoridade sobre o filho, sem que seja abuso de poder ou autoritarismo, mas autoridade. Alguém, na família, precisa ser líder da situação, até mesmo porque a criança sente essa necessidade. Então, no caso da criança estar rebelde, o ideal é que se fale firmemente com ela – por exemplo, na hora do banho: “Está na hora do banho, venha agora!” - com o verbo no imperativo, mas com voz branda, respeitosa. Não implore para que a criança tome banho. Ela sentirá sua fraqueza, seu medo em não ser atendido e utilizará a rebeldia com certeza, pois já sabe que irá funcionar! Você deu a deixa ao “pedir, implorar” para que tomasse banho. E aí, quando o adulto percebe que perdeu o controle da situação e não será atendido, acaba por também utilizar os gritos e desrespeito como resposta à criança: a mãe se descabela, grita, diz que não agüenta mais e assume, perante a criança, que não sabe o que fazer e que está mais fragilizada do que a própria criança! Ou então, apela para “comprar” comportamentos adequados ou a bater, etc. Tudo descontrolado, literalmente!
Percebo muito medo dos pais para estabelecerem limites (assunto de outros artigos passados e futuros) ou para assumirem suas lideranças na família – e professores, para assumirem a liderança na escola. De onde vem esse medo? Não faz sentido! Passamos de um autoritarismo absoluto para uma permissividade absurda e muitas vezes fica difícil para a criança saber quem é que sabe das coisas para que ela possa se apoiar, aprender, crescer! Desde que haja respeito, os limites precisam ser colocados! A educação, a formação do ser humano precisa acontecer e isso ainda é tarefa da família, lembrando sempre que todos representam o modelo que será seguido por nossas crianças e que NÃO cabe, em educação, a frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!” Ela fará SIM o que fizermos! A criança aprende e reproduz o que vê, ouve, sente, vivencia! Portanto, vamos enfatizar mais as estratégias de diálogo, respeito, ética, pensar no outro, etc, etc!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Mamãe, Papai, vamos brincar?


Quem, entre os pais, não está habituado a esse pedido das crianças? E o que fazer? Como, quando e quanto brincar com os filhos? “Bastante”, eu diria! Entretanto, “bastante” não significa o tempo todo!


Refletindo um pouco sobre o assunto, chegamos à conclusão que, como quase tudo na vida, o ideal é o meio termo: nem muito e nem pouco! É realmente importante e fundamental que os pais reservem parte de seu tempo para as crianças. O momento da brincadeira, além de lúdico e divertido, se mostra extremamente importante para análise e observação da criança: como ela se comporta perante um jogo, se consegue seguir regras, se pensa a brincadeira com lógica, se consegue focar no objetivo do jogo, se faz o jogo simbólico – atribuir significado a objetos, por exemplo. Como anda a criatividade da criança, a disposição, o equilíbrio, a capacidade de movimentos, enfim, são habilidades e características diversas e variadas, todas observadas durante a brincadeira! Há ainda a oportunidade de proximidade dos pais durante algo que seja do mundinho deles! É o papai e/ou a mamãe participando de seu mundinho, dando importância às suas coisas! Uma relação saudável entre pessoas vem de um compartilhamento de mundos, ideias, gostos e até mesmo de discórdias! Assim se inicia, por exemplo, o hábito de diálogo e envolvimento familiar!

Pois bem, isto posto, vamos falar agora sobre a dosagem desse tempo dedicado às crianças. Ocorre que muitas vezes notamos exagero e preocupação em entreter a criança o tempo inteiro, sem folga, como se o mundo fosse um parque de diversões constante, ou que todas as pessoas que convivem com a criança não tivessem outra coisa a fazer, senão brincar e entretê-la!

Não é por termos nos tornado mães ou pais, que deixamos de ser homens e mulheres, profissionais, que têm amigos, que também gostam de compartilhar e conviver com outras pessoas, ir a lugares apropriados para adultos, etc. Não admitir isso pode levar ao desprazer em estar com a criança. O contato e participação dos pais deve existir, mas por prazer e não por obrigação!

Vem então a questão: como dosar de maneira justa? “Por quanto tempo é necessária minha presença e participação nas brincadeiras do meu filho?” Não existe receita pronta, mas vale lembrar que o bom senso pode ajudar! Afinal, é extremamente importante que a criança aprenda também a se entreter sozinha! A ultrapassar obstáculos e desafios sozinha, a buscar criatividade para esse brincar, a ter seus momentos de concentração ao folhear um livro, por exemplo, ou a fazer um desenho que representa algo importante para ela!

Os adultos, muitas vezes, interferem, fazem as coisas pela criança e tiram dela a oportunidade de fazer por si. “Sozinhos” num parque, por exemplo, terão que fazer amizade, caso queiram se divertir em grupo! Se a mamãe ficar o tempo todo brincando com a criança no parque, ela não precisará sair de seu local confortável e seguro, tendo que ir buscar, sair de si, tornar-se ativo. Permanece confortavelmente brincando com a mamãe e pronto!

No caso de irmãozinhos, se precisarem um do outro para brincar, podem aprender a não resolver as coisas brigando, o que significaria brincar sozinho. Disputando sim, mas com limites que não os levem a agressão ou ao desprazer em estarem juntos.

O ser humano é acomodado e se não for “obrigado” a tomar atitudes, pode ficar comodamente parado em uma determinada situação! As crianças não fogem dessa regra! Precisamos deixá-los crescer, aprender a buscar caminhos, a fazer escolhas desde cedo! O convívio social e a troca entre crianças da mesma idade (ou não) é muito rica para todos! Assim se aprende, assim se cresce!

Na escola, normalmente a criança aprende que tem hora para tudo. Em casa pode e deve ser assim também! Há o momento de brincar com os pais, de se divertir, mas há também o momento de brincar sozinho e deixar que os pais possam, por exemplo, dar atenção a visitas em casa, ou de conversarem sobre seus assuntos, etc. Nos finais de semana é a mesma situação: um pouco de brincadeira e diversão com os pais e outro pouco sozinhos ou buscando companheiros de sua idade.

Os filhos precisam compreender como funcionam as regras sociais desde cedo. As pessoas e o mundo não estão a seu serviço! Eles fazem parte, mas não são o centro das atenções durante 100% do tempo, entre 100% das pessoas!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Irresponsabilidade com os filhos!

Foi este o único título que consegui encontrar para externar o que senti ao presenciar pais permitindo e incentivando a filha de 7 anos a desfilar como rainha da bateria no Carnaval. O fato já aconteceu, nada mais poderá ser feito. Com certeza ela continuará a se expor (ou ser exposta) na quadra da escola em que o pai é presidente e tudo mais. O que me preocupa é que NÃO sirva de inspiração ou exemplo aos outros pais que tomaram ciência do fato! E não estou falando apenas do Carnaval. Estou falando da exposição das filhas, do incentivo à sensualidade precoce, da inversão de valores. Estou falando em irresponsabilidade de pessoas adultas que se dizem PAIS!


Conforme a revista Época: “A menina frequenta a quadra da escola desde os 2 anos de idade, quando o pai assumiu a agremiação. Ela desfila com o pai todos os anos, na frente do abre-alas. Aos sábados, Júlia vai à quadra da escola, sobe ao palco, samba e manda beijinhos para os integrantes da bateria. Em casa, também não para de sambar. A mãe conta que ela assistia à novela Caminho das Índias e imitava as meninas dançando. “A gente imaginava que, quando ela crescesse, seria rainha, mas as coisas acabaram acontecendo antes”, diz a mãe. E ainda: Cabe à rainha apresentar a bateria ao público e servir de inspiração aos ritmistas. “ http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI120230-15215,00-RAINHA+DA+POLEMICA.html

Esses pais não tiveram a menor preocupação com o significado da exposição da própria filha, que já está acostumada a se exibir e a usar a sensualidade! Fará isso com toda a certeza em outros lugares e grupos aos quais venha a pertencer. Os pais pensaram, em primeiro lugar, no diferencial da escola, com a finalidade de surpreender o público e assim, a possibilidade de ganharem o Carnaval. Em segundo lugar e que é o motivo mais comum, pensaram em sua própria vaidade, exibindo a beleza e habilidade da filha a milhões de pessoas, entre elas grande parte de pedófilos, com certeza! Ela assiste novela, mesmo havendo a indicação de ser programa impróprio para a idade! Está tudo errado! Será consciente a atitude dos pais? Não posso acreditar nisso!

Pois bem, escrevo para alertar, assim como no artigo anterior, no qual falei sobre o hábito de dar “selinho” na boca dos filhos, alerto agora para o assunto mais específico da sensualidade, muitas vezes precedida por um consumismo exagerado, presentes em nosso dia-a-dia e não é apenas na TV.

Não temos o direito de abreviar a infância de nossas crianças! Elas precisam da infância para amadurecer – física e emocionalmente, para desenvolver suas habilidades inatas, para acumular experiências e conhecimento que servirá de base para o futuro. Assim como engatinhar vem antes de andar, toda a infância é formada e baseada em etapas que precisam ser seguidas, uma após a outra! Incentivar nossas meninas ao salto alto, uso de maquiagem, roupas ou fantasias provocativas, selinho na boca de papai e mamãe, ter “namoradinho” na escola e tantas outras coisas, atropelam essa infância gostosa, divertida e necessária! Vamos pensar nisso seriamente!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

“Selinho” entre pais e filhos: pode?

Bem, acho que não se trata exatamente de tentar responder a pergunta, mas refletir um pouco para que cada um responda por si, já que é um assunto bastante pessoal.


A relação entre pais e filhos tem se mostrado um tanto confusa nas últimas décadas. Hoje em dia, em muitas situações, praticamente confundimos quem são os pais e quem são os filhos, já que vemos pais jovens, atléticos, atualizados, “modernos” – o que é muito positivo, mas desde que os papéis não sejam confundidos.

“O criador da psicanálise, o austríaco Sigmund Freud (1856 – 1939), retomou o mito grego para definir a tendência compartilhada por todas as crianças: o desejo (inconsciente, que fique claro) pela mãe ou pai (o do sexo oposto) e a eliminação daquele que é do mesmo sexo, considerado rival. Claro que não acontece assim, ao pé da letra. O mito entra aí para escancarar as coisas e permitir que a gente entenda mais facilmente todos esses sentimentos complicados.” - Bianca Molica Ganuza, psicóloga e Christian Ingo Dunker, psicanalista e professor-doutor do Instituto de Psicologia da USP.

Na família existe o papel do pai e da mãe – que, juntos, formam um casal que dorme junto, que beija na boca! O papel dos filhos é outro. São crianças e criança não beija na boca, não dorme na cama dos pais, etc. Não é caretice, nada disso. Trata-se de demarcar esses limites de maneira bem clara. Do contrário, fica difícil definir o papel do adulto e da criança. Para ela, criança, dar o “selinho” é o mesmo que namorar? Sendo assim, vemos as crianças ainda pequenas e já com supostos namoradinhos – e incentivados pelos pais, na maioria das vezes.

Criança não beija na boca. Criança não namora! Criança tem amiguinhos mais chegados ou não. Na escola chegamos a ver crianças novinhas que querem até deixar de brincar com os coleguinhas, para poderem andar de mãos dadas no horário do intervalo, estando com seus (suas) namoradinhos(as). Sentem ciúmes, monopolizam, privam-se da infância, sem nenhuma razão!

Para os pais, evidentemente, é tudo apenas uma brincadeira, mas é preciso que se alerte quanto às conseqüências disso. Uma criança de 2 ou 3 aninhos acostumada a dar o “selinho” em seus pais, a tomar banho junto com o sexo oposto adulto ou a dormir na cama do casal poderá, futuramente, desenvolver o conhecido “complexo de Édipo” (personagem da mitologia grega que se casa com sua própria mãe). Mesmo sem ser tão radical, como é que filhos habituados com o beijo na boca dos pais, conseguirá dizer que para beijar o namorado é preciso estar mais “crescido”? Ou então, os pais continuarão a beijar os filhos na boca, mesmo depois de jovens e adultos?

No caso dos filhos que dormem no meio do casal, desenvolvendo em si o direito de estar lá, como fica o casal? Papai dorme com mamãe, papai e mamãe se beijam na boca como namorados. Filhinho (a) não é namorado e, portanto, não beija igual. Beija no rosto, abraça, acaricia, mas nada que se confunda com o carinho ou com o amor do adulto, do casal. Há uma preocupação muito grande (e justa) dos pais, de se atualizarem, de não se distanciarem de seus filhos, mas isso pode e deve ser feito, sem que se abra mão de seu papel, o papel de pai e de mãe, aqueles que representam o porto seguro aos filhos, aqueles que são “adultos”, que orientam, seguram a barra e que deixam muito bem definida a posição de criança e de adulto na família.



Pode se ter a certeza de que os filhos, no futuro, agradecerão muito a seus pais que não abriram mão do papel com a função paterna – no sentido literal de força, de limite e da função materna – de cuidado, proteção.

Amor entre adultos é diferente do amor pelas crianças, pelos filhos. Portanto, o beijo é também diferente e nem por isso menos carinhoso! Que tal incentivarmos a infância de nossos pequenos? Eles irão amadurecer no tempo certo, não precisamos acelerar nada!