domingo, 9 de maio de 2010

Meu filho está rebelde: e agora?


“Estar” é muito diferente de “Ser”! Portanto, para começarmos nosso bate-papo, vamos pensar que uma criança “está” e não “é”, naturalmente, rebelde.
A rebeldia nada mais é do que uma estratégia da criança para conseguir o que quer. Assim como o choro, a chantagem emocional, entre outras. Como estratégia, sabemos não ser justa e muito menos ética. É apelação! Portanto, está nas mãos de todos os responsáveis pela educação da criança, fazê-la compreender que não é atitude correta. O primeiro passo é não ceder à rebeldia! Não se assustar com os gritos, com o fato de se jogar no chão, ou outras atitudes semelhantes. Se funcionar, dificilmente conseguiremos mostrar à criança que deverá extinguir esse comportamento. Quando digo “funcionar”, quero dizer “ceder” à rebeldia, atender aos gritos, choro, escândalo.
É bastante difícil no dia-a-dia, especialmente se a rebeldia já for constante. O ideal mesmo é cortar o mal pela raiz. No primeiro grito, com a criança ainda bem pequena, não ceder a esse apelo nada ético - mas sempre há tempo! Ignorar a atitude imprópria de rebeldia é fundamental! A criança se joga no chão, grita, chora? Apenas garanta que não se machuque e a ignore! Deixe que se acalme e que perceba que não tem sua atenção dessa maneira. Ninguém suporta ficar gritando ou se debatendo no chão sem motivo; ou seja, sem que chame a atenção de ninguém! Num segundo momento, retome, mostrando à criança que o diálogo em tom respeitoso de voz é que fará com que você lhe dispense atenção. Entretanto, mesmo com o diálogo, não ceda aos caprichos se não forem justos! Afinal, espera-se que o adulto tenha discernimento e responsabilidade para usar seu poder de decisão. Lembre-se que o grito é o argumento de quem não tem argumento! Isso, inclusive entre nós, adultos! Quantas vezes não nos deparamos com adultos que utilizam a chantagem, a agressão, o desrespeito, sem nenhum argumento plausível? Cabe a nós, que temos contato com as crianças e que somos, enquanto pais e educadores, responsáveis pela formação da criança, mostrarmos a ela que deverá sempre ponderar muito bem, ser justa, honesta, ética e aí sim acumular argumentos suficientes para defender seu ponto de vista, mas sempre levando em consideração o outro!
Quando digo que uma criança não “É” rebelde, quero dizer que ninguém nasce sabendo utilizar nem essa, nem qualquer outra estratégia para satisfazer suas vontades! Aprende-se! Fica-se rebelde em determinadas situações e, inclusive, com determinadas pessoas! A criança sabe muito bem com quem funciona ou não a rebeldia! Quem tem ou não medo de sua atitude; ou melhor, quem se intimida com seus gritos e escândalos ou não. Vemos isso até mesmo entre crianças muito pequenas com 1 ano de idade! Se corrermos a atendê-la no primeiro grito, automaticamente irá se acostumar a isso, fazendo da rebeldia uma prática constante.
Até aqui, me referi a crianças criadas em famílias ditas “normais”, com rebeldia evidente na primeira infância ou até um pouco mais. Evidentemente que uma criança proveniente de uma família onde vê constantemente seus próprios pais gritando e se desrespeitando, humilhando empregados, brigando com tudo e com todos, utilizando chantagens e outras estratégias egoístas e desrespeitosas, essa criança será sim (e, neste caso, podemos dizer que ela “É”) rebelde, sendo que dificilmente alguém conseguirá que tenha um comportamento diferente em sua vida. Não estou falando também de crianças abandonadas, indesejadas ou mal tratadas. Para todos esses casos, nosso olhar é outro e não vem ao caso neste artigo.
Voltando à nossa criança padrão do texto, uma outra dica é exercer autoridade sobre o filho, sem que seja abuso de poder ou autoritarismo, mas autoridade. Alguém, na família, precisa ser líder da situação, até mesmo porque a criança sente essa necessidade. Então, no caso da criança estar rebelde, o ideal é que se fale firmemente com ela – por exemplo, na hora do banho: “Está na hora do banho, venha agora!” - com o verbo no imperativo, mas com voz branda, respeitosa. Não implore para que a criança tome banho. Ela sentirá sua fraqueza, seu medo em não ser atendido e utilizará a rebeldia com certeza, pois já sabe que irá funcionar! Você deu a deixa ao “pedir, implorar” para que tomasse banho. E aí, quando o adulto percebe que perdeu o controle da situação e não será atendido, acaba por também utilizar os gritos e desrespeito como resposta à criança: a mãe se descabela, grita, diz que não agüenta mais e assume, perante a criança, que não sabe o que fazer e que está mais fragilizada do que a própria criança! Ou então, apela para “comprar” comportamentos adequados ou a bater, etc. Tudo descontrolado, literalmente!
Percebo muito medo dos pais para estabelecerem limites (assunto de outros artigos passados e futuros) ou para assumirem suas lideranças na família – e professores, para assumirem a liderança na escola. De onde vem esse medo? Não faz sentido! Passamos de um autoritarismo absoluto para uma permissividade absurda e muitas vezes fica difícil para a criança saber quem é que sabe das coisas para que ela possa se apoiar, aprender, crescer! Desde que haja respeito, os limites precisam ser colocados! A educação, a formação do ser humano precisa acontecer e isso ainda é tarefa da família, lembrando sempre que todos representam o modelo que será seguido por nossas crianças e que NÃO cabe, em educação, a frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!” Ela fará SIM o que fizermos! A criança aprende e reproduz o que vê, ouve, sente, vivencia! Portanto, vamos enfatizar mais as estratégias de diálogo, respeito, ética, pensar no outro, etc, etc!

5 comentários:

  1. Giselle, bacana o seu artigo,se a rebeldia é uma forma de manipulação da criança para conseguir sempre o que quer, me pergunto se nós pais somos participantes com eles desse jogo ou se somos os autores, já que os pais tendem a mimar demais seus filhos ( me incluo na lista, já que mimo os meus )e esse nosso comportamento contribui para os gritos, birras e EXIGÊNCIAS das crianças, presenciei uma cena na praça perto de casa, de uma criança de aproxidamamente 5/6 anos exigindo da mãe que ela fosse buscar outro tênis para andar de bike pois o que ela usava não combinava com a biclcleta e a mãe foi, pior, eles moram do outro lado da cidade, mas ela foi.
    Sugiro um artigo sobre isso, porque mimamos demais nossos filhos e porque alguns pais se submetem as exigências ( cada vez mais tiranas ) de seus filhos?
    abraço,
    Paola

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  2. Giselle, muito bacana o texto, e embora minhas filhas já tenham passado dessa fase, é muito importante termos mais informações principalmente vindo de especialistas... afinal ainda espero pelos meus netos não é mesmo rsrs. Parabéns!!

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  3. Paola e Adriana, muito obrigada pelos comentários! Para mim, o principal é ouvi-las e saber se estou conseguindo chegar até vocês, mamães, numa linguagem e assunto que interessem e tragam ao menos as questões à tona para falarmos delas! Grande abraço!

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  4. achei muito legal o que disse,tenho uma filha de seis anos que quer sempre que tudo seja feito a sua maneira.Penso também que tá faltando limites,já apelei pra palmadas,mas ela continua me desobedecendo.Gostaria de mais dicas suas,pois preciso ser mais firme com ela.Desde já agradeço.

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    1. Olá! Obrigada por escrever! Posso sim dar algumas dicas, claro! Me escreva com mais detalhes por email e eu respondo: gisellefernandes2@hotmail.com
      ou via facebook. Grande abraço e obrigada mais uma vez!

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