sexta-feira, 23 de julho de 2010

A vida não é um serviço “à la carte”

Bom seria se tivéssemos um cardápio de pessoas e de situações as quais gostaríamos que fizessem (ou não) parte de nossa vida; mas, feliz ou infelizmente, não é assim que as coisas acontecem!

Nossa sociedade está cada vez mais egoísta e intolerante. Se pararmos para pensar, não tem havido muita preocupação dos pais ou da escola neste sentido. Isso já era de se esperar, já que não podemos dar aquilo que não temos, infelizmente. Entretanto, se tomarmos consciência, poderemos mudar o rumo das coisas para aprendermos e, consequentemente, ensinarmos!

Quando falo de intolerância, refiro-me principalmente às pessoas que agem como se tivessem um cardápio em mãos, onde podem incluir ou descartar as outras pessoas, além de tentarem montar aquele cardápio do tipo “combo” de batatas fritas e suco! Parece estranho, mas é assim mesmo que acontece!

“Quero esta pessoa, com tais e tais características de personalidade e comportamento, com tais e tais preferências, reações e pensamentos.” O mais engraçado é que justamente as pessoas que agem dessa forma, com o cardápio nas mãos, não imaginam que podem estar fazendo parte também do cardápio de outras pessoas e, assim, serem descartadas ou obrigadas a fazerem parte de um sanduíche “combo”, mesmo que contra sua vontade.

Historicamente, nossa sociedade foi formada pelo que é chamado de “realeza sem nobreza”, o que pode explicar muita coisa! “Levar vantagem” e não se importar com o outro, a valorização do “ter” (trajes ricos, por exemplo) em detrimento do “ser”, sem nenhum sentimento nobre de solidariedade, compromisso, ética ou respeito, por exemplo. Também podemos nos referir ao abuso de poder, chantagem, ameaça do tipo “você sabe com quem está falando?” >>> é o próprio REI sem escrúpulos, sem nobreza de caráter. Respeitar regras e ter respeito então, para os “reizinhos”, nunca foi uma realidade. O problema aparece quando se deparam com outros “reizinhos” – aí vira até jargão humorístico – “To pagando...”

Continuando pela história que não me parece tão antiga assim, chegamos a indivíduos que ainda hoje vivem como se estivessem com um serviço à la carte à sua disposição, incluindo ou descartando pessoas e situações, de acordo com o seu próprio interesse. Sim, interesses geralmente vêm à frente de tudo e de todos!

Será que não estamos educando nossas crianças e jovens do mesmo modo? Estamos ensinando (e aprendendo) a viver e conviver no meio de outras pessoas diferentes de nós, mas que não por isso são melhores ou piores do que nós? Será que temos incluído ou descartado pessoas, em nosso dia a dia, ao nosso bel prazer? É essa sociedade que queremos para nossos filhos? Pessoas rudes, fúteis, sem a capacidade de ter um olhar para o outro, sem enxergar beleza na convivência com a diferença? Até onde vai o nosso direito? Até a hora em que o cardápio se fechar e nos dermos conta de que ficamos de fora, sozinhos, excluídos?

Há sociedades (poucas ainda) modernas e mais desenvolvidas, que se preocupam com a formação do ser humano. Nossa sociedade brasileira está ainda muito primitiva e sofre quem já tem um olhar mais avançado. Quem consegue enxergar beleza, bondade, fraternidade, ética, à frente das “vestimentas da realeza” limita-se, por enquanto, a observar ou a tentar agir em pequenos grupos mais desenvolvidos que justamente irão crescer ainda mais por aprenderem também a conviver com o diferente, em meio a uma sociedade mais primitiva como a nossa. Fica a proposta: Abandonar nossos cardápios seletivos, sermos mais humildes no sentido de respeitarmos os iguais e diferentes, vamos aprender e ensinar a nossas crianças que a vida é muito mais do que as ricas vestimentas de uma realeza sem nobreza que colonizou nosso país!

2 comentários:

  1. Ana Lúcia A. Sampaio23 de julho de 2010 às 14:35

    Nossa, muito bom! Concordo principalmente com a parte que se refere ao egoísmo e intolerância das pessoas, o q é cada vez mais freqüente na nossa sociedade. Q terrível é isso!

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  2. É, Aninha, o duro é permanecermos otimistas e acreditando que podemos fazer alguma coisa sobre isso na área da educação! Você me entende, sua mãe fala o mesmo, não é? Brigadaão por participar! Beijo grande!

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