sexta-feira, 17 de julho de 2009

Você deixa seu filho crescer?

Planejando a Educação dos Filhos – IV

“ - É claro que sim! Sempre o incentivei, desde os 2 ou 3 aninhos, a aprender as letrinhas do alfabeto e a escrever seu próprio nome!” – respostas assim são cada vez mais comuns entre os pais mais dedicados e até bem intencionados!
Entretanto, precisamos discutir um pouco a esse respeito e explorar mais a questão, sob o ponto de vista do desenvolvimento integral do ser humano – no caso, a criança!

Ajudar, facilitar o crescimento de uma criança inclui, necessariamente, respeitar todas as suas fases anteriores, para que se desenvolva com base sólida, bem construída, bem elaborada. Saber ler ou escrever precocemente só satisfaz a vaidade dos pais, já que não significa, necessariamente, amadurecimento - de raciocínio ou de coordenação motora fina, por exemplo. Trata-se de “decoreba”, não de compreensão da função gráfica da letra, em termos de representação dos sons falados. Estou usando um exemplo aleatório, como poderia ter escolhido muitos outros. O que interessa neste momento é falar que muitas vezes os pais invertem a importância do desenvolvimento das habilidades e capacidades das crianças, sem o saberem!

Se por um lado notamos o desejo dos pais de um amadurecimento precoce da criança, por outro – e cada vez mais – notamos uma infantilização exagerada, mostrada na super proteção dessa criança! Essa atitude SIM é que não permite que a criança cresça, se desenvolva naturalmente!

Os filhos não nascem com manual de instruções, isso é verdade, mas com um pouco de sensibilidade e atendendo aos pedidos da natureza, podemos perceber muita coisa! A criança manifesta vontade de escovar os dentes ou de tomar banho sozinha? Acredite nela, mostre a ela sua confiança e, depois, dê um “brilhinho” especial nos dentinhos, faça um carinho com a esponja para terminar o banho, qualquer coisa que garanta a eficiência necessária, mas que não a desencoraje de ter cuidado consigo mesma ou de ter o prazer de realizar algo por si própria!

A criança quer brincar no parquinho e os pais, por medo exagerado, não permitem! A gangorra é perigosa, o escorregador inseguro, o gira-gira pode dar náuseas... a areia é suja e por aí vai! Com todos os cuidados tomados, deixe que seu filho brinque, explore, desfrute, conheça estes e muitos outros brinquedos! Antigamente, as crianças subiam em árvores e a mãe nem ficava sabendo... qual é o problema se cair e ganhar um galo na testa, ou arranhar o joelho, voltar sujo para casa ou até mesmo torcer um braço? Tudo tem conserto; o que não tem conserto é a infância roubada! Se seu filho já tem idade para playground, deixe que vá! É assim que se conhece o mundo!

Nossa obrigação como pais é de apresentar o mundo a esses pequenos! Mostrar tudo, passear muito, conversar sobre todos os assuntos apropriados para cada idade e sem infantilização. Desde Zoológico até cinema, desde o porque de não arrancar folhas de uma árvore até o respeito pela natureza, simplesmente tudo que está nesse mundinho ao qual ele pertence! O conhecimento amadurece, a vivência traz experiência de vida! Não temos o direito de, ao colocá-los no mundo, deixá-los “bitolados” e eternos bebês – crescidos ou não.

Por incrível que pareça, muitos pais demonstram um certo prazer na dependência da criança por eles. Isso é loucura! Ser dependente é muito ruim para a criança, que será privada de conviver com outras pessoas, de explorar o mundo e fazer descobertas, de sentir o prazer de tentar, analisar, conhecer o novo, criar soluções próprias e comemorar suas conquistas! Se fizermos tudo por ela, porque se esforçará? Se o mundo gira e acontece, independente da atitude dela, porque sair do confortável “colinho da mamãe”?

Suportar frustrações, ter que lutar para conseguir o que deseja, ter consciência de que não se nasce perfeito e que a busca por ser sempre melhor depende exclusivamente de cada um, tudo isso faz crescer, prepara para a vida jovem e adulta.

Uma coisa é fato: na maioria dos casos de excesso de infantilização, temos pais super protetores, que resolvem simplesmente tudo pelas crianças! A culpa que a mãe sente por trabalhar fora e deixar o filho com uma babá ou com os avós, por exemplo, pode ser um dos fatores desta inversão moderna na educação. Ao invés de culpa infundada, utilize os momentos preciosos para estar e educar seu filho. Afinal, trabalhar e estudar são exemplos que todos queremos que nossos filhos sigam... ou não? Se tiverem pais culpados por isso, estarão ligando a culpa e a chateação ao estudo e ao trabalho. Isso, se não passarem a ser “tiranos” e utilizarem esse fato para conseguirem o que desejam!

Resumindo, vale a pena lembrar que o filho não é um bonequinho que deve estar sempre “funcionando direitinho”, perfeito, deixando seus pais sempre cheios de orgulho ao exibi-lo. O filho é a maior responsabilidade que temos em mãos e que o seu futuro depende fundamentalmente do modo como o deixarmos crescer e aí sim será motivo de orgulho por termos desenvolvido um ser humano seguro, bem resolvido e responsável, capaz de atuar positivamente na sociedade!

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