segunda-feira, 20 de julho de 2009

Onde está a "Cultura Popular" nas cidades brasileiras?

Por ser um assunto "ainda" muito atual, reproduzo aqui um artigo escrito o ano passado, por ocasião das eleições. Esclareço ainda que não se refere apenas à cidade de ITU, mas à maioria de nossas cidades brasileiras... Vale a reflexão!

Estamos em pleno período pré-eleitoral e, portanto, de muito blábláblá acerca de promessas, projetos, intenções, etc. Entretanto, há anos não vejo projetos significativos, constantes e de grande abrangência no que se refere à ociosidade de crianças e jovens que não têm condições financeiras de pagarem cursos – tanto de diversão e cultura geral, como profissionalizantes.

O que temos visto ultimamente é crescer essa ociosidade e, com ela, atitudes agressivas e inconvenientes como, por exemplo, o aumento das pichações, skates destruindo nossas praças, flanelinhas por todo o lado, guardadores de carros, pedintes e toda sorte de “dolce far niente”. Então, que se aumente o policiamento, a repressão! Que se tire essas crianças e jovens das ruas... E os coloca aonde?

Como lidar com a revolta natural e conseqüente “resposta” deles a essa sociedade que seleciona e elimina aquilo que não lhe agrada? Parece-me tão clara a solução, que chega a ser ingênua: que a Prefeitura, através de convênios com a iniciativa privada (indústria, comércio e serviços) ofereça cursos, campeonatos, eventos direcionados para esses jovens e crianças! Mas que sejam direcionados a eles, não a uma elite que já freqüenta normalmente todo tipo de reunião cultural, que pode pagar por seus cursos, vai ao cinema, participa de campeonatos de academias e pratica esportes nos clubes.

Do que é que “eles” gostam ou necessitam? Sim, porque não podemos escolher eventos que satisfaçam a nós, a nossa necessidade. Não podemos perder o foco! Que tal um campeonato de skate ou futebol no Estádio Municipal? Vamos retomar o PET – Programa Estudantil de Teatro – e as aulas de dança da Casa da Cultura? Grafitagem em locais apropriados é um exemplo de arte magnífica – mas que não seja em nosso “Becão”, em pleno Centro Histórico, é claro! Festival de Música na Praça da Matriz? Hip Hop, Street Dance, Rap... Tudo organizado, com professores, horários e locais apropriados! Por que não? Evidentemente que para os patrocinadores não custaria nada acrescentar um lanchinho e até mesmo transporte gratuito.

Vale salientar que não adianta, não faz diferença, não resolve fazer um curso hoje e outro no ano que vem, não funciona atingir a meia dúzia de crianças ou jovens só para dizer que se está oferecendo, mas que não há adesão! A persistência e a divulgação é que irão fazer com que mais e mais jovens queiram participar!

Há algumas ONG’s fazendo um belo trabalho, mas estou falando de algo muito maior e mais abrangente! É a cidade toda; são cursos, eventos, campeonatos, festivais, um em seguida do outro, como rotina normal da cidade. A Biblioteca Comunitária “Prof. Valdir de Souza Lima” vem fazendo um trabalho exemplar, através de jovens idealistas reunidos em sua diretoria e apoiados por alguns patrocinadores, todos em torno de um mesmo objetivo: o de oferecer cultura gratuita, atraindo assim as pessoas a um espaço aonde a cultura não é elitizada e, assim, cultivando a simpatia por uma Biblioteca! O próximo evento deles será, por exemplo, a 1ª Mostra Cultural de Hip Hop de Itu! E porque não Hip Hop? Já fizeram vários saraus literários e musicais, mostra de fotografia, de arte enfim, de tudo um pouco e estão com a Biblioteca há menos de 6 meses!

Como controlar a violência? Que tal investirmos todos juntos num trabalho de prevenção tendo, como retorno, o orgulho de estarmos numa cidade que se preocupa com o real desenvolvimento de seus jovens e de seu futuro, formando cidadãos muito melhor preparados para a nossa sociedade?

Finalmente, deixo a pergunta em aberto: onde está a cultura em Itu?

Nenhum comentário:

Postar um comentário