quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A criança, em casa, precisa de família!

São muitos os pais que frequentemente nos consultam para saber qual atitude tomar diante de seus filhos, em casa, a partir do momento que passam a freqüentar a escola. A dúvida geralmente acontece com pais de pré-escola e de séries iniciais do Ensino Fundamental. A resposta é bastante simples: “Sejam pais! Mais Nada!”

Explicando melhor: à escola e professores cabe a tarefa de ensinar, corrigir, avaliar. Aos pais cabe a tarefa de incentivar, acompanhar, gerenciar, criar ambiente favorável. Parece simples, mas não é!

No dia-a-dia da escola, enfrentamos diferentes tipos de situações: a dos pais totalmente ausentes e que consideram que a criança está na “escolinha”, que é muito pequeno para aprender,etc. Acabam, assim, minimizando a tarefa de profissionais que se dedicam àquilo que representa a base fundamental que garante os próximos anos de escolaridade da criança. Consequentemente, as crianças também não levam a sério, faltam muito, estão sempre atrasadas, não são organizadas, esquecem material em casa, não se dedicam, não fazem as tarefas com capricho, não participam da aula, brincam o tempo todo e, por fim, comprometem seu próprio aprendizado e desenvolvimento cognitivo, social e emocional.

Um outro tipo bastante comum de pais, refere-se àqueles que querem reforçar o aprendizado da criança, em casa. Escolhe atividades extra, faz perguntas que a criança não está preparada para responder fora de seu ambiente, fazendo com que se sinta insegura e colocada contra a parede. Exercícios a mais, só fazem com que a criança vá para a escola já cansada, entediada, sem vontade, sem concentração, muitas vezes pensando em tudo que gostaria de estar fazendo ao invés de estar na escola. Conclusão: a escola se torna o local da rebeldia, o local em que, longe dos olhos dos pais, pode extravasar sua energia, já que em casa ficou também estudando.

Além disso, há aqueles que fazem as tarefas pelos filhos, sob um disfarce de “estarem ajudando”. Isso é muito prejudicial, já que para o professor na escola, se a tarefa chega certinha, ele não tem como saber que a criança não estava em condições de realizá-la sozinha, evidenciando uma aprendizagem incompleta e insuficiente.

A criança precisa aprender na escola. É lá que está o especialista em educação, responsável por isso. Se não aprendeu, o bom professor precisa saber e investigar as causas da falha: se é com a classe toda, se é metodologia ou conteúdo inadequados, se há algum déficit com a criança etc. Se estiver sempre tudo certinho, é como o analgésico utilizado para baixar a febre e que, usado continuamente, pode estar mascarando uma infecção!

Bem, mas qual a saída? Como devem agir os pais? Refiro-me aos pais, mas me dirijo também aos avós ou babás; ou seja, a quem cuide da criança em casa:


• Para a realização das tarefas, garantir ambiente silencioso, bem iluminado e arejado. Confortável também, é claro!
• Demonstrar interesse e dar uma olhada na tarefa, fazer comentários e mais nada. Ajudar a ler ou interpretar um enunciado e pronto. O resto é com a criança.
• Após realizada a tarefa, checar se realmente foi feita por inteiro, se não ficou faltando nada.
• No caso de pesquisa, auxiliar na busca – dicionário, livros ou internet, mas não incentivar simplesmente cópias. Garantir que haja leitura e entendimento.
• Nas séries iniciais e principalmente na pré-escola, geralmente a lição de casa é solicitada unicamente para criar o hábito de estudo em casa ou, no máximo, para exercitar o que já foi aprendido. Normalmente essas tarefas não representam avaliação da criança. É um hábito que será repetido pelo resto da vida - tanto de estudante, quanto de profissional.

Para o dia-a-dia:

• Ler muitos e muitos livrinhos infantis, adequados à criança. O hábito de leitura começa desde cedo! Se a criança já souber e quiser ler, seja um ouvinte atento, valorize a leitura. Tenha paciência!
• Oferecer jogos e brinquedos adequados também à faixa etária e dar preferência absoluta àqueles que precisam da criança para brincar. Brinquedos que brincam sozinhos são até bonitinhos, mas não estimulam nenhuma habilidade da criança, a não ser a visual ou auditiva. Prefira os pedagógicos!
• Dançar, cantar, brincar, com músicas infantis! É divertido e extremamente educativo!
• Sugerir brincadeiras ou jogos que façam com que a criança se exercite. A vida sedentária é vista também entre as crianças, acostumadas a horas e horas em frente à TV ou vídeo game.
• Ser sempre um perguntador, um motivador que leve a criança a observar o mundo à sua volta, a tecer comentários, a resumir fatos ocorridos, etc.
• Lembrem-se: na hora dos jogos, sigam as regras. É extremamente importante que a criança aprenda a interpretar as regras e a segui-las, como se faz com o enunciado de uma questão de matemática, por exemplo!

Finalizando, papais e mamães que trabalham fora, não se culpem por não acompanharem a realização da lição de casa. Como se vê, há maneiras possíveis de se fazer presente, sem estar literalmente sentado ao lado da criança nesse momento! Aproveitem seu tempo livre! Brinquem, divirtam-se com seus filhos! É muito simples serem pais “educativos”, sem tomarem o lugar dos professores! A criança, em casa, precisa de FAMÍLIA!

Um comentário:

  1. Muito bom! Também concordo e completo: A criança, em casa, precisa muiiito da FAMÍLIA!

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