domingo, 27 de julho de 2014

Experiência da emoção


Primeiro dia de aula: eu, a professora, suando bicas na sala apertada da escola. Não podia me esquecer que tinha me preparado muito para aquele dia. Giz na mão, apagador de prontidão, tento desenhar alguns “rabiscos” na lousa para exemplificar a lição que deveria ser estudada naquele bimestre. Sentia uma excitação naquele momento ,mas, será que os alunos iriam gostar da aula?? Será que iriam se identificar , e pensando mais além, ficariam felizes por estar ali??
Tento não me deixar levar pelas emoções e começo a desenhar... Lembrando das cores que o homem primitivo usava para desenhar na parede das cavernas: vermelho, amarelo... Em vez do preto uso o branco. O desenho acontece tranquilamente, prontamente indicado na superfície lisa da lousa. Os alunos começam a se agitar e, então, descubro que eles não têm lápis. Ainda suando muito, corro na secretaria da escola e consigo uma caixa cheia de lápis, todos muito usados. Coloco em cima da mesa e me volto à lousa para continuar “ meus desenhos rupestres”. De repente, outro burburinho - um garoto me conta que os lápis estão sem pontas. Peço, agora um pouco nervosa, que peguem a caixa e apontem seus lápis - escuto então a caixa cair ao chão e os lápis se esparramando pela sala; não ligo, acredito que os alunos estão tentando me provocar, pois, perceberam que eu estava nervosa. Apago novamente os desenhos, peço que os alunos copiem e começo tudo do “zero” - os alunos reclamam. Por alguns instantes, deixo-me levar por aqueles símbolos oníricos e tento entender porque os antigos os desenhavam... Provavelmente queriam dizer algo: - Será que queriam expressar suas emoções?? Não, não foi isso que aprendemos na universidade. Ufa! Não consigo mais enxergar a sala, estou vidrada nos desenhos, porém, fico feliz quando olho e vejo uma garota desenhando em seu caderno. Enquanto isso, continuo a colorir os contornos na lousa, afinal, assim eram as pinturas rupestres. Depois de alguns minutos, percebo que a classe não olha mais para mim... desvio meu olhar como que numa tentativa de retomada orgulhosa e resolvo virar para trás. Fico perplexa! Todas as paredes da sala estão desenhadas e rabiscadas, símbolos estranhos, tais como garatujas, marcas e mapas.Rabiscos de todos os tamanhos. Olho para o chão e vejo vários lápis espalhados, um “canetão” e um batom _ os contornos muito fixos, marcados contra a textura da parede. Ainda perplexa com o ocorrido, escuto a voz do garoto dizendo: - Professora, agora entendi o que significa a Arte Rupestre!!!! Emoção da experiência ...

Texto de uma amiga/Educadora dedicada, comprometida e apaixonada pela arte de ensinar/aprender.

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